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Dica Arte Aberta: As histórias não contadas de Armistead Maupin, de Jennifer M. Kroot

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Armistead Maupin

Se você gostou da série Crônicas de San Francisco (a temporada de 2019 e as da década de 90 e do início dos anos 2000), fica a dica do documentário As histórias não contadas de Armistead Maupin, que está disponível na @netflixbrasil. A obra, da diretora Jennifer M. Kroot, acompanha a trajetória do autor de Histórias de uma cidade, coletânea de crônicas adaptadas para o audiovisual.

Com imagens de arquivo, entrevistas e conversas com o autor, o documentário conta a história de um Armistead jovem, conservador, preso dentro do armário e ansioso para agradar o pai, um homem preconceituoso e marcado por seus próprios traumas e violências. E o acompanha em lembranças sobre seus primeiros empregos, até a mudança para San Francisco, quando se deparou com um mundo tão diferente do que conhecia até então e que o mudou para sempre (experiência compartilhada com sua protagonista Mary Ann Singleton).

Armistead revela para a diretora como surgiram as primeiras ideias para escrever as Crônicas de San Francisco e o feedback que recebia do público e dos editores. Foram necessárias estratégias para introduzir os temas e os personagens gradualmente, de forma a passar pelo crivo dos supervisores do jornal, que temiam desagradar os leitores e perder assinaturas. Foi assim que, em plena década de 70, ele lançou em um veículo de grande circulação crônicas sobre uma senhora trans e sobre o dia a dia de personagens gays e lésbicas, em uma San Francisco vibrante e repleta de histórias.

Encantou uma parte da população e escandalizou a outra ao incluir em seus contos sexo e romance entre personagens gays. E inovou (e chocou) ao retratar na ficção a epidemia de Aids que assolava o mundo na vida real. Armistead Maupin foi pioneiro em diversas questões e marcou a literatura (e posteriormente o audiovisual) ao mudar a forma como personagens LGBTQIA+ são representados.

O documentário é uma boa oportunidade para aprender sobre o autor, sobre a obra Crônicas de San Francisco, sobre seus personagens, sobre o ambiente cultural e criativo que contextualizou os trabalhos de Armistead e sobre as mudanças na sociedade ao longo dos anos no que se refere a representação de pessoas LGBTQIA+ nas artes e na mídia.

Por Luciana Rodrigues

É formada em Audiovisual e em Letras Português. Uma brasiliense meio cearense, taurina dos pés à cabeça, apaixonada pela UnB, por Jorge Amado e pelo universo infantil. Aprecia o cult e o clichê, gosta de Nelson Pereira dos Santos e também gosta de novela. E, apesar de muitos dizerem o contrário, acha que essa é uma ótima combinação.

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