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6 séries com mulheres fortes para assistir na quarentena

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Séries com mulheres fortes: Gentified

Após uma lista de indicações de filmes para assistir durante a quarentena, o Arte Aberta traz seis seriados que podem funcionam bem para distrair momentaneamente nossos pensamentos das preocupações com a pandemia. Fazem isso através de histórias de mulheres fortes em processos internos de auto descoberta e empoderamento e/ou em processos externos de posicionamento, luta e ativismo.

Todos eles trabalham questões complicadas, em maior ou menor medida, e todos com focos bem diferentes. Nem sempre de forma divertida ou descontraída, mas suas narrativas contam trajetórias de superação, de  enfrentamento e de descoberta.

Que tal conhecer essas histórias?

Gentefied

A partir da ficção, essa série mostra o processo de gentrificação sofrido por Boyle Heights, bairro majoritariamente latino de Los Angeles. Mama Fina’s é um restaurante de tacos tradicional da região, cuidado com muito carinho por Pop, um cozinheiro viúvo querido por todos do bairro. Boyle Heights, assim como outras áreas da cidade, passa a chamar atenção de investidores ricos, que trabalham para valorizar o bairro, abrindo novos negócios, modernizando os espaços, para atrair um tipo diferente de público. Nesse processo, os aluguéis aumentam mais e mais e os antigos moradores e comerciantes vão sendo expulsos de um local que um dia foi seu.

Tentando manter seu restaurante, Pop conta com a ajuda de três netos muito diferentes entre si, mas todos dedicados a salvar o negócio da família. Eles precisam pensar em formas de diversificar o cardápio e divulgar o local para públicos mais abrangentes, ficando sempre na dúvida sobre o quanto mudanças podem ser positivas e o quanto podem ser ameaçadoras para sua cultura.

Seis dos dez episódios foram dirigidos por mulheres (America Ferrera, Marta Cunningham e Aurora Guerrero) e nove foram escritos por roteiristas mulheres. Apesar de ser majoritariamente uma comédia, Gentefied perpassa temas como imigração, diferenças sociais e culturais, preconceito e a ameaça a costumes tradicionais em meio a um processo de americanização de outras culturas. Por isso, é inevitável ter algumas cenas tristes, mas todas construídas a partir de reflexões necessárias.

Além da gentrificação, o programa trabalha questões como latinidade; a confusão de ter origens latinas e ser nascido nos EUA, não sendo considerado nem de um lugar nem de outro; o orgulho LGBTQ dentro da comunidade latina; dentre várias outras camadas. Se esses são temas que te interessam ou sobre os quais você gostaria de conhecer um pouco mais, essa pode ser sua próxima série.

Sangue e água

A série mostra o dia a dia de jovens em uma escola de elite, cercados por competição, drama adolescente, sexo e mistérios. Uma fórmula que seria batida se não fosse uma das primeiras produções da Netflix na África do Sul. 

Na história, Puleng Khumalo vive um drama familiar. Sua irmã mais velha, Phume, foi sequestrada do hospital pouco após seu nascimento. Dezessete anos depois, os Khumalo ainda sofrem com a falta de pistas e a mãe se agarra firmemente à lembrança da filha perdida, impactando de diversas formas os outros membros da família.

Após uma coincidência, Puleng desconfia que Fikile Bhele, uma moça que conheceu em uma festa, possa ser sua irmã desaparecida e inicia uma arriscada trajetória para descobrir a verdade. Cada vez mais obcecada, ela se muda para a escola de Fikile e se aproxima de seus amigos.

Ao longo da história temos belíssimas vistas da Cidade do Cabo e podemos conhecer pelo menos um pouco da cultura local, com algumas cenas que nos permitem ter contato com costumes, termos específicos e o uso de dialetos (apesar da série utilizar predominantemente o inglês).

Sangue e água foi dirigido pela diretora sul africana Nosipho Dumisa, conhecida pelo filme Number 37. O elenco também é composto por profissionais locais, majoritariamente negro e com muitos estreantes. Ótima oportunidade para conhecer uma obra que fuja do eixo EUA/Europa Ocidental. Mesmo para quem não seja fã de histórias adolescentes, pode ser uma boa chance de analisar como uma fórmula tão conhecida pode ser transformada por fatores culturais. Só há uma temporada por enquanto, que conta com seis episódios. Ou seja, é bem rápida de assistir.

Eu nunca

Devi é uma adolescente de família indiana que foi criada nos Estados Unidos. Seu primeiro ano do Ensino Médio foi marcado por alguns eventos trágicos e a jovem está determinada a ter um segundo ano diferente. Para isso, ela planeja se tornar descolada, o que envolve uma mudança de guarda roupa, de eventos sociais e, principalmente, a presença de um namorado.

Com isso em mente, ela se envolve em diversas confusões e precisa avaliar o que é realmente importante em sua vida e o que a leva a se dedicar tão intensamente ao plano de alterar a forma como é vista pelos colegas.

Apesar da premissa parecer simples e até mesmo boba, a série é divertida e se aprofunda em questões não percebidas inicialmente. Cabe destacar o talento da atriz principal Maitreyi Ramakrishnan e a leveza com que o seriado retrata o universo adolescente e seu dia a dia.

É uma série adolescente que realmente parece mostrar adolescentes. E que retrata medos, desejos, inseguranças e imaturidades comuns, sem histórias mirabolantes, mas ainda assim cativante. Especial destaque para o fato de podermos conhecer um pouco sobre os costumes de uma família indiana introduzida na cultura estadunidense.

Madam C J Walker

A vida e a história de Madam C. J. Walker conta a trajetória real da primeira mulher a se tornar milionária nos Estados Unidos com seu próprio trabalho. Sarah sofria com queda capilar gerada por alergias e estresse e nada do que fazia resolvia. Foi nesse contexto que ela conheceu Addie Monroe e seus produtos para cabelos crespos. Percebendo o potencial do material, ela iniciou uma trajetória longa e árdua para criar sua própria marca e levá-la ao sucesso. Isso acumulou ao longo dos anos conflitos pessoais, problemas legais, dentre diversas outras dificuldades.

Como é inspirado em uma história real, a série não está livre de acontecimentos tristes, mas estes são intercalados com momentos leves e com algumas doses de fantasia proporcionados pela imaginação de Sarah. Ocasionalmente ela se imagina em algumas situações fantasiosas, com efeitos especiais, danças, músicas e figurinos extravagantes. Afinal, só uma mulher que consegue sonhar tanto conseguiria criar o que ela criou. 

A série foi escrita por Nicole Jefferson Asher (baseada no livro On Her Own Ground, de uma das descendentes de Madam C. J. Walker) e dirigida por Kasi Lemmons e DeMane Davis, todas elas mulheres negras. Após assistir, confira nosso texto com reflexões sobre a história real por trás da série.

Sweet Magnólias

Maddie, Dana Sue e Helen são amigas desde a infância. Elas cresceram na pequena cidade de Serenity, acompanhando cada etapa da vida uma da outra. As alegrias, as tristezas, os fracassos e os recomeços. É exatamente durante o recomeço de Maddie, que passa por um doloroso processo de divórcio, que as amigas resolvem botar em prática algo que sempre planejaram: começar um negócio juntas.

Decidem então comprar um casarão da cidade, onde todas viveram bons momentos juntas, e montar um SPA, aproveitando as habilidades específicas de cada uma. Ao longo do processo conhecem pessoas novas, reencontram fantasmas do passado e têm que lidar com diversas questões relacionadas à maternidade, saúde e profissão.

É uma série bem leve, sem grandes reviravoltas, marcada pela bela relação entre essas três mulheres e com algumas pitadas de doçura ao abordar os encantos do primeiro amor (afinal, os filhos das protagonistas estão na escola, o que dá espaço para tramas juvenis na obra). Uma boa opção para quem procura uma série bonita, doce e focada na amizade. Existe apenas uma temporada por enquanto.

Nada Ortodoxa

https://www.youtube.com/watch?v=iWMAXxa_Hu8

Essa série está longe de ser leve, mas é essencialmente um processo de superação e uma bonita descoberta da independência. Trata de questões difíceis, mas necessárias de serem discutidas, e sempre sob um viés de libertação, que acalenta o coração ao longo da obra.

O seriado é baseado em uma história real e, por isso mesmo, ainda mais impactante. Conta a trajetória de uma jovem que mora em Nova York, em uma comunidade judaica ultra ortodoxa formada por sobreviventes do Holocausto. Essa comunidade tem regras rígidas e bem delimitadas sobre o papel da mulher, com casamentos arranjados, sexo e maternidade obrigatórios, sem espaço para questionamentos e para desobediência.

Com 19 anos, Esther Shapiro decide fugir dessa realidade e embarca em uma perigosa jornada para Berlim, levando apenas seus documentos e alguns pouquíssimos pertences. Em formato de flashbacks, a série alterna entre mostrar sua vida na comunidade Satmar e seus desafios após a fuga.

A série chamou atenção pelo cuidado com os detalhes históricos e culturais na ambientação da comunidade Satmar, com seu figurino, cenários e costumes. É, inclusive, a primeira obra da Netflix a ser produzida em íidiche (junto com inglês e alemão).

Nada ortodoxa tem apenas quatro capítulos e pode facilmente ser assistida de uma única vez. Recomendamos assistir ao final da série ao documentário Making Unorthodox, de 20 minutos, que fala sobre a produção da obra, com curiosidades e entrevistas.

Por Luciana Rodrigues

É formada em Audiovisual e em Letras Português. Uma brasiliense meio cearense, taurina dos pés à cabeça, apaixonada pela UnB, por Jorge Amado e pelo universo infantil. Aprecia o cult e o clichê, gosta de Nelson Pereira dos Santos e também gosta de novela. E, apesar de muitos dizerem o contrário, acha que essa é uma ótima combinação.

2 respostas em “6 séries com mulheres fortes para assistir na quarentena”

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