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Nada de time Michael ou de time Rafael – a torcida é para o time Petra!

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Quando Jane Gloriana Villanueva tinha cerca de 23 anos, ela ganhou uma irmã. As duas só não sabiam disso ainda.

Cena de Jane e Petra falando sobre irmãs

Como em muitos programas de televisão, uma das grandes questões de Jane, the virgin sempre foi “com quem a protagonista deve ficar?”. Esse nunca foi o ponto principal da série, não chegando nem perto da complexidade e da afetividade que envolvem a relação de Jane com sua mãe e sua avó. O trio sempre foi o coração e o eixo norteador da série.

Ainda assim, sendo uma telenovela disfarçada de seriado, com todo o romantismo que Jane adora, grande parte da obra gira em torno da escolha da protagonista entre seus pretendentes.

De um lado, Rafael, milionário, de bom coração, transformado pela convivência com Jane. Apesar de viverem em mundos diferentes, são unidos por um golpe do destino. Ele traz aventura, novidade e paixão para a vida da personagem.

De outro lado, Michael, o namorado de anos, o melhor amigo, confidente, que a entende, que sempre sabe do que ela precisa e que move céus e terras para garantir sua felicidade.

O público se divide na torcida e acompanha as temporadas esperando que a personagem tome sua decisão. Mas convenhamos: só tem bom partido nessa história, então não tem como dar errado (apesar de que, em se tratando de Jane, the virgin, qualquer reviravolta pode acontecer e tudo sempre pode dar errado).

E por falar em bom partido, há uma personagem que nunca poderia receber tal rótulo. Calculista, manipuladora e sem escrúpulos, Petra foi apresentada inicialmente como vilã. Apesar de ter aos poucos perdido esse posto e ganhado a simpatia dos fãs e da protagonista, nunca deixou de ser vista como uma mulher fria, de ações no mínimo questionáveis, em quem nunca se sabe se é possível confiar.

Vista como insensível, ela trata mal as pessoas ao seu redor, demite seus funcionários por qualquer motivo e usa todos para obter o que quer. Acusada de crimes, golpes e trapaças, ela acumula defeitos e não poderia ser mais diferente da protagonista. As duas se desentendem constantemente e, devido às diferentes visões de mundo e formas de lidar com as situações, vivem se irritando e competindo.

Jane muito correta; Petra imperfeita por demais. De forma gradual e cheia de percalços, elas trabalham sua relação e encontram uma irmandade que jamais pensariam que pudesse acontecer.

As duas são obrigadas a conviver cada vez mais por causa de seus filhos. E, acostumadas a dizer que não gostam uma da outra, continuam a dizê-lo, mesmo quando deixa de ser verdade. Por isso, é uma surpresa para Jane perceber que Petra a tem como amiga.

Desacostumada com relacionamentos saudáveis e sem saber lidar com amizades, Petra fica desconfortável com demonstrações de afeto e de fragilidade. Ainda engatinhando em questões como vulnerabilidade e empatia, Petra está presente nos momentos mais importantes da vida de Jane, sendo um apoio constante e fazendo questão de ajudá-la sempre que possível.

Jane e Petra sobre serem irmãs

Com o desenrolar da trama, é possível se surpreender muito positivamente com Petra e suas diversas facetas. Forte, determinada, executa bem todos os projetos a que se propõe. Inclusive a maternidade. E ninguém poderia estar mais surpreso do que ela própria.

É nesse território que ela e Jane encontram espaço para se aproximar, mesmo que de vez em quando envolvendo competição, ciúme e julgamento. De forma geral, elas encontram apoio, um ouvido amigo e descobrem que podem aprender muito ao ver o mundo através dos olhos uma da outra. E nesse crescimento ambas se fortalecem.

Esqueça time Rafael ou time Michael! A evolução do relacionamento entre Jane e Petra é um dos pontos mais positivos do seriado. Afinal, é uma obra marcada por lindas relações entre mulheres e que mostra que família não tem um formato fechado, podendo ser construída ao longo da vida, mesmo que por caminhos inesperados.

Jane e Petra falando eu te amo

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Por Luciana Rodrigues

É formada em Audiovisual e em Letras Português. Uma brasiliense meio cearense, taurina dos pés à cabeça, apaixonada pela UnB, por Jorge Amado e pelo universo infantil. Aprecia o cult e o clichê, gosta de Nelson Pereira dos Santos e também gosta de novela. E, apesar de muitos dizerem o contrário, acha que essa é uma ótima combinação.

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