Estreou em julho de 2022 a animação A fera do mar, uma obra original Netflix. O filme traz uma protagonista negra, aventureira e corajosa, que domina um espaço antes predominantemente masculino: o universo das grandes navegações, com aventuras em alto mar e capitães lendários.
O diretor Chris Williams foi responsável por obras de sucesso como Moana e Operação Big Hero, além de ter participado da equipe de roteiro de A nova onda do imperador e Mulan. Com esse currículo, era grande a expectativa para sua estreia como diretor solo.
Em A fera do mar, Maisie Brumble é uma jovem que vive em um orfanato mantido pela realeza para abrigar os filhos dos caçadores falecidos a serviço da Coroa. Nesse mundo, monstros marítimos ameaçam a segurança das pessoas, o que gera a necessidade de formar batalhões de homens e mulheres corajosos, que se aventuram no mar para caçá-los.
Maisie cresceu ouvindo incríveis histórias sobre esses caçadores que, assim como seus pais, se arriscam para manter a população em segurança. Ela os imagina como grandes heróis, vivendo aventuras magníficas e vidas repletas de propósito. É por isso que foge do orfanato e se infiltra escondida na maior de todas as embarcações: o Inevitável, que é comandado pelo mais admirável de todos os caçadores, o capitão Corvo, personagem de seus livros e de seus melhores sonhos.
Os caçadores de monstros marítimos, no entanto, vivem um período delicado e precisam provar para o rei e para a rainha que ainda são necessários. O Inevitável parte em uma arriscada missão para caçar e matar uma fera assustadora conhecida como Bravata Vermelha. O animal, anos antes, fez com que o capitão perdesse um olho em batalha, o que agora alimenta sua sede de vingança em uma perseguição obsessiva bem no molde de Moby Dick.
Diferente de outras histórias de marinheiros, o Inevitável possui muitas mulheres em sua tripulação. Longe da velha lenda de que mulheres a bordo eram sinal de azar e desgraça para o navio, em A fera do mar elas possuem posição de liderança e contam com a confiança do capitão. Especial destaque para a 1ª imediata Sarah Sharpe e a senhorita Merino, responsável por comandar os tripulantes e direcionar o navio rumo ao seu destino.
É forte a cena em que Maisie e Sarah se encontram pela primeira vez e os olhos da menina brilham ao reconhecer a grande pirata que ela sempre admirou e acompanhou através dos livros. Uma mulher negra, assim como ela, que vive a vida e a profissão que a jovem almeja, mostrando que esse é um sonho possível e alcançável. O filme não fala expressamente sobre raça, mas essa cena é extremamente simbólica e demonstra a importância da representação, ao permitir que a menina se veja em Sarah e acredite na sua possibilidade de futuro como pirata e aventureira.
Além de corajosa, Maisie é perspicaz e, ao conhecer a Bravata Vermelha, percebe que algo não se encaixa com a narrativa oficial que sempre escutou. A protagonista começa a questionar a necessidade daquela caçada e se os seres marítimos realmente são perigosos como a realeza apresenta. Através dessa reflexão, o filme ensina para as crianças (e para os adultos) a importância de se ter um olhar crítico, de analisar as informações recebidas e de questionar versões difundidas como verdades absolutas, que muitas vezes são usadas apenas como mantenedoras da ordem vigente e dos privilégios de alguns poucos.
Além disso, o filme segue uma tendência dos últimos anos de apresentar um confronto entre humanidade e natureza, em que é construído um plot twist para que encaremos as ações predatórias do homem como o verdadeiro inimigo. Assim como ocorreu em filmes como Moana, Como treinar seu dragão e Irmão Urso, nesse filme descobrimos que quem era visto como monstro/fera na verdade era apenas um animal (ou a própria Terra) assustado e ferido reagindo aos ataques humanos. Isso é construído para passar ao público a mensagem da necessidade de consciência ambiental e preservação.
Com boas cenas de ação, feras assustadoras, mensagens importantes e diversidade entre os personagens, A fera do mar há alguns anos possivelmente seria vendida como história “de menino”. Hoje encanta com uma protagonista negra, em um navio repleto de mulheres fortes, valentes e confiantes, ensinando para meninas e meninos que todos podem viver aventuras incríveis, até mesmo no fundo do mar e pegando carona na boca de um enorme monstro marítimo.
2 respostas em “A fera do mar: História de menina”
O primeira vez que eu vira um filmes
😀😀😀😀😀😀😀😀😀😀😀😀
Oi pérola Alessandra Ribeiro de Cerqueira a história e mim de pessoas que sempre se trabalho da escola da professora Jussara de eletivas bj