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4 animes com protagonistas meninas para assistir na temporada de inverno de 2018

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A produção de animações seriadas no Japão é dividida em temporadas que coincidem com as estações do ano: inverno, primavera, verão e outono. A cada temporada, dezenas de animes são lançados. Há produções de todos os tipos e para todos os gostos: aventuras, romances, fantasia, ficções científicas, entre outros estilos. Para mim, o gênero nunca foi muito importante, basta me envolver com os personagens e me encantar com a atmosfera criada, que estou dentro. Durante a primeira temporada desse ano (de janeiro a março), assisti a vários animes dos gêneros mais diversos, mas os destaques foram, para minha alegria, as séries protagonizadas por meninas.

Para quem gosta de animação japonesa e procura algo recente para assistir que dê destaque às personagens femininas, aqui vão as minhas sugestões:

Cartaz de Sora yori mo tooi basho

A place further than the universe (Sora yori mo tooi basho)

Um anime pelo qual ninguém tinha grandes expectativas, mas que acabou entrando na lista de favoritos da temporada. Para mim, uma das melhores séries dos últimos tempos.

A place further than the universe conta a história de quatro meninas, estudantes do ensino médio, que desejam participar de uma missão civil japonesa na Antártica. Sem dúvida, é uma premissa original e que pode se desenvolver de várias formas. Fiquei temerosa de que fosse um daqueles animes que não chega a lugar nenhum, nada é conquistado, mantém-se o status quo. Felizmente não é esse o caso. A série tem um enredo simples, que segue com razoável fidelidade a fórmula da narrativa de viagem, abordada em tantas outras obras.

Mari Tamaki, conhecida como Kimari pelos íntimos, é uma estudante do segundo ano do ensino médio que quer aproveitar a sua juventude experimentando coisas novas e conhecendo novos lugares. No entanto, toda vez que se propõe a fazer algo desse tipo, acaba amarelando. Ela ouve falar de uma menina da mesma escola, Shirase, que sonha em viajar para a Antártica e é ridicularizada pelos seus colegas. Kimari fica fascinada pela determinação de Shirase, tão diferente dela e, impulsivamente, resolve se juntar a ela nessa jornada. Logo encontram outra interessada, Hinata, uma colega de trabalho de Kimari na loja de conveniência. Por último, une-se ao grupo Yuzuki Shiraishi, uma jovem que trabalha no show business desde pequena.

Acompanhamos as quatro meninas, que não se conheciam antes de se envolverem nessa aventura, e como elas vão criando laços entre si. A cada dificuldade, o relacionamento delas fica mais forte. Quando uma não está bem, as outras a apoiam. Essa é uma história sobre experimentar coisas novas, sobre crescer, sobre luto, mas principalmente, sobre a amizade das garotas.

Além de todas essas razões para assistir, ainda apresento mais uma: a série é dirigida por uma mulher, Atsuko Ishizuka, o que é extremamente raro nesse mercado.

Cartaz de Violet Evergarden

Violet Evergarden

Para quem deseja assistir uma série mais dramática, com pitadas de ação, Violet Evergarden é uma boa pedida.

A história se passa em um mundo fictício, que mistura referências de épocas diferente, em um cenário europeu. Violet é uma moça que foi criada para servir como uma arma de guerra. Com impressionantes capacidade físicas e nenhuma compreensão dos sentimentos humanos, ela é acolhida pelo Major Gilbert Bougainvillea em meio a uma grande guerra. Sua vida se resume a seguir suas ordens dentro do campo de batalha. Tudo muda, no entanto, após o fim do conflito.

Violet desconhece o paradeiro do Major, mas lembra das suas últimas palavras. Palavras que ela não compreende devido a sua completa falta de inteligência emocional (“inteligência” como uma habilidade aprendida, não como uma capacidade nata). Sozinha e sem ordens para cumprir, Violet sai em busca do significado daquelas palavras. Para isso, ela decide trabalhar como uma auto memory doll, que são mulheres que escrevem cartas para quem não sabe ou não consegue se expressar. A característica de uma auto memory doll exemplar é a empatia. Deve ser uma pessoa que consegue compreender e expressar as emoções das outras quando nem elas próprias entendem o que sentem. Violet acredita que ao entrar em contato com os sentimentos dos outros, ela poderá, enfim, entender os sentimentos do Major e também os seus.

A primeira questão que chama atenção em Violet Evergarden é a animação – digna de cinema. Para aquelxs que têm amor por essa técnica, a série já valeria a pena só por isso. A arte dos cenários é maravilhosa e a trilha sonora é belíssima. O único aspecto técnico passível de crítica é o design do figurino de alguns personagens que beira o bizarro. Uma das colegas de trabalho de Violet, Cattleya, usa roupas tão decotadas e curtas que fazem com que destoe totalmente do resto do elenco.

E quanto a história e personagens?

Bom, admito que demorei para me afeiçoar a ambos. Em alguns momentos, a série beira o melodrama, em outros, a história simplesmente perde o gás. Além disso, a premissa (muito comum na animação japonesa) de homem-mais-velho-encontra-menina-que-não-entende-nada-do-mundo é bastante problemática por várias razões, mas, especialmente, porque, geralmente, mistura uma relação de pai e filha com uma relação romântica. Duas dinâmicas de poder que deviam ser muito diferentes.

Em Violet Evergarden, ainda adicionam-se as camadas de relação entre mestre e serva (Violet foi criada para cumprir ordens) e a relação entre oficial militar e sua subordinada. Felizmente, a série não se resume ao relacionamento de Violet e Gilbert (mesmo esse ainda sendo o fio condutor). No decorrer da história, Violet começa a entender melhor tanto os seus sentimentos quanto os dos outros, e isso se dá através do seu próprio desejo de aprender, de entender o próximo. Com isso, ela ganha as ferramentas necessárias para se emancipar. Ela não é mais uma boneca, uma arma ou um instrumento que outros podem utilizar como bem entender.

A estrutura narrativa de Violet Evergarden é, na maior parte do tempo, episódica. Algumas histórias são melhores que outras. Muitas abordam, pelo menos superficialmente, os papéis de gênero, mas não há muita crítica e, em alguns momentos, os estereótipos são mais reforçados do que combatidos. Às vezes, o anime chega a entrar em “territórios perigosos”, como, por exemplo, quando aborda o relacionamento amoroso entre uma menina de 14 anos e um homem de 24, sem questionar as disparidades inerentes dessa relação. De forma geral, as personagens femininas apresentadas são exatamente o que esperam que sejam. Por contraste, Violet é quase “revolucionária”, simplesmente porque ela não parece dar a mínima para o que esperam dela como mulher.

No final das contas, além de ser belíssimo tecnicamente, o anime me cativou com o desenvolvimento genuíno de sua protagonista. Inicialmente apresentada como semelhante a um robô, eficiente, submissa e insensível, Violet se torna uma mulher dona de seu próprio destino. Além disso, ela dá uma surra em um monte de homem, o que sempre vale a pena assistir.

O anime é uma adaptação da série de light novels (romances ilustrados geralmente no estilo anime/mangá, compilados de folhetins de revistas ou sites na internet) da autora Kana Akatsuki, ilustrados por Akiko Takase (também mulher).

Um alerta: caso se incomode com sangue e violência, pense duas vezes antes de assistir. O anime não é muito violento, mas aborda a guerra e as várias formas que a humanidade encontrou de matar uns aos outros.

Cartaz de Yuru Camp

Laid-back camp (Yuru camp △)

Se está procurando alguma coisa relaxante para assistir, você acabou de encontrar!

A série acompanha um grupo de estudantes que adora acampar, principalmente a partir do outono, quando o clima no Japão começa a esfriar e os campings ficam mais vazios.

Nadeshiko acabou de se mudar para Yamanashi, uma cidade próxima ao famoso Monte Fuji. Ela resolve visitar um ponto onde a vista da montanha é linda, mas acaba cochilando no caminho. Quando finalmente acorda, já está completamente escuro e ela não encontra o caminho de volta. Sozinha,  à noite em um lugar deserto e morta de fome, Nadeshiko conhece Rin, uma menina da mesma idade que gosta de acampar sozinha. A partir desse encontro nasce a vontade em Nadeshiko de acampar também. Na nova escola, ela conhece duas colegas com os mesmos interesses, Aoi e Chiaki. A história acompanha o dia a dia dessas garotas.

Esse anime é um típico pertencente ao subgênero cute girls doing cute things (traduzindo, “garotas adoráveis fazendo coisas adoráveis”). Isso significa que a série não tem um enredo dramático nem um foco muito grande na comédia, mas simplesmente acompanha o cotidiano das personagens. Esse tipo de anime pode acabar se tornando entediante e repetitivo, mas não é o caso em Laid-back Camp (a não ser que você seja o tipo de pessoa que precisa de muita adrenalina em seus desenhos, nesse caso, ignore esse texto todo). As meninas têm uma boa química, principalmente Nadeshiko e Rin.

Rin, dentre as personagens, é uma das que mais se destaca. Ela é a menina quietinha do anime, mas a personagem não se resume a isso. A série dedica um bom tempo demonstrando o prazer da garota em acampar sozinha, desde a viagem (de bicicleta ou lambreta), passando pela comida que ela escolhe cozinhar, até aos equipamentos que ela adquire para o seu hobby (trabalhando meio período). Ela é independente e autosuficiente. Com o passar dos episódios, Rin descobre que acampar com as amigas também pode ser legal, mas  não perde o gosto pela versão solo da atividade.

Um último aviso, o anime possui um grau pequeno de fanservice (sexualização das personagens).

Cartaz de Card Captor Sakura: Clear Card.

Cardcaptor Sakura: Clear card

Uma boa opção para os nostálgicos.

Cardcaptor Sakura: Clear card é uma continuação do anime Cardcaptor Sakura que foi exibido no Brasil pela primeira vez pelo Cartoon Network no ano 2000.

Nesse anime Sakura está entrando em uma nova fase da sua vida escolar. Ela faz novos amigos e reencontra antigos, entre eles, Syaoran, o garoto que gosta, que retorna para Tomoeda de Hong Kong. A normalidade do seu cotidiano é quebrada quando ela descobre que todas as suas cartas mágicas (capturadas na série anterior) ficaram transparentes e inúteis, ao mesmo tempo que novas cartas aparecem causando confusão pela cidade. Agora Sakura terá que não só capturá-las, como também desvendar quais são as forças que estão por trás das novas atividades mágicas ao seu redor.

A série segue uma fórmula muito parecida com a de sua antecessora. Em cada episódio, algo fora do comum acontece e Sakura captura uma ou duas cartas, ganhando assim novas habilidades que serão úteis nos episódios seguintes. Outros traços típicos do original foram mantidos: Sakura continua tendo sonhos proféticos e “misteriosos”, Tomoyo, a melhor amiga de Sakura, ainda faz fantasias extravagantes para a menina usar em suas aventuras, a atmosfera permanece alegre e doce, o estilo dos desenhos continua adorável e cheio de rococós.

Cardcaptor Sakura: Clear card, assim como o seu predecessor, é uma adaptação do mangá de mesmo nome do grupo de quatro artistas (todas mulheres) CLAMP. O argumento e o roteiro do anime é da Nanase Ohkawa, integrante desse grupo.

Considero essa uma boa opção para aquelxs que tem um carinho especial pelo desenho original. Para quem não o assistiu, vale a pena começar pelo anime mais antigo e depois assistir a sequência. Lembrando que esse é um desenho que tem como público alvo o infantil, então não agradará os intolerantes à glicose.


Violet Evergarden pode ser assistido com legendas em português na Netflix. Todos os outros animes citados estão disponíveis com legendas em português no Crunchyroll, uma plataforma de distribuição de animação japonesa.

Sem dúvida essa última temporada trouxe muitos animes interessantes com protagonistas meninas ou mulheres. Vamos torcer para que a temporada de primavera, que começou neste mês de abril, não decepcione!

Por Barbara Alpino

Connoisseur de cultura pop japonesa, adoradora de gatos e colecionadora de vestidos. Ama desenhos e sonha em escrever uma saga de fantasia.

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