A diretora e roteirista Anna Muylaert parte de uma inspiração livre no caso real de Pedrinho que havia sido sequestrado na maternidade, o que foi descoberto 16 anos depois. Porém, esse é só o estopim ou ponto de virada dramático do filme. Até então Pierre (Naomi Nero) estava vivendo a sua vida: escola, banda, festas e amigos. Pierre é um jovem que não hesita em explorar a sua identidade e a sua sexualidade; deixa fluir. Logo no início do filme vemos Pierre explorar signos considerados femininos e masculinos com a mesma curiosidade.
Agora, Pierre terá que enfrentar também uma mudança não escolhida, mas imposta. Ele é forçado a desconstruir o que entendia como família ao ser inserido em uma outra relação de convivência com os pais biológicos. O que de um lado é considerado um milagre – após mais de 5 mil dias de procura – para Pierre, pelo menos a princípio, é a sensação de que foi jogado no desconhecido. Para ele, o que prevalece é o estranhamento.
Todas essas questões coexistem no longa de Muylaert. E no meio disso tudo, o filme acaba tratando sobre família – sobre maternidade, mas também sobre o amor e apoio entre irmãos-, juventude, identidade, sexualidade e gênero; de maneira fluida como a própria relação de Pierre com seus interesses e vontades.
O filme, que está disponível na Netflix Brasil recebeu o prêmio de Melhor Filme Queer do júri da revista alemã Männer, o Teddy Award.
Confira a filmografia dos longas-metragens de Anna Muylaert também inclui os longas:
– Durval Discos (2002)
– É Proibido Fumar (2009)
– Chamada a Cobrar (2012) (para TV)
– E Além de Tudo Me Deixou Mudo o Violão (2013) (para TV)
– Que Horas Ela Volta? (2015)
– Mãe Só Há Uma (2016)
– Alvorada, co-dirigido com Lô Politi (2021)