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16 dias e 16 filmes pelo fim da violência contra as mulheres

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Em 25 de novembro de 1981 ocorreu o 1º Encontro Feminista da América Latina e Caribe. Em homenagem ao evento, a data foi estabelecida como Dia Internacional da Não Violência Contra as Mulheres e, desde 1991, marca o início da campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”.

O período, que vai até 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos), é utilizado para proporcionar debates nos diversos veículos de comunicação sobre machismo, feminicídio e as várias formas de violência contra a mulher, dando visibilidade ao tema e denunciando práticas do dia a dia que contribuem para a perpetuação das agressões.

A campanha acontece internacionalmente e abrange hoje cerca de 130 países. O slogan deste ano é “Machismo. Já passou da hora. #podeparar”.

O Brasil antecipou o início da Campanha para 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, por reconhecer a especificidade da violência histórica contra as mulheres negras, marcadas por múltiplos tipos de opressão.

Contribuindo para o debate, listamos 16 filmes nacionais dirigidos por mulheres e que abordam diversos tipos de violência contra a mulher – física, psicológica ou sexual.

1. Um céu de estrelas, de Tata Amaral

No primeiro dia da campanha #16Filmes pelo fim da violência contra as mulheres, apresentamos o longa-metragem de Tata Amaral “Um céu de estrelas”, que foi lançado em 1996 e conta a história de Dalva, que trabalha como cabeleireira em São Paulo e recebe a oportunidade de viajar para Miami para participar de um concurso. Essa é a chance perfeita para se distanciar do companheiro opressor. Entretanto, ele não aceita a separação e a mantém refém em casa.

“Eleito pela crítica como um dos mais importantes filmes da década de 90, é a estreia de Leona Cavalli e Paulo Vespúcio Garcia no cinema. Recebeu mais de trinta prêmios nacionais e internacionais”.

Assista ao trailer:

2. Quem matou Eloá?, de Lívia Perez

Quem matou Eloá?, produzido pela @doctela, é um documentário de 24 minutos dirigido por Lívia Perez e lançado em 2015. O filme discute o caso do sequestro da adolescente Eloá Pimentel, em 2009, pelo ex namorado, Lindemberg Alves, que invadiu seu apartamento e a manteve refém por cinco dias. O crime foi amplamente explorado pela mídia e acompanhado por todo o país. O documentário discute a espetacularização da violência e a abordagem dos veículos de comunicação nos casos de violência contra a mulher, muitas vezes justificando as agressões e culpabilizando a vítima.

O filme foi  produzido a partir do Edital Carmen Santos 2013, da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, que premiou filmes dirigidos por mulheres. Desde então foi exibido em diversos festivais e conquistou prêmios nacionais e internacionais.

Assista ao documentário completo:

3. Clandestinas, da diretora Fádhia Salomão

Clandestinas, da diretora Fádhia Salomão e da roteirista Renata Corrêa, conta histórias de mulheres que abortaram ilegalmente no Brasil. Os depoimentos mesclam experiências das próprias entrevistadas e atrizes que interpretam relatos de mulheres anônimas. O filme permite refletir sobre a criminalização do aborto, suas motivações, consequências e perigos. O filme tira o aborto da situação de despersonalização, em que é fácil odiá-lo e criticá-lo, e mostra quem são as mulheres que recorrem a ele, por que o fazem, como se sentiram a respeito. O documentário dá rosto, nomes e detalhes a essas mulheres transformadas em clandestinas diariamente.

Documentário completo:

4. Atadas, de Tarsila Nakamura

Atadas, de Tarsila Nakamura, é um curta-metragem documental que apresenta histórias emocionantes de duas mulheres que sofreram violência doméstica. Elas contam sobre as agressões, sobre a falta de apoio da polícia e da sociedade, e principalmente sobre o processo de libertação.

Assista ao curta completo:

https://vimeo.com/164250547

5. Jonas, da diretora Lô Politi

O filme Jonas, da diretora Lô Politi, estreou em outubro deste ano e conta a história de um rapaz que, durante o carnaval, sequestra a filha da patroa de sua mãe e a mantém refém dentro de um carro alegórico em forma de baleia. Um sequestro, como muitos outros, justificado por “amor”. É importante assistir ao filme de forma crítica e perceber os diversos elementos que geram violência contra a mulher na nossa sociedade, como por exemplo, a romantização de um relacionamento abusivo, que acaba perdoando o sequestrador/agressor e culpabilizando a vítima.

Confira o trailer:

6. Fim do Silêncio, da diretora Thereza Jessouron

Fim do Silêncio, da diretora Thereza Jessouron, foi finalizado em 2008 e está disponível na íntegra na internet. Ele apresenta mulheres de idades, classes sociais e regiões diversas que falam abertamente sobre os abortos que realizaram e apresenta um simples e breve histórico dos trâmites legais que abordaram esse assunto até o ano de sua finalização. O documentário foi financiado pelo Selo Fiocruz Vídeo, que busca democratizar o acesso de informação sobre os principais problemas de saúde pública do Brasil.

Filme completo:

7. Meninas, de Sandra Werneck

Meninas, de Sandra Werneck, apresenta o retrato de uma situação ainda frequente hoje em dia: a maternidade precoce. O documentário acompanha as histórias de quatro adolescentes grávidas, moradoras de favelas do Rio de Janeiro, e suas relações com os pais das crianças, com a família e a comunidade.  O filme permite refletir sobre as diversas formas de violência que, em conjunto, contribuem para esse quadro. A falta de educação sexual nas escolas; a discrepância do nível de informação fornecida a meninos e meninas, que proíbe certos assuntos, brincadeiras, filmes, etc., para mulheres, impedindo que mães, amigas e irmãs se informem, aprendam juntas e se fortaleçam; o machismo, que estimula os homens a um comportamento sexual irresponsável e permite que as meninas sejam inteiramente responsabilizadas pela maternidade; dentre vários outros elementos comuns em nossa sociedade.

8. Precisamos falar do assédio, de Paula Sacchetta

Precisamos falar do assédio, de Paula Sacchetta, é um documentário que surgiu como resultado de um projeto de entrevistas realizadas em São Paulo e Rio de Janeiro, no qual mulheres eram convidadas a entrar em uma van-estúdio e relatar casos de assédio dos quais tivessem sido vítimas ao longo da vida. 140 mulheres com perfis completamente diferentes compartilharam suas histórias e 26 deles foram escolhidos para compor o filme. A ideia surgiu após a força dos movimentos #meuprimeiroassédio, #agoraéquesãoelas e #meuamigosecreto nas redes sociais, que mostraram como a violência está presente em tantos espaços e esferas da vida das mulheres e como é importante ter um espaço para que elas possam denunciar, relatar e extravasar.

Crítica Arte Aberta

Portal “Precisamos falar do assédio”: https://precisamosfalardoassedio.com

9. A boneca e o silêncio, de Carol Rodrigues

A boneca e o silêncio, de Carol Rodrigues, nos apresenta Marcela, uma menina de 14 anos que decide interromper uma gravidez indesejada. O filme de 19 minutos foi lançado em 2015 e contou com o apoio do Edital Curta Afirmativo: Protagonismo da Juventude Negra na Produção Audiovisual, da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. O filme pode ser visto no youtube e na plataforma @VideoCamp, que disponibiliza conteúdos audiovisuais para exibições públicas e apresenta material de apoio pra quem quiser se aprofundar no tema de A boneca e o silêncio.

O cuta também pode ser assistido no YouTube:

10. Gorda, de Luiza Junqueira

Gorda, da diretora Luiza Junqueira, surgiu como trabalho de conclusão de curso. O filme aborda a relação de três mulheres gordas com seus corpos, perpassando questões como gordofobia, autoestima, racismo e a obsessiva “obrigação” para se enquadrar em padrões de beleza inalcançáveis. A obra pretende sensibilizar o público a essas questões e ressignificar o termo Gorda, de forma que não seja mais usado como ofensa e sim como empoderamento.

Confira também a crítica do curta do Arte Aberta aqui: https://arteaberta.com/2017/01/03/gorda-sim-maravilhosa-tambem/!

11. Canto de Cicatriz, de Laís Chaffe

No filme Canto de Cicatriz, de Laís Chaffe, a violência sexual contra meninas é mostrada sem tabus, a partir de depoimentos de vítimas, especialistas, enquetes, filmes de ficção e dos versos do escritor e psiquiatra infantil Celso Gutfreind.

12. Estado itinerante, de Ana Carolina Soares

O curta-metragem Estado itinerante, de Ana Carolina Soares, conta a história de Vivi, uma cobradora de ônibus que quer escapar de uma relação opressora e passa o dia no trabalho tentando adiar o momento de voltar para casa. Os encontros com outras cobradoras fortalecem a mulher trabalhadora e seu desejo de fuga.

Entrevista com a diretora:

http://cinefestivais.com.br/a-cumplicidade-em-meio-a-catracas-diretora-fala-sobre-curta-estado-itinerante/

13. Câmara de espelhos, de Dea Ferraz

Câmara de espelhos, de Dea Ferraz, investiga como os homens enxergam a mulher e sua posição na sociedade, contribuindo para a construção de sua imagem social. Por meio de conversas informais realizadas com diversos homens moradores da região metropolitana de Recife, o longa mostra ao espectador o ponto de vista masculino e tenta compreender de que forma a nossa comunidade machista e patriarcal e seus discursos reforçam violências e opressões.

Confira matéria sobre o filme:

http://www.brasilpost.com.br/2016/09/22/camera-de-espelhos_n_12130572.html?ncid=fcbklnkbrhpmg00000004

Trailer:

14. A batalha das colheres, de Fabiana Leite

A batalha das colheres, de Fabiana Leite, é um média-metragem de ficção dividido em duas fases. Na primeira, um casamento marcado pela violência. Na segunda, uma pequena comunidade que está cansada de ignorar casos semelhantes e decide se unir para defender suas moradoras e dar fim às agressões. O filme foi realizado com recursos do Edital Carmen Santos 2013.

Teaser:

15. Sonhos roubados, de Sandra Werneck

Sonhos Roubados, de Sandra Werneck, é a indicação de hoje da campanha #16Filmes pelo fim da violência contra as mulheres. O longa-metragem mostra o cotidiano das favelas cariocas através do olhar feminino e gira em torno de três amigas adolescentes, que estudam, trabalham e eventualmente se prostituem. Acompanhamos como se desenvolvem na vida delas questões como maternidade e amizade e como lidam com a violência, o machismo, o preconceito e o assédio (inclusive dentro de casa).

Para a diretora “o cinema brasileiro sempre fala dos meninos, dos homens e sempre mostra as mulheres como namoradas, como esposas dos caras das comunidades. Eu acho que faltava mostrar esse universo feminino. Quem são essas meninas, como elas vivem, o que elas querem e como é seu dia a dia”.

Trailer:

16. Na minha sopa não, de Mirela Kruel

O curta-metragem apresenta a história de uma mulher que, ao chegar em casa, começa a preparar uma sopa. Enquanto isso, ouve os sons que chegam do apartamento dos vizinhos. À medida em que percebe uma situação de violência doméstica, precisa decidir como agir.

Curta completo:

Por Luciana Rodrigues

É formada em Audiovisual e em Letras Português. Uma brasiliense meio cearense, taurina dos pés à cabeça, apaixonada pela UnB, por Jorge Amado e pelo universo infantil. Aprecia o cult e o clichê, gosta de Nelson Pereira dos Santos e também gosta de novela. E, apesar de muitos dizerem o contrário, acha que essa é uma ótima combinação.

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