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Quebrando o tabu sobre menstruação: novelas, séries e filmes

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O dia 28 de maio foi escolhido pela UNICEF como o dia para conscientização da higiene menstrual, popularmente conhecido como Dia da Higiene Menstrual. A data foi celebrada pela primeira vez em 2014, e é fruto de demandas de vários grupos e instituições ligadas à saúde pública, que buscaram chamar atenção para os estigmas que cercam a menstruação e o manejo da higiene menstrual de mulheres. 

Atualmente, cerca de 500 milhões de mulheres e garotas no mundo não têm o que precisam para lidar com sua menstruação de uma forma segura, higiênica e livre de estigmas sociais. No Brasil, de acordo com estudo da UNICEF publicado há exatamente um ano atrás, em maio de 2021, cerca de 4 milhões de meninas em idade escolar (38% do total das estudantes), frequentam escolas que tem privação de pelo menos um requisito mínimo de higiene (Banheiros, papel higiênico, pias e sabão). Além disso, o estudo chama atenção para o fato de que a pobreza menstrual é um conceito transdisciplinar e multidimensional, vivenciado por meninas e mulheres não só devido à falta de acesso a recursos e infraestrutura, mas também devido à falta de conhecimento e a “invisibilização” da menstruação, que alimenta mitos e tabus extremamente danosos à mulheres, meninas e pessoas que menstruam de maneira geral. 

Nesse ponto, percebemos como é importante uma representação da menstruação no audiovisual que seja casual e autêntica, evitando a perpetuação dos tabus em torno da menstruação. O audiovisual (e as artes em geral) possuem uma relação ambivalente com a sociedade, uma vez que sua representação ao mesmo tempo influencia e é influenciada pela realidade que ela pretende representar. Dessa forma, o audiovisual pode tanto quebrar estigmas quanto contribuir para a sua perpetuação. 

Não faltam exemplos negativos de representação da menstruação no audiovisual, sendo utilizada até mesmo como elemento “cômico” em certas ocasiões, associando atitudes de personagens mulheres à tensão pré-menstrual, ou em situações que perpetuam a ideia de que a menstruação é algo nojento e que deve ser escondido. 

Aqui no Arte Aberta, no entanto, escolhemos dar espaço e falar de boas representações, como o caso recente da novela “Um lugar ao Sol”, que retratou a primeira menstruação da personagem Marie (Maju Lima), que contou com a ajuda de sua madrasta Lara (Andréia Horta) para lhe explicar como deveria usar cada absorvente. 

Outro exemplo positivo pôde ser visto na série I may destroy you, de Michaela Coel, que trata de um tabu ainda maior, que é o sexo durante a menstruação. A personagem Arabella (Michaela Coel) está prestes a fazer sexo com Biagio (Marouane Zotti) e o informa que ela está menstruada. Ele diz que isso não é um problema e eles acabam conversando sobre menstruação naquele momento íntimo. 

Para complementar um pouco o assunto, e aproveitando a data de hoje, escolhemos aqui três filmes, todos disponíveis em plataformas de streaming, que abordam a temática. 

Absorvendo o tabu, 2018 (disponível na Netflix)

O curta-documentário vencedor de um Oscar, dirigido por Rayka Zehtabchi, segue um grupo de mulheres em Hapur, na Índia, enquanto aprendem a utilizar uma máquina que faz absorventes biodegradáveis e de baixo custo, que são vendidos a outras mulheres, por preços reduzidos. A máquina em questão foi criada pelo ativista social Arunachalam Muruganantham, o que nos leva ao nosso segundo filme.

Pad Man, 2018 (disponível na Netflix)

Esse filme indiano, dirigido por R. Balki, é inspirado na história do criador da máquina retratada em Absorvendo o tabu, Arunachalam Muruganantham, que no filme tem outro nome: Lakshmikant Chauhan (interpretado por Akshay Kumar). O filme carrega alguns elementos próprios das produções de Bollywood (as músicas, o estilo) e apesar de cometer alguns deslizes, como a reprodução de alguns estereótipos, a obra tem os seus momentos dramáticos e de crítica social.

Red: crescer é uma fera, 2022 (disponível na Disney+)

Essa animação, dirigida por Domee Shi (mesma diretora daquele curta super fofo, Bao), é um filme de amadurecimento (coming of age) que se passa nos anos 2000 e conta a história de Mei Lee, uma garota de 13 anos que passa por várias mudanças na sua vida, sendo uma delas a capacidade se transformar em um panda vermelho gigante. De acordo com a diretora, o título da obra (em inglês: Turning red) é uma alegoria à menstruação. 

Além disso, em determinado momento do filme a mãe de Mei, por achar que as mudanças pelas quais a garota estava passando referiam-se a sua primeira menstruação, leva ibuprofeno e absorventes para a filha na escola. Isso aparentemente deixou vários pais “mortificados” por deixarem suas crianças assistirem tal cena, o que só serve para mostrar o quão necessária é essa obra. 

Por Rafael Maximiniano

Historiador por formação, ainda não encontrou o trabalho perfeito em que só precise ler e assistir obras de ficção científica e fantasia durante o dia todo. Gamer nas horas vagas e viciado em café, bem antes de surgirem aqueles memes ridículos de minions no facebook falando “Não converse comigo antes do meu café”.

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