A revista Filme Cultura voltou com gás total e com ótimas notícias. Após o retorno com a edição nº 62 focada no Cinema Infantil, foi anunciada que a próxima revista será inteiramente voltada para o Cinema de Mulheres.
O tema foi anunciado no dia 1º de julho, no evento de relançamento da revista, que ocorreu no Encontro Nacional de Cinema, parte da programação da 16ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis. Na ocasião, uma mesa formada apenas por mulheres discutiu os rumos do cinema infantil, as especificidades de se produzir longas de animação, as dificuldades de distribuição e os encaminhamentos a serem tomados para a regulamentação da Lei nº 13.006/2014.
Ao final, a revista Filme Cultura foi distribuída e o tema da edição 63 foi anunciado: “Mulheres: câmeras e telas”. A intenção será investigar o espaço das mulheres no audiovisual nacional e o machismo no setor, além de analisar o que elas estão produzindo e como estamos sendo retratadas e representadas nas telas.
A Chamada Pública para textos que poderão entrar na edição 63 abre as inscrições no dia 25/07/2017, e vai até o dia 08/09/2017. Os interessados e as interessadas podem escrever para diversas seções. O objetivo do edital é justamente democratizar e pluralizar os olhares da revista, apresentando pontos de vista diversos sobre a mesma questão, o cinema de mulheres.
A Filme Cultura é uma revista sobre cinema que foi criada em 1966 e apresenta artigos, entrevistas e análises sobre o audiovisual nacional, abordando produção, difusão, distribuição, legislação e muito mais.
Por motivos diversos, ela foi interrompida ao longo dos anos, passando grandes períodos sem ser publicada. De 1966 até 1988, teve 48 edições, além de duas revistas especiais para os festivais de Cannes e Berlim. Apesar de ter se tornado uma referência dentre as publicações sobre cinema, a Filme Cultura só foi publicada novamente em 2007, com uma única edição (a nº 49). Em 2010, voltou a ser publicada com periodicidade trimestral, indo da revista número 50 à número 61. Em 2013 ela foi novamente interrompida e não tinha sido retomada até então.
Desde o final do ano passado, a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura tem trabalhado a ideia de relançar a Filme Cultura. Para isso, foi publicada, em novembro de 2016, uma Chamada Pública para selecionar textos para a sua edição 62. O tema escolhido foi Cinema Infantil, com o subtítulo “Infância – Cinema – Futuro”. O objetivo da edição foi analisar o cenário atual do audiovisual voltado para o público infantil no país. O que está sendo produzido, o espaço destinado a esses filmes nos festivais e no mercado, quais as dificuldades enfrentadas pelos realizadores e as particularidades de se produzir para crianças, além da representação da infância no cinema brasileiro ao longo dos anos.
As inscrições da Chamada Pública se estenderam até 16 de fevereiro deste ano e, com 8 textos selecionados, além de outros escritos por articulistas convidados e pela própria comissão editorial da revista, a Filme Cultura foi relançada e pode ser acessada na íntegra na internet (junto com todas as edições anteriores) : revista.cultura.gov.br
A revista 62 contou com 25 textos inéditos e, deles, 13 foram escritos por mulheres, permitindo ao leitor conhecer figuras imprescindíveis para o audiovisual infantil e ter contato com pontos de vista e reflexões de diversas mulheres capacitadas para discorrer a respeito de cinema e mercado.
Dentre os 8 textos selecionados na Chamada pública, dois foram escritos por autoras: Alice de Carvalho Lino Lecci, que fez uma análise sobre a representação da infância no filme Falcão: meninos do tráfico, e Aline Veríssimo Monteiro, que produziu um artigo sobre as possibilidades de uso do audiovisual nas escolas.
Seguindo essa temática, a professora e pesquisadora Adriana Fresquet, articulista convidada, preparou para a seção Livros uma apresentação da obra Cinema e educação: A lei 13.006 – Reflexões, perspectivas e propostas, além de um artigo sobre o conceito de cinema e sala de aula expandidos.
A Filme Cultura apresentou ainda informações sobre a trajetória e a carreira das organizadoras dos principais festivais infantis do país: Luiza Lins e Carla Camurati, responsáveis respectivamente pela Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis e pelo Festival Internacional de Cinema Infantil – FICI. Luiza Lins foi a entrevistada desta edição e falou sobre o espaço destinado ao público infantil no setor audiovisual e as mudanças que têm ocorrido. Além disso, ela contou a história da Mostra de Florianópolis e analisou a participação de mulheres no júri e na curadoria do evento, além de comentar sobre o aumento do protagonismo feminino nos filmes inscritos e exibidos no festival. Já Carla Camurati apareceu na seção Perfil e nos contou sobre sua primeira experiência com o cinema, quando ainda criança assistiu ao filme O mágico de Oz.
Entrevistada para a seção E agora?, um rápido jogo de perguntas, Célia Catunda falou sobre seus principais trabalhos, seu processo de criação e a trajetória na TV Pinguim. A diretora competiu no Emmy Kids Awards deste ano com o programa O show da Luna! e está lançando no cinema o longa-metragem Peixonauta, cuja pré-estreia ocorreu logo após o lançamento da Filme Cultura 62.
Também uma articulista convidada da revista, Carolina Pasquali representou o Instituto Alana e apresentou em seu texto a plataforma Videocamp e o projeto Território do brincar, abordando sua trajetória de exibição, seu alcance junto às escolas brasileiras e a forma respeitosa de tratar a infância.
A seção Curtas apresentou cinco curtas-metragens, sendo três de diretoras mulheres: Quem não tem cão, de Cíntia Domit Bittar; Òrun Àiyé, de Cintia Maria e Jamile Coelho; e Fábula de vó Ita, de Joyce Prado e Thallita Oshiro. Em relação à crítica, Bárbara Alpino fez uma análise do longa Onde vivem os monstros.
Depois da forte participação de autoras e personalidades femininas apresentadas nesta edição, ficamos aguardando a Filme Cultura 63. Os textos poderão analisar longas, médias, curtas, games e séries desenvolvidos por mulheres, analisar a presença feminina no mercado, debater o machismo, o racismo e o ageísmo no audiovisual, falar sobre representatividade, empoderamento, feminismo e igualdade de gênero no setor, dentre várias outras abordagens e interseccionalidades possíveis.
Todas as seções da revista serão destinadas ao cinema de mulheres. Não perca essa oportunidade!
Link para acesso ao edital aqui.