Suzy deseja se tornar cineasta e gosta muito de aprender sobre tecnologia. Sua grande amiga, Paz, é uma entusiasta da Ciência. Juntas elas vão para um acampamento de verão apenas para meninas focado em atividades de STEM, em que desenvolverão suas habilidades nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática.
Ao chegar no acampamento, as garotas têm seus celulares confiscados e ficam chateadas com a insistência da instrutora para que aproveitem a natureza. Acostumadas a estarem conectadas 24h por dia e com internet disponível para saciar sua curiosidade e interesse pela pesquisa, Suzy e Paz se sentem perdidas.
Nesse contexto, elas conhecem Jordan, uma garota mais velha que ensina várias coisas novas e interessantes para as duas. No entanto, mistérios rondam a nova conhecida e Suzie e Paz precisam reencontrá-la na floresta para compreender o que está acontecendo. Para isso, precisarão desbravar a natureza, desvendar enigmas, utilizar seus conhecimentos de STEM e se permitir viver uma grande aventura: fazer uma nova amiga.
American girl: Acampamento de verão – Amigas para sempre é um média-metragem infanto juvenil de 2017, do Amazon Prime Video, dirigido e roteirizado por Alison McDonald. Por esse filme, Alison foi indicada ao Daytime Emmy Awards, ao Image Awards (NAACP), ao Directors Guild of America e ao Writers Guild of America.
É interessante ver um filme voltado para crianças e pré-adolescentes que foca em estimular o interesse de meninas pelo STEM, um conjunto de áreas historicamente dominadas por homens.
De acordo com dados da ONU, as mulheres totalizam apenas 33% dos pesquisadores nas áreas de Ciências, 22% dos profissionais que trabalham em inteligência artificial e 28% dos graduados em engenharia. Além da baixa quantidade, elas recebem menos financiamento do que seus colegas homens, têm menos probabilidade de serem promovidas e ocupam menos cargos de liderança.
Um estudo realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) concluiu que essa diferença gritante é resultado do reforço de estereótipos durante a criação de meninas e meninos. Isso começa já na primeira infância e vai aumentando com o decorrer dos anos. O estudo verificou que as meninas costumam perder o interesse no STEM com o tempo, manifestando talento e alto desempenho nos primeiros anos do Ensino Fundamental, mas baixa participação à medida que vão se aproximando do Ensino Médio.
De acordo com a autora do estudo e especialista no setor de Educação para Inclusão e Igualdade de Gênero da Unesco, Theophania Chavatzia,
“a disparidade de gênero nas áreas de STEM é reforçada pelo fato de meninas não verem mulheres que se destacam nessas carreiras. Não veem nem na mídia, nem na escola. Elas tendem a acreditar que não são tão boas em STEM quanto os meninos. Passam a achar que são melhores em humanidades, por exemplo, e que não são boas em ciências. Tendem a assimilar esse estereótipo e a ficar longe. Quando elas vão para a escola, ao invés de quebrar o estereótipo, muitas vezes isso é reforçado pelas atitudes dos professores, que também carregam esses estereótipos, e até mesmo pelo currículo escolar.”
Por isso é tão importante ver obras que mostrem meninas e mulheres desenvolvendo seu interesse e potencial nas áreas de STEM, estudando, trabalhando, sendo reconhecidas por seu talento e mostrando que todas as áreas de interesse são possíveis e alcançáveis.
Ao mesmo tempo em que é positivo que elas vejam mulheres adultas sendo bem sucedidas nessas áreas, como referência e estímulo para o futuro, é também significativo que elas vejam meninas de idades similares às suas vivendo essas experiências. Tendo sua curiosidade e criatividade instigadas e tendo a certeza de que não há nada que elas não possam aprender.
É também imprescindível que os meninos internalizem isso, que cresçam compreendendo que tudo pode ser “coisa de menina” e que nenhuma área é campo específico de apenas um gênero. Nesse sentido, American girl: Acampamento de verão – Amigas para sempre é uma ótima programação para toda a família.