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Dica Arte Aberta: série Bombay Begums

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Bombay Begums conta a história de cinco mulheres indianas de gerações e realidades socioeconômicas diferentes cujas trajetórias se entrelaçam através de círculos familiares e profissionais. Apesar das divergências, todas elas enfrentam percalços em sua luta por liberdade, respeito e independência. A série foi dirigida por Alankrita Shrivastava e Bornila Chatterjee e roteirizada também por esta dupla em parceria com Iti Agarwal. A série tem seis episódios e foi feita por mulheres e sobre mulheres.

Rani é CEO de um banco e alcançou prestígio e fortuna ao longo dos anos. Forte, confiante, prepotente e manipuladora, ela criou uma armadura em volta de si para conseguir sobreviver e se destacar em um mundo fortemente dominado pelos homens. Apesar do sucesso, ela é constantemente lembrada da fragilidade de tudo que construiu, tendo que gerenciar diversas crises no banco, no casamento, na relação com a filha e na sua imagem pública.

Certo dia, seu enteado adolescente atropela uma criança e Rani é chantageada pela mãe do menino, que exige dinheiro para não denunciá-lo. Lily é prostituta e sonha em matricular seu filho em uma boa escola, mas é impedida pelo preconceito que acompanha sua profissão. Ela acredita que, com dinheiro, poderá comprar o respeito da comunidade e boas oportunidades para o filho, mas descobre que a intolerância é uma força muito poderosa. Isso faz com que seus planos (e as chantagens à Rani) sigam mudando.

Fátima trabalha no mesmo banco que Rani e também está trilhando um caminho profissional de sucesso. Após várias tentativas de engravidar, seu casamento está em um momento delicado e ela percebe que talvez queira coisas diferentes do marido. Enquanto ele sonha livremente com filhos, Fátima começa a perceber o quão profundamente aquela mudança afetará suas oportunidades profissionais e quanta pressão existe para que ela priorize a maternidade. Essas percepções acabam tendo fortes impactos em outras esferas de seu relacionamento, fazendo com que ela avalie sua vida sexual e seu casamento.

Ayesha é uma jovem funcionária do banco no início da carreira. Recém chegada na cidade, tem dificuldade para conseguir moradia porque os locatários olham com desconfiança para mulheres sozinhas, exigindo que seja acompanhada por familiares ou um marido. Sem ter onde morar e sem querer voltar para a cidade dos pais, ela vai pulando da casa de um amigo para a outra, enquanto tenta se firmar no emprego e conseguir oportunidades para mostrar sua competência. Ao mesmo tempo, Ayesha está descobrindo sua sexualidade e experiencia diferentes tipos de relacionamentos enquanto tenta se conhecer melhor.

Por fim, Shai é enteada de Rani e está entrando na adolescência. Ela lida com questões típicas dessa fase, como as mudanças do corpo, a primeira menstruação, o desejo de se enturmar e a paixão pelo colega de turma. Com saudades da mãe, ela tenta bloquear as tentativas de aproximação da madrasta, mas descobre aos poucos que essa relação pode fortalecer ambas.

É interessante acompanhar as várias histórias que se cruzam e perceber como, apesar das diferenças, todas elas batalham para garantir seu espaço em uma sociedade patriarcal, que as trata com pesos e medidas diferentes do que trata seus maridos, colegas, irmãos e clientes. Seus corpos e desejos são constantemente expostos à opinião pública, com uma sociedade sedenta por determinar suas trajetórias.

Por Luciana Rodrigues

É formada em Audiovisual e em Letras Português. Uma brasiliense meio cearense, taurina dos pés à cabeça, apaixonada pela UnB, por Jorge Amado e pelo universo infantil. Aprecia o cult e o clichê, gosta de Nelson Pereira dos Santos e também gosta de novela. E, apesar de muitos dizerem o contrário, acha que essa é uma ótima combinação.

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