Para nós, o Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, é mais um momento para debatermos o que é ser mulher na sociedade hoje em dia, é também uma oportunidade para celebrar a diversidade dentro desse entendimento. Ser mulher não é uma definição fixa estabelecida no nascimento. É uma identificação! E mais: não há uma forma única de ser mulher.
Ao falar de gênero, acabamos tocando em temas como sexualidade, direitos, liberdade, violência, feminismo, interseccionalidade e empoderamento. Assim, trazemos aqui obras audiovisuais que trazem insights, debates e críticas sobre ser mulher. Acompanhe durante todo o mês de março a indicação dessas obras.
Absorvendo o tabu | Period. End of sentence
Absorvendo o tabu, de Rayka Zehtabchi, ganhou em 2019 o Oscar de Melhor Curta Documentário e está disponível na Netflix. O filme premiado aborda a situação das mulheres em alguns vilarejos da Índia onde não existem absorventes. A menstruação é um grande tabu sobre o qual não se fala, completamente ignorado pelos homens (muitos deles não sabem nem do que se trata) e que causa sérios problemas entre as mulheres.
Imagine menstruar e não ter nenhum tipo de absorventes! Ter metade da população se escondendo todos os meses. Essa realidade causa não apenas vergonha, mas inúmeros problemas de saúde e consequências em áreas diversas, como alto índice de evasão escolar dentre as meninas após a menarca.
Absorvendo o tabu acompanha a chegada, em um dos vilarejos, de uma máquina de absorventes e o início de sua produção em massa. Mulheres que não trabalhavam passam a produzi-los e comercializá-los, mudando as vidas não somente das compradoras, mas também das que passaram a fabricá-los.
I am Jazz
O reality americano I am Jazz acompanha, há quatro temporadas, o dia a dia de Jazz Jennings. A protagonista foi uma das meninas mais jovens a ser registrada como trans e é atualmente modelo, youtuber e ativista. Desde criança participou de programas de entrevistas e coescreveu um livro sobre sua vida e suas experiências. Em 2015, quando estava prestes a entrar no ensino médio, o reality show teve início e desde então acompanha seu cotidiano na escola e com a família, abordando as angústias típicas de uma adolescente, a entrada na vida adulta e seu envolvimento na luta pelos direitos da comunidade LGBT.
Viver de mim, de Juily Manghirmalani
O documentário Viver de mim, de Juily Manghirmalani, traz cinco mulheres bem diferentes e suas visões sobre ser mulher, sexo, orgasmo, relacionamentos e filhos. A questão de gênero e a sua construção social está no cerne deste documentário, com visões que podem parecer opostas, mas que, na verdade, se complementam. O média foi produzido a partir do Edital Carmen Santos 2013, do então Ministério da Cultura.
O Medo, de Mel
Contra o medo só a coragem é eficaz. Só a coragem é a ponte entre o medo e a liberdade.
O videoarte O Medo foi escrito por Mel e dirigido por Ivan Erick. Mel expressa neste vídeo os obstáculos que sempre viu no medo, mas também traz as possibilidades de enfrentamento, de superação. A cantora afirmou que pensou no vídeo também para falar da depressão que passou nos últimos anos. O vídeo parte visualmente de um diálogo entre Mel e Liniker, duas mulheres trans. E segue com dança e experimentações de linguagem. O clipe também apresenta a leitura do poema O desejo, de Ryane Leão, do seu primeiro livro Tudo Nela Brilha e Queima.
Pose
A série Pose narra o cenário dos incríveis bailes nova iorquinos da década de 1980. A cidade se destacava pela quantidade de jovens LGBTs expulsos de casa, que viviam nas ruas e em situação de vulnerabilidade. Foram surgindo assim casas de acolhimento comandadas por mulheres da comunidade LGBT, que abrigavam e protegiam os mais jovens.
Essas mulheres ficaram conhecidas como mães e cada casa tinha um nome e um código de conduta. Seus integrantes eram treinados para participar dos bailes, eventos que ocorriam nos bairros periféricos da cidade e contavam com diversas categorias competitivas, que incluíam montagem e desfiles, com direito a troféus e honrarias.
Pose é centrado na iniciante Casa Evangelista, comandada por Blanca, uma mulher transexual forte e talentosa, que cansou de ser desvalorizada na casa anterior da qual participava. Ela angaria novos integrantes e os treina para participar das competições de baile, ao mesmo tempo em que os apoia em seus sonhos, primeiros relacionamentos etc.
Pose fez história ao se tornar a primeira produção de televisão com cinco atrizes trans. Em 2019, tornou-se também a primeira série com elenco majoritariamente trans a ser indicada ao Globo de Ouro. Uma das questões retratadas na série é a invisibilização das mulheres trans mesmo dentro da comunidade LGBT e seu direito de serem tratadas, respeitadas e amadas como qualquer outra mulher.
#MeninaPodeTudo
O documentário #MeninaPodeTudo partiu de uma pesquisa realizada com jovens de 14 a 24 anos, das classes C, D e E, cujo objetivo era compreender de que formas o machismo e a violência afetam as vidas das meninas, especialmente nas periferias.
No filme, as entrevistadas descrevem diversas situações enfrentadas no dia a dia que envolvem formas de agressão e desrespeito, refletem sobre o que a sociedade espera delas enquanto mulheres e o que elas próprias esperam, avaliando formas produtivas de mudança.
Sem medo de ser mulher, de Luis Teles
O documentário Sem medo de ser mulher, da Cáritas Brasileira e do diretor Luis Teles, entrevista mulheres nordestinas para ouvir o que elas têm a contar sobre suas trajetórias e sobre como a cultura do machismo afeta suas vidas, no âmbito dos relacionamentos, religião, família, educação e trabalho. Elas apresentam histórias de superação e libertação e falam sobre as mudanças que desejam para a sociedade no que se refere à igualdade de gênero.
#MeEscuteTambém
De menino, de menina
De menino, de menina é um documentário de 26 minutos que acompanha crianças de 4 e 5 anos em uma escola pública de São Paulo. Dia após dia, assistimos às atividades da turma, com foco na divisão dos brinquedos e nos papéis desempenhados durante as brincadeiras. O objetivo é avaliar de que forma os estereótipos de gênero surgem e são estimulados desde a infância, contando com limitações que vão desde cores até as escolhas de objetos ou de papéis a representar.
Afinal, o que é “brincadeira de menina”? Com o que elas “podem/devem” brincar? Esses fatores poderiam, de alguma forma, ser determinados pelo gênero? As crianças vão mostrando ao espectador essas e outras questões e, ao mesmo tempo em que reproduzem estereótipos aprendidos, questionam outros, com a espontaneidade, curiosidade e flexibilidade que são próprias delas.
Mucamas, de Nós Madalenas
O documentário Mucamas foi completamente realizado por mulheres. Elas são moradoras de diferentes regiões de São Paulo e integrantes do coletivo feminista Nós, Madalenas. Além disso, têm algo mais em comum: todas são filhas de empregadas domésticas. No filme, elas entrevistam as mães e abordam seus sentimentos em relação aos patrões e às barreiras de classe impostas através da separação de elevadores, de comidas, dentre outros exemplos. Além de falarem um pouco sobre suas experiências pessoais e profissionais, elas são questionadas sobre o que é ser mulher e o que desejam para suas filhas.
https://www.youtube.com/watch?v=NB1CQU_i3Ek
Heroin(e), de Elaine McMillion Sheldon
O documentário curta-metragem de Elaine McMillion Sheldon, Heroin(e), foi indicado ao Oscar em 2018. O filme vai além de retratar a situação delicada de uma quase “epidemia” de overdose em West Virginia – ele coloca nas telas mulheres que são liderança na comunidade na qual atuam.
Jan Rader, Patricia Keller e Necia Freeman são mulheres presentes no apoio e no acompanhamento de pessoas com vício em drogas, principalmente em heroína. Jan Rader é a primeira mulher chefe de departamento dos bombeiros e luta constantemente para a discussão das causas do vício em heroína e também para salvar as vidas das pessoas que tiveram overdose. Patricia Keller é juíza da infância e da família e lidera a corte das drogas, na qual sentencia, apoia e acompanha as pessoas em situação prisional relacionada às drogas. Necia Freeman faz parte do Brown Bag Ministry e atua diretamente com mulheres que se prostituem para manter o vício em heroína. Essas três mulheres evidenciam a importância de seu papel profissional para manter a esperança e uma vida saudável para todos.
A diretora do filme espera que mulheres de todas as partes, principalmente a rural, vejam nessas mulheres a inspiração para atuarem em suas comunidades e se fortaleçam para buscar espaços nos quais suas vozes sejam ouvidas.
Para ler a entrevista em inglês com Elaine, acesse aqui!
Nós, Carolinas – vozes de mulheres da periferia
O documentário Nós, Carolinas – vozes de mulheres da periferia foi realizado pelo coletivo Nós, Madalenas e apresenta as trajetórias de quatro mulheres moradoras da periferia de São Paulo. Personagens diversas, com idades entre 17 e 93 anos, que falam sobre temas variados, enquanto refletem sobre como é ser mulher, negra e periférica.
Todas elas fizeram parte do projeto Desconstruindo Estereótipos, que realizou oficinas sobre a forma como as mulheres moradoras das periferias são representadas na grande mídia. Entrevistas realizadas no projeto geraram a exposição Quem Somos [Por Nós] e, posteriormente, esse documentário.
City of Joy – Onde vive a esperança, de Madeleine Gavin
AVISO DE GATILHO: O documentário expõe histórias contadas por mulheres que sofreram estupro e outras violências.
O documentário dirigido por Madeleine Gavin mostra a City of Joy, localizada em Bukavu, leste da República do Congo. City of Joy é uma comunidade que objetiva construir mulheres como líderes. Elas foram algumas das mais de 40 mil vítimas de estupro e violência sexual durante uma guerra civil que se arrasta há um bom tempo. O estupro é usado como arma de guerra para desconstituir os vilarejos próximos aos locais de extração de minério – foco das milícias, que o vendem a países do mundo inteiro. As mulheres que são resgatadas e encaminhadas à City of Joy carregam histórias de sofrimento e de luta, e encontram nessa comunidade outras mulheres que também sofreram estupro e outros tipos de violência.
Ser mulher congolesa, em espaços rurais, sem compreensão da tipificação de crime, é o que o documentário traz para a discussão. Elas estudam, compreendem o próprio corpo, elevam sua autoestima, têm aulas de defesa pessoal. As mulheres encontram umas às outras, apoiam umas às outras e, a partir da construção de transformar a dor em luta e em poder, elas retornam às suas comunidades como lideranças.
Quer saber mais sobre City of Joy, acesse: https://cityofjoycongo.org/.
Feministas: o que elas estavam pensando?, de Johanna Demetrakas
A partir de mulheres retratadas pela fotógrafa Cynthia MacAdams, no seu livro Emergence, publicado em 1979, e entrevistadas hoje em dia, o documentário Feministas: o que elas estavam pensando?, de Johanna Demetrakas, narra um pouco da segunda onda do feminismo nos Estados Unidos, tocando em pautas importantes ao movimento até a atualidade: o pessoal como político, o direito ao aborto, questões trabalhistas e a interseccionalidade de gênero, raça e sexualidade. Para o livro, que virou posteriormente uma exposição, a fotógrafa queria investigar como as mulheres se expressavam e se mostravam diferentes com o feminismo – e como capturar isso em imagens.
Por momentos, há um sentimento de desesperança em ver que tanto nos EUA quanto aqui estamos vivendo em tempos de extremo retrocesso nas pautas feministas no âmbito governamental. Porém, o documentário termina elevando o tom, lembrando-nos que há hoje uma juventude criada por mulheres e homens diferentes e que devemos nos unir e continuar na luta.
O documentário está disponível na Netflix.
A festa da Joana
A festa da Joana, de Kelly Cristina Spinelli e Vera Vasques, é um curta-metragem de ficção que narra a jornada da protagonista para obter uma festa de aniversário parecida com ela. Ao completar 9 anos, Joana deseja comemorar com o tema do Batman, seu super herói favorito. Mas tanto a mãe quanto os colegas da escola insistem que isso não é “coisa de menina” e que um tema de princesas se encaixaria muito melhor na sua realidade. Afinal, o que é ser menina? E por que Joana deveria abandonar sua individualidade e seus gostos para ser essa tal de “menina”, personagem definida que todos parecem saber como é, o que usa e do que gosta.
Elas da favela, de Dafne Capella
Elas da favela, da diretora Dafne Capella, entrevista mulheres moradoras do Complexo do Alemão após a megaoperação policial de 2007. Elas falam sobre segurança, sobre os confrontos com a polícia, os tiroteios, os perigos, a relação com os filhos. Falam também sobre ser mulher, morar na comunidade e a forma como são vistas pelo restante da sociedade.
“Escolhemos entrevistar mulheres pela importância de se dar voz a quem sofre mais com a questão da ‘insegurança pública’. Ouve-se outros setores da sociedade, mas o morador da favela, de uma forma geral, que é quem está no meio do fogo cruzado, não é ouvido”, conta a diretora. “E em não se dando voz ao morador da favela, menos ainda à mulher.”
Não sou eu uma mulher?
Sojourner Truth, abolicionista negra, ficou famosa por discursar em uma Convenção pelos Direitos das Mulheres, em Akron (Ohio), 1851, e por chamar atenção para a importância do feminismo interseccional. Ela respondeu às zombarias de homens presentes que afirmavam que mulheres eram frágeis demais, o que era incompatível com o sufrágio. Confira o discurso de Sojourner Truth interpretado por Kerry Washington.
“Bem, crianças, onde há muita algazarra, deve haver alguma coisa fora de ordem. Eu acho que entre os negros do sul e as mulheres do norte, todos falando sobre direitos… os homens brancos vão estar em uma enrascada rapidinho. Mas sobre o que estamos falando aqui?
Aquele homem ali diz que as mulheres precisam de ajuda para subir em carruagens, serem levantadas sobre poças e ter o melhor lugar onde quer que estejam. Ninguém me ajuda a subir em carruagens ou a passar sobre poças de lama, ou me dá qualquer ‘melhor lugar’! E não sou uma mulher?
Olhem para mim! Olhem para meus braços! Arei a terra, plantei, enchi os celeiros. E nenhum homem podia se igualar a mim! E não sou eu uma mulher? Eu podia trabalhar tanto e comer tanto quanto um homem – quando eu conseguia comida – e suportar o chicote tão bem quanto! E não sou uma mulher?
Eu pari treze filhos e vi a maioria deles ser vendida para a escravidão. E quando eu chorei meu luto de mãe, ninguém a não ser Jesus me ouviu! E não sou uma mulher?
Bem, o que isso tem a ver com os direitos das mulheres? Ou com os direitos dos negros? Se na minha xícara só cabe uma medida e na sua cabem duas medidas, não seria maldade não deixar que eu tenha minha meia medida cheia?
E aí vem aquele homenzinho de preto ali e diz: ‘Mulheres não podem ter os mesmos direitos que homens porque Cristo não era mulher!’ Ora, de onde veio o seu Cristo? De onde veio o seu Cristo? De Deus e de uma mulher! Homens não tiveram nada a ver com isso.
Se a primeira mulher que Deus fez foi forte o bastante para virar o mundo de cabeça para baixo sozinha, todas estas mulheres juntas aqui têm que ser capazes de colocar ele de cabeça pra cima de novo! E agora que elas estão pedindo para fazer isso, é melhor os homens deixarem!”
Goela abaixo, Liniker e os Caramelows
A entrevista com Liniker revela o processo de produção do segundo álbum de estúdio da cantora e de sua banda – os Caramelows. O vídeo dá indícios sobre a experiência de vida de Liniker, uma mulher negra e trans, e a sua paixão por música. Sua voz calma torna ainda mais intensa a força sobre o que ela fala, da necessidade da produção dessas músicas, desse álbum.
O Goela é um disco de vivência. Cada coisa que aconteceu ali eu vivi de fato.
O álbum conta com participações especiais. A música Goela, inclusive, tem um coro com um time de mulheres maravilhosas: Josyara, Juliana Strassacapa, Ayiosha Avellar, Natália Nery, Grasielli Gontijo, Tássia Reis, Mel Gonçalves, Lina Pereira e Renata Éssis.
Juanita, de Clark Johnson
Juanita, original Netflix, conta uma história já conhecida por nós: uma mulher que sai de sua rotina em uma viagem sem destino para descobrir a si mesma. O diferencial da narrativa está nos personagens, temos uma mulher negra como protagonista que é mãe solo e se vê em uma situação familiar na qual não consegue viver, ela acha que não faz bem a seus filhos e decidi ir até a rodoviária. Lá, ao ouvir uma batucada de um jovem tocando, decidi ir até a cidade de Butte, conhecendo, assim, Peaches que a leva até a Paper Moon. Na pequena cidade uma nova aventura começa, e por lá enfrenta desafios, permite-se novos amores e ares, assim como tem uma experiência de religiosidade indígena. Juanita entende que sua vida é uma jornada que precisa fazer a si mesma e continua a buscar algo a mais nesse mundo para ela.
Capitã Marvel, de Anna Boden e Ryan Fleck
Nós já publicamos a crítica do filme da heroína da Marvel. E ele também tem tudo a ver com nossa campanha de março: em Capitã Marvel é possível observar duas mulheres – Carol Danvers e Maria Rambeau – que chegaram a uma elite de pilotagem das forças armadas americanas. A cena icônica que mostra Carol criança levantando depois de ouvir um “seu lugar não é aqui”, se mescla com Carol já adulta, também ouvindo “você não pode fazer isso”. Carol, além de Capitã Marvel, lutou bastante para se tornar uma mulher que pilota aviões em um ambiente predominantemente masculino, e Maria, uma mulher negra, também estava nesse caminho cheio de percalço. Além de tudo isso, Capitã Marvel veio para dizer que não aguenta mais homens dizendo a ela o que tem que fazer.
Capitã Marvel ainda está nos cinemas! Então corre lá pra assistir a esse grande filme da Marvel.
Inspire, Expire, de Ísold Uggadóttir
Com uma narrativa simples e poderosa, o filme conta a história do encontro de duas mulheres que são mães. Lára é islandesa e mãe solo, com problemas financeiros e lutando para manter a guarda do filho Eldar. Adja é uma mulher lésbica da Guiné-Bissau que falsifica um passaporte para poder fugir do seu país e morar no Canadá. Os caminhos das duas se cruzam quando Lára indica a falsificação do passaporte de Adja. Pela improbabilidade da situação, ainda assim, as duas se apoiam, cada uma a sua maneira. Mulheres tão diferentes, mas buscando dar uma vida melhor a seus filhos e a si mesmas.
Suprema
Suprema é um longa ficcional baseado na história real de Ruth Bader Ginsburg, segunda mulher a ser nomeada Juíza da Suprema Corte dos Estados Unidos. O filme foca no período da faculdade, quando Ruth era uma das pouquíssimas mulheres no curso de Direito de Harvard, e nos anos seguintes, quando batalhou para se inserir no mercado de trabalho, enfrentando desconfiança e descrédito pelo simples fato de ser mulher. Ao longo dos anos, ela foi percebendo mudanças na forma como as novas gerações de meninas se comportavam e se organizavam, o que a inspirou a lutar por mudanças significativas no âmbito do Direito, combatendo a discriminação de gênero até então legal e amplamente enraizada na própria Constituição Federal.
Gostos e Cores, de Myriam Aziza
Simone faz parte de uma família religiosa, conservadora e racista e precisa descobrir uma forma de enfrentá-la para assumir o relacionamento de três anos com Claire. Assim, Simone começa uma jornada para se livrar do medo de confronto e buscar sua felicidade. Durante esse caminho, Simone se apaixona pelo chefe de cozinha senegalês Wali e se vê em mais um confronto interno de construção de sua sexualidade, pondo em questionamento o relacionamento monogâmico com Claire. Com pitadas de comédia e de emoção, Simone encontra sua verdadeira essência e se posiciona de forma a não se rotular e a saber que o que quer precisa passar pela aprovação de seus pais.
Coisa Mais Linda
A série brasileira original Netflix conta a história de quatro mulheres que constroem uma amizade no Rio de Janeiro de 1959. Malú é uma mulher branca e rica de São Paulo casada com Pedro, e eles têm um filho juntos. Ao viajar ao Rio, Malú se depara com uma teia de mentiras de seu marido, descobrindo que a estadia dele no Rio de Janeiro para abrir um restaurante não passou de um esquema para roubar seu dinheiro. Malú assim vê sua vida se desmoronando, mas encontra em Adélia uma amiga e companheira para ir atrás de seu grande sonho: abrir um clube de música onde as pessoas se misturam e vão para ouvir o melhor da bossa nova da então capital do Brasil. Em sua trajetória, Malú reencontra Lígia, sua grande amiga de época de colégio e também faz uma amizade profunda com Thereza.
Juntas, essas quatro mulheres lutarão para fincar sua presença no mercado de trabalho, lutando e expondo o machismo e o racismo. Na construção dessa amizade entre quatro mulheres bem diferentes entre si, é possível se emocionar e compreender que cada caminho é diferente, por serem mulheres diferentes, mas que juntas é possível conquistar muita coisa.
Papo reto
A música Papo reto é uma parceria entre Dani Nega e Craca e faz parte do álbum “Craca, Dani Nega e o Dispositivo Tralha”. O clipe foi dirigido por Day Rodrigues.
A canção questiona o conceito imposto e difundido há séculos do que é “ser mulher”, uma ideia cheia de limitações e imposições, cujo objetivo é nos enfraquecer, nos tornar submissas e nos colocar umas contra as outras, ao mesmo tempo em que exige o fim dessas amarras e a união entre mulheres.
O que escuto sobre ser mulher
eu me recuso a acreditar.
Nasci mulher, me sinto mulher
e não me importa qualquer essência,
qualquer demência que me defina.
O feminino foi inventado, padronizado e imaculado.
Nascemos unidas e fomos separadas no pós-parto
porque sabiam do nosso poder juntas.
Nos fizeram acreditar
que somos piranhas, vadias, vagabundas.
E, muito pior, nos fizeram crer
que somos nossas próprias inimigas. É mentira!
Corpo Manifesto, de Carol Araújo
O média-metragem de 28 minutos, Corpo Manifesto, de Carol Araújo, entrevista mais de 15 feministas, além de passar por alguns atos da Primavera Feminista no Brasil e, ainda, intercala as cenas com uma performance de dança e liberdade com a artista Nina Giovelli. Corpo Manifesto tem uma preocupação em apresentar essas lutas feministas a partir de um olhar interseccional.
O documentário passa por algumas premissas ou questionamentos, como: o que é ser mulher, o que são os feminismos e a autonomia do corpo. A luta feminista passa pelo domínio e autonomia de seu próprio corpo pelas mulheres. Então, a questão do corpo é transversal ao filme, focando inclusive na legalização do aborto.
Filme completo aqui!
Lalá, de Karol Conka
O videoclipe Lalá, de Karol Conka, fala sobre – e mostra metaforicamente com flores e frutas – a sexualidade feminina, mais especificamente o sexo oral.
“Quero ser bem atendida | O que me anima é a habilidade na lambida | Malícia”
O videoclipe foi inteiramente feito por uma equipe de mulheres. O vídeo é dirigido conjuntamente pela cineasta Vera Egito e a diretora de fotografia Camila Cornelsen.
A sexualidade feminina, acreditem, para muitos ainda é um tabu. E a nossa “original sem cópia” Karol Conka ajuda a quebrar esse preconceito.