Categorias
Listas

Festival de Cinema Francês e o cinema de mulheres

Compartilhe!

O Festival Varilux de Cinema Francês traz, na edição de 2017, 18 longas-metragens inéditos para 55 cidades brasileiras. A programação ocorre de 7 a 21 de junho e conta com um documentário e 17 filmes de ficção.

Além dos filmes inéditos, o festival exibirá o clássico Duas garotas românticas, de Agnès Varda e Jacques Demy. O musical, que foi indicado ao Oscar de melhor trilha sonora em 1969, completa 50 anos em 2017. Foi, inclusive, uma grande inspiração para Damien Chazelle ao dirigir o premiado La la land. Duas garotas românticas conta a história das irmãs Delphine (Catherine Deneuve) e Solange (Françoise Dorléac), que dão aulas de dança e piano em Rochefort, mas sonham em ir para uma cidade grande. A oportunidade surge durante um festival de música e a dupla parte para Paris junto com uma trupe de músicos. Catherine Deneuve aparece novamente na programação do festival no filme O reencontro (Sage Femme), de Martin Provost.

Duas garotas românticas_2
Catherine Deneuve e Françoise Dorléac, em “Duas Garotas Românticas”, de Agnès Varda

A Mostra Varilux de 2017 conta, ainda, com sessões educativas, debates e laboratório de roteiros. Segundo o curador Christian Boudier, “o cinema é a mistura dos imaginários e a circulação das histórias. Essas misturas mostram a que ponto todas as culturas são importantes e ricas. O problema é que na realidade não é assim. O peso esmagador do marketing, a digitalização e a crise das salas de cinema de rua ameaçam muito a diversidade dos filmes nas telas. É um fenômeno mundial particularmente acentuado no Brasil. Apesar da coragem que todos sempre tiveram, os distribuidores parceiros do festival nos fizeram entender que, uma hora, poderiam ser obrigados a abandonar a distribuição de filmes independentes, entre os quais os filmes franceses estão na linha de frente. A situação é realmente alarmante e a liberdade de escolha dos espectadores brasileiros está gravemente ameaçada”. Por esse motivo, ele anunciou que no festival deste ano será lançado no Brasil o primeiro site VOD dedicado ao cinema francês do mundo: www.meucinefrances.com.

Enquanto aguardamos o site e o festival, listamos todos os filmes dirigidos por mulheres que serão exibidos. Dos 18 longas inéditos, sete têm direção de mulheres, sejam co-direções ou direções-solo. Confiram abaixo quais são eles:

A viagem de Fanny, de Lola Doillon

Ficção

Sinopse: Com seus 12 anos, Fanny é cabeça dura! Mas é, sobretudo, uma jovem corajosa que, escondida num lar distante de seus pais, cuida das duas irmãs mais novas. Tendo que fugir precipitadamente, Fanny se coloca à frente de um grupo de 8 crianças e inicia uma perigosa viagem através da França até a fronteira suíça. Entre medos, gargalhadas e encontros inesperados, o grupinho aprende o que é independência e descobre o valor da solidariedade e da amizade.

Lola Doillon é diretora, atriz e fotógrafa. Dirigiu, além de alguns curtas-metragens, os longas Et toi, t’es sur qui? (2007); Contre toi (2011) e Le Voyage de Fanny (A viagem de Fanny – 2016), que foi baseado na autobiografia de Fanny Bel-Ami.

mspiff-2017-fannys-journey-still-1
Cena de “A viagem de Fanny”, de Lola Doillon

Amanhã, de Mélanie Laurent e Cyril Dion

Documentário

Sinopse: Após a publicação de um estudo que anunciava o possível desaparecimento de parte da humanidade até 2100, Cyril Dion e Mélanie Laurent partiram com uma equipe de quatro pessoas por 10 países para entender o que poderia provocar essa catástrofe e, sobretudo, como evitá-la.  Durante a viagem, encontraram pioneiros que reinventaram a agricultura, a energia, a economia, a democracia e a educação. Todas juntas, estas iniciativas positivas e concretas já contribuem para definir o mundo de amanhã.

Mélanie Laurent é diretora, escritora, atriz e cantora. Dirigiu os filmes De moins en moins (2008); X Femmes (2008); The Adopted (2011); Surpêche (2012); Respire (2014); Demain (2015) e Plonger (2016). Ficou bastante conhecida pelo público ao atuar no filme Bastardos Inglórios, do diretor Quentin Tarantino, no qual viveu o papel de Shosanna Dreyfus. Amanhã venceu o César de melhor documentário em 2016 e teve 1 milhão de espectadores na França.

Na cama com Victoria, de Justine Triet

Ficção

Sinopse: Victoria Spick, advogada, em pleno vazio sentimental, é convidada para um casamento. Lá ela encontra seu velho amigo Vincent e Sam, ex-traficante, que ela conseguiu inocentar. No dia seguinte, Vincent é acusado de tentativa de homicídio por sua namorada. A única testemunha do episódio é o cão da vítima. Relutante, Victoria aceita defender Vincent, enquanto contrata Sam como babá. É o início de uma série de reviravoltas na vida de Victoria.

Justine Triet é diretora, roteirista e editora. Já atuou como diretora nos filmes Sur place (2007); Solférino (2009); Des ombres dans la Maison (2010); Two ships (2012); Age of panic (2013) e, em 2016, lançou Na cama com Victoria (In Bed with Victoria), que foi selecionado para a semana internacional da crítica em Cannes no ano passado e foi indicado ao César 2017 de melhor atriz e melhor filme.

Coração e alma, de Katell Quillévéré

Ficção

Sinopse: Adaptação cinematográfica do romance Réparer les vivants, de Maylis de Kerangal. Tudo começa ao amanhecer, três jovens surfistas em um mar furioso. Poucas horas depois, a caminho de casa, ocorre um acidente. Agora, totalmente ligado às máquinas em um hospital em Le Havre, a vida de Simon está por um fio. Enquanto isso, em Paris, uma mulher aguarda o transplante de órgão que lhe dará uma nova chance de vida.

Katell Quillévéré é diretora, roteirista e, em 2015, foi membro do júri da semana internacional da crítica em Cannes. Dirigiu os filmes À Brás Le corps (2005); L’Imprudence (2007); L’Échappée (2009); Love like poison (2010); Suzanne (2013) e Coração e alma (2016), indicado ao César 2017 na categoria de melhor adaptação e escolhido na Seleção Oficial do Festival Internacional de Toronto 2016 (TIFF) e na Seção Orizzonti na Mostra Internacional de Cinema de Veneza, também em 2016.

Um instante de amor, de Nicole Garcia

Ficção

Sinopse: Baseado no romance Mal di Pietre, de Milena Agus. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, Gabrielle (Marion Cotillard) encontra-se velha demais para permanecer solteira e é obrigada a casar-se com um viúvo frequentador de prostíbulos. Infeliz e incapaz de engravidar, Gabrielle viaja em busca de cura em águas termais e se envolve romanticamente com um militar casado.

Nicole Garcia é diretora, roteirista e atriz. Dirigiu 15 août (1986); Un week-end sur deux (1990); Le Fils préféré (1994); Place Vendôme (1998); L’Adversaire (2002); Selon Charlie (2006); e Mal de Pierres (Um instante de amor) (2016). Este último foi escolhido para a seleção oficial do Festival de Cannes 2016 e, com ele, Nicole Garcia concorreu pela terceira vez à Palma de Ouro.

Perdidos em Paris, de Fiona Gordon e Dominique Abel

Ficção

Sinopse: Fiona, bibliotecária de uma pequena cidade canadense, recebe uma aflita e angustiada carta de sua tia Marta, uma senhora de 93 anos que vive sozinha em Paris. Fiona embarca no primeiro avião rumo à capital francesa apenas para descobrir que Martha desapareceu. Em uma verdadeira avalanche de desastres inexplicáveis, Fiona conhece Dom, um sem-teto egoísta e sedutor, que não vai deixá-la seguir sozinha em sua busca. Um conto divertido e cativante sobre três pessoas peculiares perdidas em Paris. O filme foi o último trabalho da atriz Emmanuelle Riva, falecida em janeiro deste ano.

Fiona Gordon é uma cineasta australiana que trabalhou como diretora, escritora e atriz (sempre as três áreas juntas) nos filmes L’Iceberg (2005); Rumba (2008); Walking on the wild side (2010) e La fee (2011). Em 2016 dirigiu, escreveu e atuou em Perdidos em Paris, ao lado do companheiro Dominique Abel.

Tal mãe, tal filha
“Tal mãe, tal filha”, de Noémi Saglio

Tal mãe, tal filha, de Noémi Saglio

Ficção

Sinopse: Inseparáveis, Avril e sua mãe Mado não podiam ser mais diferentes. Avril, 30 anos, é casada, assalariada e organizada, ao contrário da mãe, eterna adolescente, despreocupada, que vive sustentada pela filha desde seu divórcio. Mas quando as duas mulheres se veem grávidas ao mesmo tempo e sob o mesmo teto, o embate é inevitável. Pois se Mado, em plena crise juvenil não está pronta para ser avó, Avril tem muita dificuldade em imaginar sua mãe… uma mãe!

Noémi Saglio é uma diretora, roteirista e atriz francesa. Dirigiu Les voies impénétrables (2012); Connasse (2013); Toute première fois (2015); Connasse, princesse des coeurs (2015) e Telle mère, telle fille (Tal mãe, tal filha – 2017).

Por Luciana Rodrigues

É formada em Audiovisual e em Letras Português. Uma brasiliense meio cearense, taurina dos pés à cabeça, apaixonada pela UnB, por Jorge Amado e pelo universo infantil. Aprecia o cult e o clichê, gosta de Nelson Pereira dos Santos e também gosta de novela. E, apesar de muitos dizerem o contrário, acha que essa é uma ótima combinação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *