Começa hoje, dia 20 de abril, no Rio de Janeiro, o 22º Festival Internacional de Documentários É tudo verdade 2017. O festival acontece no Rio (20 a 30 de abril) e em São Paulo (21 a 30 de abril), e ainda conta com itinerância em duas cidades, Brasília (de 4 a 7 de maio) e Porto Alegre (de 3 a 7 de maio), onde serão exibidos filmes premiados e destaques do festival. Ao todo, são 82 títulos de 30 países que serão exibidos ao longo do festival.
A Competição Brasileira de Longas ou Médias-Metragens apresentará sete filmes, dos quais quatro trazem mulheres na direção, todos em estreia no país. O título vencedor conquista o Prêmio É Tudo Verdade, no valor de R$ 110 mil e um troféu. Destacamos os filmes com mulheres na direção nesta competição:
(Flavio Frederico e Mariana Pamplona, Brasil, 2017, 75 min)
Busca observar o universo de crianças com Transtornos do Espectro do Autismo, ao acompanhar, em seu dia-a-dia, crianças brasileiras de diferentes regiões, classes sociais e graus de transtorno. O filme pretende, de forma poética e tocante, apresentar uma experiência sensorial e cognitiva, além de tentar compreender como tais indivíduos vivenciam a realidade.
Mexeu com uma, mexeu com todas
(Sandra Werneck, Brasil, 2017, 71 min)
Reunindo depoimentos de vítimas e sobreviventes, o documentário coloca em pauta o abuso sexual. Depoentes como a farmacêutica Maria da Penha – que empresta o nome à lei de 2006 que criminaliza a violência contra a mulher –, a nadadora Joana Maranhão, a ex-modelo Luíza Brunet, a escritora Clara Averbuck e várias outras mulheres constroem suas narrativas.
(Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado, Brasil, 2017, 75 min)
Em março de 2010, o cineasta Jorge Furtado escreve uma postagem em seu blog, indagando quem pode ter notícias sobre a tradutora Primavera das Neves, cujo nome o fascina. A busca o leva ao encontro deste documentário, em que é guiado por amigas de infância da tradutora, Eulalie Ligneul, e a artista plástica Anna Bella Geiger.
Tudo é Irrelevante. Helio Jaguaribe
(Izabel Jaguaribe e Ernesto Baldan, Brasil, 2017, 83 min)
Nascido no Rio de Janeiro em 1923, Helio Jaguaribe é um dos cientistas políticos mais importantes do Brasil. Pertencente a uma geração de intelectuais devotados a repensar o Brasil desde meados dos anos 1950, ele é um dos expoentes do nacional-desenvolvimentismo, que formulou teorias para um capitalismo autônomo no Brasil, apoiado na integração latino-americana.
A Competição Brasileira de Curtas-Metragens exibirá nove filmes e tem premiação no valor de R$ 10 mil. Desses nove, destacamos os dois curtas com mulheres na direção:
Manual
(Letícia Simões, Cuba/Brasil, 2016, 7 min)
A cineasta Letícia Simões passou o primeiro semestre de 2016 frequentando o mestrado na Escuela Internacional de Cinema y TV, em San Antonio de los Baños, Cuba. O resultado está neste curta, em forma epistolar, em que ela conta à mãe suas impressões sobre o país, diante da iminência de grandes transformações e do que restará da revolução socialista de 1959.
Se você contar
(Roberta Fernandes, Brasil, 2017, 29 min)
Seguindo o dispositivo do documentário Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho, cinco mulheres dispõe-se a contar experiências de abuso sexual, sofridas por elas mesmas ou outras que não conseguiram expor-se diante da câmera. O filme retrata oito histórias que têm em comum detalhes impactantes, como o fato de que a maior parte dos casos não chega à polícia. (Assista o Teaser)
Nesta edição do É tudo Verdade, o júri internacional atribuirá também um prêmio para o melhor documentário de longa-metragem latino-americano. São sete produções que concorrem à premiação no valor de R$ 10 mil, dessas, duas contam com mulheres na direção:
(Camila Rodríguez Triana, Colômbia, 2016, 80 min.)
No ambiente despojado de uma residência de idosos, Libardo e Alba começam a viver uma história de amor. A partir da descoberta de seus sentimentos, tudo o que pensam é em estar juntos. Torna-se uma obsessão para eles encontrar formas de juntar dinheiro que lhes permita pagar uma noite num hotel para que desfrutem de uma intimidade impossível na instituição.
(Maite Alberdi, Chile, 2016, 83 min.)
Um grupo de amigos com síndrome de Down, na faixa dos 50 anos, encara um momento de mudança. Frequentando a mesma escola, com as mesmas rotinas há quatro décadas, já não podem contar com seus pais. Todos sonham em encontrar um trabalho, ter uma vida independente e formar família.
Em relação aos eventos paralelos à mostra, o Arte Aberta destaca a “Mesa Elviras”, que acontece dia 21 de abril, às 17 horas, no CCSP – Sala Lima Barreto, com mediação de Neusa Barbosa e Flavia Guerra (críticas de cinema e integrantes Elviras) e realizadoras convidadas. A mesa debaterá o papel das realizadoras de documentário e sua influência no cenário nacional e mundial do gênero e sua relação com a crítica.