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Kipo e Hilda: 2 séries de animação para assistir na Netflix

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Mesmo se você gosta de animação, é preciso confessar: tem algumas animações infantis que já não nos tocam como antigamente, beiram, na verdade, o tédio. E se você é uma pessoa que gosta de audiovisual e quer dividir essa divertida fruição com seus filhos, afilhados ou outras pessoas – grandes e pequenas – do seu convívio, separamos aqui duas indicações que valem a pena até para os adultos. Acredite, afinal as indicações surgiram de uma amiga que não tem filhos.

As duas séries que escolhemos são super especiais, divertidas, bem realizadas e contam com meninas em papéis protagonistas. As animações são: Kipo e os animonstros e Hilda.

Neste tempo que estamos vivendo, se temos o privilégio de estar em casa (e vale ressaltar que, para quem não está na linha de frente de combate ao COVID-19, isso deveria ser um direito e não um privilégio), mesmo com a correria do dia a dia, é um ótimo momento para acompanhar mais o que nossas crianças estão assistindo, criticar com elas as histórias, divagar sobre o entendimento das situações. 

Mas antes que você pense que são programas “para meninas” – vamos desconstruir essa ideia. A representação de meninas no audiovisual é importante para a construção igualitária de gêneros, para o combate à misoginia e para a composição de múltiplas masculinidades. Isso tudo é importante sim! Mas, mais do que isso, para as crianças – e para nós – o legal mesmo é  perceber a construção de personagens interessantes, fortes, complexos, com os quais podemos nos espelhar ou simplesmente nos entreter.

Confira as nossas dicas:

Kipo e os animonstros (Kipo and the Age of Wonderbeasts)

Uma menina da toca, a garota Kipo Oak, de 13 anos, segue numa saga pela busca de seu pai na superfície, após sair de sua cidade subterrânea. Para fazer isso, ela viaja por um cenário urbano “diferente” comandado por animais mutantes. Mas fiquem tranquilos, Kipo não enfrentará tudo isso sozinha, na superfície, ela encontra novos amigos e forma a sua tribo com Loba (Wolf), Mandu, Benson e Dave.

As tocas são cidades subterrâneas, para onde foram os humanos após a mutação dos animais.  Na superfície, a natureza transformou-se. Animais e plantas têm proporções gigantescas, além de outras características. São animonstros, parceiros ou rivais.

Na verdade, um dos pontos interessantes da série é que vamos entendendo o que aconteceu – assim como a história de cada personagem – aos poucos, e assim vamos juntando as peças para compreender a narrativa. 

Os animais vivem em tribos, em cenários e realidades diversas, o que provoca muita diversão ao entrarmos, juntos com a jornada de nossos protagonistas, no mundo particular de cada um dos animais. Assim, conhecemos por exemplo: gatos lenhadores, gambás motoqueiros, sapos mafiosos, cobras roqueiras, lobos cientistas, guaxinins da aeróbica e coelhos gigantes.

Além de ser muito bonita e divertida, com seus animais gigantes, a série toca em assuntos bastante relevantes: amizade, aceitação das diferenças, famílias constituídas por vínculos de amor, sexualidade, resistência e enfrentamento de inimigos e a busca por seus sonhos, com bastante inteligência e persistência.

Perguntei a minha filha, de 8 anos, de qual personagem ela mais gostou na série e ela respondeu: “gosto mais da Loba. Ela é independente. E eu amo o casaco dela”. De fato, Loba é autônoma, assertiva – uma menina que aprendeu a desbravar seus instintos, a correr com os lobos desde pequena, mas também teve que lidar com rejeição e decepção, deixando-a mais cuidadosa em se abrir às pessoas novamente.

Há mais um ponto especial da série: um personagem gay. E nós que acreditamos na importância da representação para a aceitação – e para a construção de uma sociedade melhor, ficamos bem felizes com a tranquilidade e empatia com que o personagem lida com sua sexualidade.  Depois desse spoiler, nem vou mais falar os detalhes dessa descoberta para vocês assistirem e descobrirem sozinhos!

A primeira temporada da série foi realizada pela DreamWorks e Netflix e possui 10 episódios, já está disponível na Netflix. O ilustrador brasileiro Caio Martins trabalhou na série como um dos designers de personagens. A classificação da série é livre. 

Hilda

A garota Hilda é uma habilidosa desenhista que vive na floresta com sua mãe. A menina é corajosa e adora a sua vida cheia de aventuras com animais fantásticos (mas de uma forma bem diferente dos animais em Kipo). Aqui tanto a protagonista quanto todo o cenário trazem um ar mais bucólico e mítico. Ela, porém, terá que se mudar para a cidade e passará por um processo de adaptação. 

A animação da série é muito bonita, com lindas cores em tons de azul e laranja. Quando anoitece, por exemplo, tudo fica em tons das cores azul e lilás. 

Há inocência e gentileza em Hilda, mas sem perder a sua determinação e coragem. Uma representação que faz a diferença em nossas telas, para as nossas crianças e para nós adultos. A série também tem um foco forte na protagonista – o que é interessante pois de fato atravessamos a jornada da garota, podendo entender mais a sua personagem, à medida que o programa vai avançando.

Logo no primeiro episódio, é interessante como Hilda tenta resolver um problema que aparece para ela – com estratégias de negociação, assertividade e respeito aos outros “povos” que a rodeiam. 

Em Trollburgo, a nossa protagonista fará novos amigos: Frida e David, seus parceiros no clube dos escoteiros. Na cidade, Hilda continuará vivendo suas aventuras, mas terá que lidar com uma nova sociabilidade e interação com as pessoas. 

Hilda é uma animação canadense britânica baseada em uma HQ, de mesmo nome, do autor Luke Pearson. É possível adquirir pelo menos duas obras de Hilda em português (Hilda e o Troll e Hilda e o Gigante).

Por Lina Távora

É uma cearense que mora em Brasília, jornalista fora da redação, mestre em comunicação/cinema, feminista em construção, mãe com todo o coração e tem no audiovisual uma paixão constante e uma fé no seu impacto para uma mudança positiva na sociedade.

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