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Você sabe o que é tokenismo?

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Tokenismo é a tentativa superficial e ilusória de criar inclusão de grupos minoritários. Trata-se de ações que evidenciam algumas pessoas pertencentes a minorias para dar a falsa impressão de diversidade, quando na verdade não há inclusão real.

Isso é muito comum em organizações e projetos que querem passar uma imagem positiva de suas marcas sem se esforçar para realizar mudanças de fato. 

A expressão começou a se propagar na década de 60, nos EUA, no contexto de luta pelos direitos civis das pessoas negras e segue até hoje com a popularização da internet e com as exigências de maior diversidade em todos os setores.

Um dos grandes problemas do tokenismo é que a pessoa-símbolo, o token, é transformada em ícone representativo de todo o grupo minoritário. Isso ajuda a perpetuar estereótipos e generalizações, compromete a individualidade daquela pessoa e compromete a diversidade do grupo, colocando em um indivíduo pressão para simbolizar um grupo imenso e heterogêneo.

Além disso, muitas vezes o token não tem a mesma oportunidade de crescimento que seus pares, sendo considerado apenas como funcionário/personagem propaganda, evidenciado para os holofotes, mas sem voz dentro da instituição/projeto (ou com voz parcial, ouvido apenas quando o assunto é referente à sua raça, gênero, sexualidade, etc. Preso no papel de “consultor” e representante do grupo, podendo falar apenas sobre temas restritos).

O tokenismo é muito comum no audiovisual. Personagens token costumam ser inseridos na narrativa em papéis secundários, ou mesmo em posições de prestígio, mas sem o devido desenvolvimento e sem profundidade.

É o caso de apresentar uma rainha negra, um médico latino, uma empresária mulher, um político PcD, um melhor amigo gay ou uma comerciante trans, de forma isolada, pontual, sem aproveitar para desenvolver os personagens de forma complexa, independente e com arco dramático próprio. Eles estão na obra para gerar elogios e evitar críticas muito mais do que para mobilizar mudanças.

A partir de pequenas ações de inclusão para autopromoção, os criadores sentem que já fizeram o suficiente e se colocam imunes a qualquer acusação de preconceito, evitando cobranças.

Então vamos ficar atentos ao que consumimos e entender que uma boa representação não significa apenas aparecer na tela. Longe disso.

Mixed-ish fala sobre o Tokenismo

Ao entrar em uma nova escola, Rainbow está ansiosa para se enturmar e fica contente ao ser convidada pelas colegas para usar uma fantasia de grupo no Halloween. No entanto, passa a desconfiar de que só foi convidada porque o grupo queria uma menina negra para compor as fantasias do seriado The facts of life.

Assim como poderia ser ela, poderia ser qualquer outra jovem negra para assumir o papel da personagem Tootie. Rainbow avalia como se sente ao ser restrita a um papel tão específico e ao receber um convite baseado em sua raça, quando tudo que queria era fazer amizades e se divertir em seu primeiro Halloween. Ela precisa decidir se vai usar a fantasia ou se vai falar algo a respeito para as colegas.

Por Luciana Rodrigues

É formada em Audiovisual e em Letras Português. Uma brasiliense meio cearense, taurina dos pés à cabeça, apaixonada pela UnB, por Jorge Amado e pelo universo infantil. Aprecia o cult e o clichê, gosta de Nelson Pereira dos Santos e também gosta de novela. E, apesar de muitos dizerem o contrário, acha que essa é uma ótima combinação.

Uma resposta em “Você sabe o que é tokenismo?”

Mto bom! Não é à toa que certas situações geram tanto desconforto, justamente por parecerem “forçadas” demais, especialmente no cinema… agora sei que esse desconforto tem nome rs caí de paraquedas aqui, curti bastante! Parabéns pelo conteúdo 🙂

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