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Teste Arte Aberta no Oscar 2023: Nada de novo no front

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Nada de novo no front, do diretor Edward Berger, é a terceira adaptação ao cinema da obra literária homônima, de Erich Maria Remarque. Sua primeira adaptação, de 1930, conquistou o Oscar de melhor filme e melhor direção. A nova versão de 2023 concorre em 9 categorias: filme, filme internacional, fotografia (James Friend), maquiagem e penteados (Heike Merker e Linda Eisenhamerová), música original (Volker Bertelmann), desenho de produção (Christian M. Goldbecke e Ernestine Hipper),  som (Viktor Prasil, Frank Kruse, Markus Stemler, Lars Ginzel e Stefan Korte), efeitos visuais (Frank Petzold, Viktor Müller, Markus Frank e Kamil Jafar) e roteiro adaptado (Edward Berger, Lesley Paterson e Ian Stokell).

Nada de novo no front: diretor Edward Berger

O filme conta a história do jovem Paul Bäumer (Felix Kammerer), que se alista no exército alemão na primavera de 1917 junto com os amigos de escola e parte para o fronte ocidental, no norte da França. O filme, fiel ao livro, tem uma forte mensagem denunciando a insensatez e os absurdos da guerra, a precariedade da vida nas trincheiras, a fome e a perda da sensibilidade dos soldados. 

Nada de novo no front

Diferente das outras adaptações (e do próprio livro), nesta nova versão escolheu-se criar um núcleo do “Estado-maior”, responsável pelas decisões e movimentações políticas que levaram ao armistício de 11 de novembro de 1918, liderado pelo político Matthias Erzberger (Daniel Brühl). A construção desse núcleo, e a oposição que se faz entre os soldados nas trincheiras e os generais e políticos que tomam as decisões que custam a vida de milhares, exacerba ainda mais as consequências da violência e da guerra.

Nada de novo no front

Sinopse

De acordo com a percepção do Arte Aberta evitando spoilers

Os últimos dias da Primeira Guerra Mundial, vividos por um jovem soldado alemão no fronte ocidental.

Ótica de gênero, raça e LGBTQIA+/PcD 

Não há personagens mulheres no filme, com a exceção de algumas figurantes que aparecem no começo, representando costureiras remendando os uniformes de soldados que morreram em batalha, e um pouco mais adiante, de forma distante, na figura de três camponesas que aparecem perto dos soldados em um determinado momento. Não há nenhum personagem não-branco, LGBTQIA+ ou PcD no filme.

Nada de novo no front

Embora pudesse encerrar a discussão aqui, cabe destacar dois pontos em relação à ótica de gênero. Um ponto negativo e outro não tão negativo. O ponto negativo é que a ausência de personagens mulheres foi, de uma forma ou de outra, uma decisão tomada na produção do filme. No livro e nas outras adaptações existe pelo menos uma personagem mulher importante na narrativa, que é a mãe de Paul Bäumer. Na história original, Paul volta para casa por um tempo, sofre com a readaptação à vida de civil e tem dificuldade para voltar a se relacionar com a sua mãe. Nesta versão, optou-se por não representar esse núcleo da história, apagando, portanto, uma potencial personagem mulher. 

Por outro lado, o ponto não tão negativo que vale ressaltar é que a ausência de mulheres se faz bastante presente e perceptível ao longo do filme. As mulheres representam algo externo a guerra, seja através de uma carta enviada pela esposa do amigo de Paul, Katczinsky (Albrecht Schuch), pelo desenho de uma atriz em um cartaz de teatro, que se torna companhia de um dos soldados, Kropp (Aaron Hilmer), ou até mesmo as três camponesas francesas que fazem uma curta aparição. Dessa forma, o filme faz essa associação, mesmo que sutil, do universo masculino com a violência e a guerra, e o feminino como um elemento associado à paz e à vida fora das trincheiras (apesar de sabermos que, na vida real, as mulheres e crianças são as que mais sofrem com as mazelas das guerras). 

Apesar de demonstrar situações extremas de violência e sofrimento, o filme ao menos não apresenta a guerra e os sacrifícios e vitórias dos soldados como algo a ser glorificado ou hiper valorizado, um traço que é muito presente nos filmes de guerra estadunidenses. O discurso da guerra como algo glorioso, que funciona inclusive como um elemento motivador para o alistamento dos jovens, cai logo por terra quando os soldados alemães chegam ao fronte e se defrontam com a realidade.

Representatividade de gênero, raça e LGBTQIA+/PcD

Direção e Roteiro*

* Classificação é feita de acordo com a declaração pública e disponível das pessoas LGBTQIA+/PcD e heteroidentificação de raça e gênero

O filme foi dirigido por Edward Berger, e teve o  roteiro adaptado por ele em conjunto com Lesley Paterson e Ian Stokell. Todos são brancos e há apenas uma mulher. Não foi encontrada menção na internet sobre algum deles ser PcD e/ou LGBTQIA+.

Dessa forma, a ficha técnica principal (direção e roteiro) é composta por 0% de profissionais não brancos, 25% de mulheres, 0% de PcD e 0% de LGBTQIA+.

Elenco principal*

Créditos iniciais/finais

* Classificação é feita de acordo com a declaração pública e disponível das pessoas LGBTQIA+/PcD e heteroidentificação de raça e gênero

Aparecem em destaque nos créditos finais: Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Aaron Hilmer, Moritz Klaus, Edin Hasanovic, Adrian Grünewald, Andreas Döhler, Sascha Nathan, Michael Pitthan, Thibault de Montalembert, Devid Striesow e Daniel Brühl. Dos doze atores principais, não há nenhuma mulher ou não branco. Não encontramos referência a qualquer um dos atores serem da comunidade LGBTQIA+ ou serem PcD.

Dessa forma, o elenco principal é composto por 0% de mulheres, por 0% de atores não brancos, por 0% de atores LGBTQIA+ e por 0% PcD

Nada de novo no front

Representação

Mulheres

Presença (Bechdel-Wallace)

As mulheres têm nome? 

Se falam por mais de 60 segundos?

Sobre outro assunto que não seja homens? 

Reprovado.

Não existem personagens mulheres no filme com falas.

Arco Dramático (Mako-Mori) 

Tem mulher? 

Tem arco dramático próprio? 

O arco dramático é apoiado essencialmente em estereótipos de gênero?

Reprovado.

Não existem personagens mulheres no filme com falas.

Competência (Tauriel)

Houve mulher(es) com atividade profissional definida? 

Ela é competente na atividade?

Grau da Competência Caso a mulher seja competente, quão competentes elas são em sua atividade profissional (1 a 5 , sendo  1 – pouco competente e 5 – muito competente) 

Houve reconhecimento dessa competência?

Reprovado. 

Nota: 0

Não existem personagens mulheres no filme com falas.

Apresentação de estereótipos

Como é a representação das personagens mulheres (escala de -1 a 3)

Sendo -1, estereótipos ofensivos;  

0, não tem; 

1, personagem de apoio ou secundários/principais com muitos estereótipos; 

2, personagens secundários/principais com poucos estereótipos; 

3, personagem principal/secundário muito bem representada, ou personagem principal sem ou com pouquíssimos  estereótipos

Nota: 0

Não existem personagens mulheres no filme com falas.

Raça

Arco dramático (Mako Mori)

Tem personagem não branco? 

Tem arco dramático próprio? 

O arco dramático é apoiado essencialmente em estereótipos de raça?

Reprovado. 

Não existem personagens não brancos no filme.

Apresentação de estereótipos

Como é a representação dos personagens não-brancos (escala de -1 a 3)

Sendo -1, estereótipos ofensivos;  

0, não tem; 

1, personagem de apoio ou secundários/principais com muitos estereótipos; 

2, personagens secundários/principais com poucos estereótipos; 

3, personagem principal/secundário muito bem representada, ou personagem principal sem ou com pouquíssimos  estereótipos

Nota: 0

Não existem personagens não brancos no filme.

LGBTQIA+

Arco dramático (Mako Mori)

Tem personagem LGBTQIA+? 

Tem arco dramático próprio? 

O arco dramático é apoiado essencialmente em estereótipos de LGBTQIA+?

Reprovado. 

Não existem personagens LGBTQIA+ no filme.

Apresentação de estereótipos

Como é a representação das personagens LGBTQIA+ (escala de -1 a 3)

Sendo -1, estereótipos ofensivos;  

0, não tem; 

1, personagem de apoio ou secundários/principais com muitos estereótipos; 

2, personagens secundários/principais com poucos estereótipos; 

3, personagem principal/secundário muito bem representada, ou personagem principal sem ou com pouquíssimos  estereótipos

Nota: 0

Não existem personagens LGBTQIA+ no filme.

PcD 

Arco dramático (Mako Mori)

Tem personagem PcD? Tem arco dramático próprio? 

O arco dramático é apoiado essencialmente em estereótipos de PcD?

Reprovado. 

Não existem personagens com deficiência no filme.

Apresentação de estereótipos

Como é a representação das personagens PcD (escala de -1 a 3)

Sendo -1, estereótipos ofensivos;  

0, não tem; 

1, personagem de apoio ou secundários/principais com muitos estereótipos; 

2, personagens secundários/principais com poucos estereótipos; 

3, personagem principal/secundário muito bem representada, ou personagem principal sem ou com pouquíssimos  estereótipos

Nota: -1 

Embora não existam personagens com deficiência no filme, em uma cena específica um dos personagens se recusa a amputar a perna, por conta de um ferimento, e utiliza um termo ofensivo (em alemão “krüppel”, equivalente a “aleijado” em português).

Resumo do Teste Arte Aberta

Representatividade

Representação

Estrelas Arte Aberta: 0

Por Rafael Maximiniano

Historiador por formação, ainda não encontrou o trabalho perfeito em que só precise ler e assistir obras de ficção científica e fantasia durante o dia todo. Gamer nas horas vagas e viciado em café, bem antes de surgirem aqueles memes ridículos de minions no facebook falando “Não converse comigo antes do meu café”.

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