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50 anos do Festival de Brasília e o Cinema de Mulheres

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Foi divulgada nesta semana a lista com os 21 filmes selecionados para as mostras competitivas do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que acontece entre os dias 15 e 24 de setembro, no Cine Brasília. De acordo com a organização do evento, esta edição recebeu 778 inscritos na Mostra Competitiva, sendo 608 curtas-metragens e 179 longas.

Dos 21 filmes selecionados para as mostras competitivas (9 longas-metragens e 12 curtas), 9 têm presença de mulheres na direção.

No próximo dia 15 de agosto, será divulgada a programação completa do festival, ocasião em que serão anunciados os filmes que integram as mostras especiais, sessão hors concours, filmes de abertura e encerramento, além de seminários.

Confira os títulos anunciados que têm mulheres na direção:

MULHERES NA MOSTRA COMPETITIVA DE LONGA-METRAGEM

 

pendular
“Pendular”, longa-metragem de Julia Murat.

 

  • CAFÉ COM CANELA, DE ARY ROSA E GLENDA NICÁCIO (BA)

Recôncavo da Bahia. Margarida vive em São Félix, isolada pela dor da perda do filho. Violeta segue a vida em Cachoeira, entre adversidades do dia a dia e traumas do passado. Quando Violeta reencontra Margarida, inicia-se um processo de transformação, marcado por visitas, faxinas e cafés com canela, capazes de despertar novos amigos e antigos amores.

Confiram o texto de Beatriz Vieirah, para o Blogueiras Negras, que identifica nessa obra “um suporte para a ação de representação, por ser antes de tudo – resistência, por romper com a lógica racista, por apresentar o cotidiano de mulheres negras”.

  • CONSTRUINDO PONTES, DE HELOISA PASSOS (PR)

Construindo Pontes é um filme que explora o relacionamento de Heloisa, a diretora do filme, e seu pai, Álvaro, um engenheiro que teve seu momento de glória durante a ditadura militar brasileira. Projeções e mapas se tornam as primeiras pontes para conectá-los com o passado. No entanto, é o presente inescapável que realmente atinge Álvaro e Heloisa ao se posicionarem em lados opostos diante da problemática situação política do Brasil. Esse é o primeiro longa da diretora Heloisa Passos, experiente diretora de fotografia que já trabalhou em filmes como Mulher do Pai e Lixo Extraordinário.

  • PENDULAR, DE JULIA MURAT (RJ)

O segundo longa da diretora carioca Julia Murat foi recentemente premiado pela Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci), na seção Panorama do Festival de Cinema de Berlim, a Berlinale. No filme, um jovem casal se muda para um grande galpão industrial abandonado.

Uma fita laranja colada no chão divide o espaço em duas partes iguais: à direita o ateliê de escultura dele, à esquerda o estúdio de dança dela. Pendular acontece neste ambiente onde arte, performance e intimidade se misturam; e onde os personagens perdem aos poucos a capacidade de distinguir entre seus projetos artísticos, o passado de cada um e sua relação amorosa.

  • VAZANTE, DE DANIELA THOMAS (SP)

Primeiro longa dirigido “solo” por Daniela Thomas, Vazante fez sua estreia no Festival de Berlim. O longa se ambienta em Minas Gerais, no começo do século XIX, e aborda a questão da estratificação da sociedade escravocrata brasileira.

MULHERES NA MOSTRA COMPETITIVA DE CURTA-METRAGEM

cartaz tentei
Cartaz do curta-metragem “Tentei”, de Laís Melo.

 

  • A PASSAGEM DO COMETA, DE JULIANA ROJAS (SP)

A diretora paulista Juliana Rojas, que já foi para Cannes em quatro oportunidades (com O lençol branco, de 2004, Um ramo, de 2007, Trabalhar cansa, em 2014, e O duplo, em 2016) vem para Brasília com seu novo curta.

  • CARNEIRO DE OURO, DE DÁCIA IBIAPINA (DF)

A diretora e professora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília já participou do Festival de Brasília em 2013, com o curta O gigante nunca dorme, ganhando o prêmio de melhor montagem.

  • PERIPATÉTICO, DE JESSICA QUEIROZ (SP)

Jessica Queiroz, antes de Peripatético, dirigiu o documentário Vidas de Carolina (2014) e a ficção Número e Série (2015), baseado no conto A Queda, de Rodrigo Ciriaco.

  • TENTEI, DE LAÍS MELO (PR)

Laís Melo, sobre a seleção de seu curta-metragem no Festival de Brasília, afirmou em sua conta no Facebook: “mulher da classe trabalhadora, quero fazer filme com, sobre e para a classe trabalhadora, me interessa que as obras cheguem aí, se assim não for não faz sentido essa correria, os ônus e bônus dessa escolha. mas não cabe no peito, também por isso, a alegria de ocupar um espacinho nesse festival que tanto respeito, com essa trajetória consistente e fundamental pra cena do cinema nacional, quando se comemora 50 anos de sua existência, no ano de recorde de inscrições, por onde passaram realizadores que tanto admiro, que reúne na sua organização pessoas com quem tanto aprendo”.

  • TORRE, DE NADIA MANGOLINI (SP)

O documentário de Nadia Mangolini mistura animação com relatos e depoimentos de filhos de desaparecidos políticos durante a ditadura militar do Brasil. De acordo com a produtora do curta: “As cenas foram criadas a partir dos depoimentos de Isabel, Gregório, Virgílio e Vlademir, filhos de Virgílio Gomes da Silva, o primeiro desaparecido político da ditadura militar brasileira.
O processo de animação foi bastante artesanal. Tudo foi animado frame a frame no computador, depois impresso e finalizado à mão, com lápis grafite, lápis de cor e diferentes tintas.”  Confira o trailer aqui.


Imagem na capa do Longa-Metragem de Glenda Nicácio e Ary Rosa “Café com Canela”.

Por Rafael Maximiniano

Historiador por formação, ainda não encontrou o trabalho perfeito em que só precise ler e assistir obras de ficção científica e fantasia durante o dia todo. Gamer nas horas vagas e viciado em café, bem antes de surgirem aqueles memes ridículos de minions no facebook falando “Não converse comigo antes do meu café”.

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