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Elas no Oscar: Maggie Gyllenhaal | A filha perdida

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“Quando era mais nova, havia poucas mulheres dirigindo filmes. Não era algo que eu me sentia no direito de fazer. Se você era do tipo que amava filmes, gostava de contar histórias e era mulher, o caminho era ser atriz. Foi apenas recentemente que pensei: acho que quero ser diretora”, contou Gyllenhaal, no dia da primeira exibição de seu filme.

Maggie Gyllenhaal estreou recentemente como diretora e como roteirista com o longa-metragem A filha perdida. O filme venceu o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Veneza no ano passado. Em 2022, concorreu ao Globo de Ouro e levou diversos prêmios no Spirit Awards (melhor filme, melhor direção e melhor roteiro). No Oscar deste ano concorre nas categorias de atriz, atriz coadjuvante e roteiro adaptado.

Maggie Gyllenhaal na direção do filme A filha perdida

A filha perdida é uma adaptação do livro homônimo de Elena Ferrante e conta a história de Leda, uma professora universitária de quase 50 anos que viaja sozinha para curtir as férias. Lá conhece uma família estranha e suspeita que a faz refletir sobre a sua própria história e suas experiências como mulher e como mãe.

Segundo a diretora, a proposta é questionar e reconstruir a imagem materna. Quebrar a narrativa única da mãe perfeita, amorosa, feliz, que nunca erra, não se ressente e que abdica de tudo pela família.

“É raro vermos no cinema mulheres que são muitas coisas ao mesmo tempo. Existe uma grande escuridão na maternidade, mas quando a gente vê isso em um filme acaba sendo na história de uma pessoa maluca ou de uma mãe ruim. Quis contar a história de uma mãe com um espectro muito diverso de sentimentos”.

Falar sobre culpa, sobrecarga e ressentimento na maternidade ainda é muito tabu, por isso a importância de ter contato com histórias diversas e com experiências variadas de maternagem.

“Amo ser mãe, é o centro da minha vida, mas ser mãe também pode ser aterrorizante. Não falo só em cansaço – sempre tem uma mãe cansada numa sitcom, o que é fofo, mas me refiro a sentir puro terror, ansiedade e desespero e também um êxtase de partir o coração. Acho que tudo isso faz parte do espectro dos nossos sentimentos quando temos filhos. É um trabalho projetado para a gente falhar, não há meios de se preparar para isso. Exige um crescimento enorme, mas crescer é muito doloroso. Falar sobre essas arestas da maternidade com normalidade pode ser muito reconfortante”, afirma Gyllenhaal.

Ao pedir os direitos de adaptação do romance para o audiovisual, Maggie Gyllenhaal escreveu uma carta para a autora Elena Ferrante. Nela, destacou que ler sobre esses temas (sobre os quais pensamos, mas concordamos coletivamente em não falar) é perturbador e reconfortante, mas ainda estamos sozinhos em nossos quartos com esse conhecimento secreto. 

“Achei que seria uma proposta radical colocá-lo em uma tela, em um espaço comunitário, onde você pode estar sentado ao lado de sua mãe ou filha e realmente ouvir essas coisas ditas em voz alta. Então, algo está sendo realmente quebrado. Foi isso que eu propus”.

Durante muitos anos, Maggie Gyllenhaal foi reconhecida pelo trabalho de atriz. Concorreu ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2010 pelo filme Crazy Heart e em 2015 concorreu ao Emmy e ao Globo de Ouro pela atuação na série The honourable woman, tendo vencido este último prêmio.

Maggie Gyllenhaal, em The honourable woman

Por Luciana Rodrigues

É formada em Audiovisual e em Letras Português. Uma brasiliense meio cearense, taurina dos pés à cabeça, apaixonada pela UnB, por Jorge Amado e pelo universo infantil. Aprecia o cult e o clichê, gosta de Nelson Pereira dos Santos e também gosta de novela. E, apesar de muitos dizerem o contrário, acha que essa é uma ótima combinação.

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