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Personagens lésbicas e bissexuais: representação e visibilidade importam sim!

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personagens lésbicas: Você nem imagina
Você nem imagina

Agosto é o mês da Visibilidade Lésbica, tendo duas datas marcantes no seu calendário: dia 29 é comemorado o Dia da Visibilidade Lésbica e Bissexual. Em 2018 contamos brevemente a história dessa segunda data e fizemos uma lista com casais de mulheres de seriados para quem gosta de shippar e se encanta com o romance nas narrativas.

Em 2020, quando a data comemorativa completa 24 anos, aumentamos essa lista. Acrescentamos aos casais previamente indicados algumas personagens lésbicas e bissexuais fortes, poderosas e bem construídas. Que mostram que essas mulheres podem ser protagonistas, que devem receber destaque nas narrativas e que merecem ser retratadas em toda a sua complexidade e diversidade.

Aqui constam apenas algumas, dentre filmes e seriados, mas sabemos que existem diversas personagens maravilhosas que merecem ser citadas. Você adora alguma e acha que ela poderia entrar nessa lista? Conta para a gente! Adoramos conhecer personagens femininas incríveis e atualizar nossas listas e repertórios!

Contém alguns spoilers. Afinal, nem sempre se sabe a sexualidade da personagem desde o início.

Amy – Fora de série

personagens lésbicas: Amy em Booksmart

Amy é uma das protagonistas do filme Fora de série (Booksmart), dirigido por Olivia Wilde. Ela é inteligente, estudiosa e tem um futuro brilhante pela frente. Ao terminar o colégio, irá para a África trabalhar em um projeto de produção de absorventes para moradoras de comunidades locais. Amy tem uma melhor amiga há anos e as duas são bem próximas, com muitas piadas internas e tradições. Ela é lésbica e saiu do armário há alguns anos, o que é tratado com muita naturalidade pelos pais, pela melhor amiga e pela comunidade escolar. Dessa forma, o filme ultrapassa a questão do segredo e da revelação, que é o principal foco em muitas obras que têm personagens LGBTQIA+, e parte para outros pontos menos abordados.

Com o término do seu último ano no ensino médio e a proximidade da formatura, ela e a melhor amiga estão decididas a viver experiências que deixaram de lado ao longo dos anos anteriores por se concentrarem demasiadamente nos estudos. Enquanto Molly deseja ir a uma festa e se divertir sem preocupações, Amy enfrenta o fato de nunca ter beijado. Com uma crush platônica, ela se preocupa em como saber se a garota gosta de mulheres ou não e, por não ter experiência, receia não saber como agir quando chegar o momento do beijo e do sexo.

É interessante assistir a um filme de high school com esse respiro narrativo. Afinal, essa é uma das categorias de filmes mais conhecida e majoritariamente marcada por estereótipos, heteronormatividade e, muitas vezes, besteirol. Fora de série é leve, divertido e, apesar de centrado em adolescentes vivendo experiências de certa forma estereotipadas, é uma obra sobre meninas empoderadas, inteligentes e independentes. É especialmente um filme sobre amizade e apresenta uma personagem lésbica em posição de protagonismo de forma super natural e passando por vivências típicas de adolescentes.

Ellie Chu – Você nem imagina

Ellie é uma adolescente tímida, deslocada e sem muitos amigos. Ela tem talento para a escrita, o que a leva a criar seu próprio negócio como redatora dos trabalhos dos colegas. Ou seja, recebe dinheiro para realizar redações pelos outros. É dessa forma que conhece Paul, um aluno que está apaixonado e não tem coragem de se aproximar do seu interesse amoroso. Ele paga por cartas que o aproximem de Aster Flores.

Mal sabe ele que Ellie também é apaixonada por Aster, o que torna as cartas e declarações um trabalho pessoal e adiciona confusão a algo que deveria ser apenas uma transação comercial.

Ao longo da trama, Ellie tem a oportunidade de se aproximar tanto de Paul quanto de Aster, o que quebra seu isolamento e a ajuda a viver tanto amizade quanto as emoções de um primeiro amor. Esse último sendo desenvolvido com ingenuidade, idealização, confusão e doçura, o que um amor adolescente normalmente envolve.

Mia e Izzy – Little fires everywhere

personagens lésbicas: Little Fires Everywhere

A série Little fires everywhere se passa na década de 90 e é focada na relação entre duas famílias. Uma delas é chefiada por Mia, uma artista e mãe solo que se muda constantemente, nunca ficando muito tempo com a filha Pearl em um só local. Ela é uma mulher independente, forte e que fala o que pensa, por mais que isso possa gerar tensão (o que geralmente acontece). Até determinado momento da série, não sabemos quase nada sobre seu passado, sendo ela uma personagem misteriosa e um pouco sombria. Mia guarda muitos segredos, inclusive sobre sua sexualidade e suas relações do passado.

A outra família tem como matriarca Elena, uma mulher que vive em meio a privilégios, riquezas e preconceitos. Buscando um estilo de vida apoiado nas aparências, ela enfrenta muitos conflitos com a filha Izzie, a quem não consegue compreender e com quem não se identifica. A jovem enfrenta problemas na escola por conta de sua sexualidade, sofrendo com a homofobia dos colegas e com o bullying constante, o que a leva a diversas atitudes de embate que exasperam a mãe. Ao mesmo tempo em que a relação entre Elena e Izzie piora, a adolescente se identifica quase que de imediato com Mia e sua proximidade com a desconhecida é quase como uma tábua de salvação.

As duas personagens experienciam etapas de vida diferentes, com níveis de bagagem diferentes e com determinadas especificidades, mas o encontro serve de ponto de virada para que Izzie possa se entender melhor e tente romper com comportamentos que até então a machucavam.

Shawna e Margot – Crônicas de San Francisco

Crônicas de San Francisco (Tales of the city) foi um folhetim da década de 1970 adaptado para série de TV nos anos 1990. Em 2019, recebeu mais uma temporada e vários novos personagens. Nessa atualização, Shawna é uma das protagonistas e mora na icônica Barbary Lane, uma casa transformada em pensão e que abriga vários membros da comunidade LGBTQIA+ de San Francisco em uma relação de verdadeiro acolhimento familiar.

Shawna é tratada como neta pela dona do local e muito amada por todos. É uma jovem gentil, uma boa amiga e engajada nos movimentos sociais e culturais da cidade. Foi abandonada pela mãe ainda criança e tem a oportunidade de reencontrá-la algumas décadas depois, descobrindo mais sobre seu passado e sobre os acontecimentos que envolveram os protagonistas da fase anterior do seriado.

Além de Shawna, Crônicas de San Francisco tem diversas personagens lésbicas. Uma outra moradora de Barbary Lane é Margot, uma artista que namora há alguns anos com Jake. Seu namorado é um homem trans que passou pela transição há pouco tempo. Margot o apoia integralmente e é uma companheira presente e amiga, mas passa por uma situação confusa pelo fato de ser uma mulher lésbica que entrou em um relacionamento com uma “mulher” e que posteriormente se viu namorando com um homem. O casal precisa compreender o que isso significa e o que pode alterar para eles. 

Ana e Yessika – Gentefied

Personagens lésbicas: Ana e Yessika - Gentefied

Ana é uma jovem latina que mora nos Estados Unidos com a mãe e a irmã mais nova. Sua família tem um restaurante de tacos que está passando por dificuldades, o que faz com que os parentes se reúnam para tentar salvar o estabelecimento. Ela é uma pintora talentosa e está passando pelo processo de compreender a importância da mensagem que passa com suas obras e da força política que elas podem ter, especialmente em uma comunidade latina afetada pela gentrificação e pela apropriação cultural.

Ela cresceu próxima de outra jovem latina moradora do bairro com quem descobriu o amor e com quem namora desde então. Yessika atua em movimentos sociais da região e é bem ativa politicamente, exigindo constantemente que Ana se posicione, o que às vezes acaba gerando conflitos para as duas.

Fabiola – Eu nunca

personagens lésbicas

Fabiola é uma das melhores amigas de Devi, a protagonista da série juvenil Eu nunca. As duas formam junto com Eleanor um trio inseparável, próximas desde a infância. No ensino médio, enquanto Devi passa por seus próprios problemas e age de forma egocêntrica, deixando as amigas de lado e insistindo para que todas arrumem namorados, Fabiola se preocupa com o momento de contar para a família que é lésbica. Ela se sente pressionada pela mãe para ser a filha perfeita, sendo cobrada pela notas, pelas atividades extracurriculares, pela aparência e pela “falta de feminilidade”.

Enquanto se prepara para ter uma conversa honesta com a mãe, ela se sente atraída por uma colega da escola e ao mesmo tempo sente-se também desajeitada sem saber como se aproximar dela.

Morgana – Cursed

Quem conhecer a lenda da espada Excalibur, provavelmente já ouviu falar também da sacerdotisa Morgana. Existem muitas histórias e versões diferentes sobre ela. Na série Cursed, releitura da lenda focada na personagem Nimue, Morgana é uma jovem negra, órfã e sem posses, entregue para ser criada em um convento, enquanto seu irmão Arthur se torna um mercenário malandro de bom coração e aventureiro que tenta conseguir dinheiro para pagar as dívidas da família. Ressentida pelo fato de ser mandada para longe, ela cresce no convento, ao lado de outras moças com trajetórias similares. Lá, ela e Celia se apaixonam e mantêm seu romance escondido, pois a igreja atua de forma violenta e cruel na região contra os que considera diferentes.

Corajosa, Morgana se arrisca participando da resistência feérica, que ajuda seres mágicos perseguidos pela igreja a fugir e a chegar a um local de refúgio. É assim que ela conhece Nimue e, ainda sem poderes, começa a acompanhar a trajetória da Excalibur. Nessas aventuras ela inicia seu processo para se tornar a poderosa sacerdotisa conhecida na lenda.

Jeri Hogarth – Jessica Jones

Marvel’s Jessica Jones

A personagem de Jeri Hogarth (Carrie-Anne Moss), no seriado Jessica Jones, é uma mulher forte, lésbica e extremamente bem sucedida profissionalmente. Na segunda e na terceira temporadas do seriado ela ganha espaço e narrativa na história. Conhecemos mais a sua jornada e acompanhamos o seu dia a dia – para além dos seus contatos com Jessica. Hogarth, que sempre foi extremamente controladora, descobre que está com ELA. Com a descoberta, na terceira temporada, ela decide buscar o seu grande amor da juventude Kith Lyonne (Sarita Choudhury). O problema é que mesmo com o seu diagnóstico, Hogarth continua tendo decisões antiéticas, querendo controlar todos a sua volta, inclusive suas relações amorosas, o que afeta a vida dela e das pessoas a sua volta. 

Nos quadrinhos Jeri era um homem –  Jeryn, o que entraria ainda mais no estereótipo de homem de sucesso. É interessante ter representada uma mulher tão ambiciosa, complexa e com tantos defeitos. Ao introduzir Jeri no seriado, há também esse destaque para a inclusão no universo Marvel de uma personagem lésbica.

Kate Messner – Everything Sucks! 

lésbicas: Everything Sucks!

Na série adolescente de  high school Everything Sucks!, ambientada nos anos 1990, a protagonista Kate Messner (Peyton Kennedy) passa por suas descobertas e experiências sexuais. Kate Messner traz à série uma história de coming-of-age LGBTQIA+. Assim, a adolescente lésbica vai viver o que uma jovem vive nessas obras audiovisuais de high school, mas garantindo a tão escassa visibilidade e representação lésbica em séries adolescentes.

A série só teve uma temporada, mas continua disponível na Netflix.

Tess Pearson – This is us

O ponto forte de This is us é a construção dos personagens e seus relacionamentos interpessoais. A série desenvolve diversos núcleos familiares e, a partir deles, muitas questões importantes e necessárias. Em um desses núcleos, acompanhamos Tess, uma jovem adolescente que passa pelo processo de contar à família que gosta de meninas. A revelação ocorreu no episódio especial de ação de graças, que foi dirigido por Catherine Hardwicke, diretora do filme Aos treze. Ela combinou com a atriz Eris Baker, que dá vida a Tess, que ela mantivesse um diário como se fosse a personagem. Dessa forma, ela foi entrando na cabeça de Tess e vivenciando os sentimentos que envolveram as conversas que teve com seus familiares.

Com colaboração de Lina Távora.

Por Luciana Rodrigues

É formada em Audiovisual e em Letras Português. Uma brasiliense meio cearense, taurina dos pés à cabeça, apaixonada pela UnB, por Jorge Amado e pelo universo infantil. Aprecia o cult e o clichê, gosta de Nelson Pereira dos Santos e também gosta de novela. E, apesar de muitos dizerem o contrário, acha que essa é uma ótima combinação.

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