Continuamos com o nosso Especial do Oscar 2018 – #ElasNoOscar, analisando os filmes indicados à categoria de Melhor Filme na premiação deste ano. No primeiro post explicamos tudinho sobre os testes de representatividade analisados e detalhamos esta série especial. Confira!
O sexto filme analisado é Corra!, de Jordan Peele, indicado a quatro categorias: Melhor Filme; Melhor Direção e Roteiro Original (Jordan Peele) e Melhor Ator (Daniel Kaluuya).
Sinopse
Rose Armitage, uma garota branca, namora há cinco meses com Chris Washington, um rapaz negro. Rose convida Chris para conhecer a sua família no subúrbio americano. Conhecer a família da sua namorada, uma situação que pode ser constrangedora por si só, é ampliada pelo racismo “velado” da família Armitage. Além disso, os funcionários da residência são negros e agem de forma incomum, deixando Chris receoso e com medo de haver algo além do que aparenta.
Sob a ótica das mulheres
São três principais personagens femininas: Rose Armitage, Missy Armitage, sua mãe, e Georgina, a funcionária da residência.
Rose Armitage desempenha um importante papel na dinâmica da família e tem destaque no desfecho da trama.
Missy Armitage, branca, psiquiatra, especialista em hipnose, controla a família de forma metódica, utilizando a sua habilidade a favor das necessidades dos Armitage.
Georgina é negra, atua como empregada da família, e tem contatos pontuais, porém relevantes com o protagonista, revelando-se um dos pilares do mistério.
Como apoio, aparecem as personagens Philomena King, senhora branca que “namora” Logan King, um jovem negro, com nome verdadeiro de Andrew, e a detetive negra, Latoya, que não acredita na história que o melhor amigo de Chris, Rod Willians, conta sobre a família Armitage.
Corra! foi o único dos filmes analisados da categoria principal da noite, até o momento, a trazer mulheres negras na trama.
O filme é uma crítica ao racismo velado e explícito. Racismo que vem de expressões linguísticas; da divisão de classes; dos discursos aparentemente ingênuos; e dos preconceitos construídos. A obra faz essa crítica com um tom de suspense, e traz um exercício para que o espectador entenda o que ele inconscientemente faz ou conscientemente vive.
Ficha Técnica
A ficha técnica apresenta 23,08% de representatividade feminina, sendo que as funções unicamente exercidas por mulheres são de Maquiagem e Figurino.
Elenco Principal
Nos créditos iniciais do filme, são apresentados 12 nomes, quatro são de mulheres, sendo assim tem-se 33,33% de representatividade feminina.
Bechdel-Wallace
Aprovado.
O filme passa no teste Bechdel, todavia apenas por breves trocas de palavras entre Missy e Georgina, e Missy e sua filha Rose.
Mako-Mori
Aprovado.
Rose tem sua própria função e atuação no desenrolar do mistério.
Tauriel
Aprovado.
Rose tem importante papel no segredo que envolve a família Armitage, Missy tem papel fundamental na hipnose e Georgina desempenha sua função de funcionária da residência.
Barnett
Aprovado.
São breves os diálogos entre as mulheres sobre assuntos que não sejam os homens, diferentemente dos personagens masculinos que falam mais sobre outros assuntos que não sejam as mulheres da trama. Em certo ponto da história, acontece uma série de atos violentos que, tendo em vista a complexidade da situação em que o personagem principal está submetido, não foi interpretado como violência atrelada ao gênero masculino, pois não foi tratado como humor, ou como normal, todavia há um breve momento em que o personagem poderia ter agido como se a personagem merecesse, mas ele optou por não fazê-lo, fazendo assim, o filme passar no teste.
Resumo dos testes de representação e representatividade
Representatividade feminina na ficha técnica | 23,08% de mulheres nos principais cargos da ficha técnica |
Representatividade feminina no elenco principal | 33,33% de presença feminina no elenco principal |
Bechdel-Wallace | Aprovado |
Mako-Mori | Aprovado |
Tauriel | Aprovado |
Barnett | Aprovado |