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7 seriados com fortes relações entre mães e filhas

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mães e filhas

Em tempos de pandemia, muito se fala sobre saudade e sobre a vontade de estar com nossos entes queridos. Infelizmente, em 2020 e 2021, foram muitas datas especiais que precisamos passar longe, sem abraço, sem toque e, às vezes, até sem a possibilidade da despedida final. A distância tem sido necessária para manter nossos familiares e amigos em segurança (e, obviamente, a sociedade como um todo) e sabemos que evitar aglomerações tem salvado vidas. Quem ama cuida (pode ser clichê, mas nunca foi tão verdadeiro).

Nesse dia das mães, mais uma vez não poderemos encher a casa da avó, comer o almoço delicioso da mãe, encher todas com abraços e beijos e ouvir aquela conversa alta e bagunçada, em que todas as tias falam ao mesmo tempo, em uma gostosa mistura de histórias, risadas e muito carinho.

Pensamos então em organizar uma lista de seriados que abordam essa relação tão especial entre mães, filhas e avós, para enchermos nossos lares de memórias afetivas e de presença, mesmo que fisicamente distantes. São obras que retratam as complexidades dessas relações, repletas de momentos amorosos, de ensinamentos e também de puxões de orelha, de discordâncias, de incompreensão e de rebeldia. A intenção é mostrar que não existe uma fórmula mágica de como uma relação entre mães e filhas deve ser, existem milhares de dinâmicas possíveis e não há problema nisso.

Rory, Lorelai e Emily – Gilmore girls

O clássico dos clássicos! Não há quem fale sobre relação entre mães e filhas no audiovisual e não receba referências das garotas Gilmore. Na série dos anos 2000, Lorelai engravidou aos 16 anos e rompeu com a família e com o pai do bebê devido às expectativas que foram criadas para a sua vida. Sentindo-se presa às pressões daquele mundo e em um relacionamento de pouco afeto e compreensão com os pais, ela fugiu e criou sua filha com o apoio de uma comunidade gentil, em que vizinhos tornaram-se uma verdadeira família.

Anos depois, quando sua filha Rory completa 16 anos, ela precisa retomar a relação com os pais para custear os estudos da jovem. O que começa como uma obrigação acaba se tornando a possibilidade de criar vínculos e de finalmente compreender aquelas pessoas que sempre foram estranhas para ela.

Lorelai e Rory são melhores amigas e fazem tudo juntas. Adoram cinema, adoram comer (e como comem!), são viciadas em café, falam muito e têm um senso de humor bem peculiar e cheio de referências. Elas vivem em seu próprio mundo e se completam de uma forma mágica. Quem nunca viu a série e sonhou em ser amiga da mãe daquele jeito?

Claro que, com o passar dos anos, fases difíceis surgem, elas têm problemas em sua relação e precisam reencontrar o caminho até a outra novamente. Mas o marcante do programa é justamente o companheirismo entre elas e a presença de uma na vida da outra em cada fase, em cada conquista ou tristeza. É gostoso ver a dinâmica das duas e adentrar no mundo que criaram.

E apesar do centro da trama ser a relação entre Lorelai e Rory, é muito interessante acompanhar o fortalecimento do vínculo entre Lorelai e sua mãe Emily. Mulheres com visões e expectativas diferentes, que parecem não se acertar em nada. Mesmo assim, aos poucos vão tendo a oportunidade de se conhecer melhor, de ter momentos só das duas e protagonizam boas cenas da série. Afinal, nem todo mundo tem uma relação de melhor amiga com a mãe, como Lorelai e Rory, o que não significa que o relacionamento seja um fracasso. Emily e Lorelai vão aprendendo a encontrar o seu caminho e o seu próprio ritmo.

Jane, Xiomara e Alba – Jane, the virgin

As mulheres Villanueva são muito diferentes entre si e, mesmo assim, são conectadas por sentimentos intensos. A matriarca, Alba, é uma senhora latina que foi para os EUA há muitos anos. Religiosa e conservadora, tem muitos atritos com a filha Xiomara devido a seus namoros, a suas roupas e a suas formas de se comportar. Livre e extrovertida, Xiomara é dançarina e sonha em deslanchar sua carreira de cantora. Não compartilha dos pensamentos conservadores da mãe e festeja, namora e se diverte livremente. Sua filha Jane, aos 20 e poucos anos, é uma jovem estudiosa, pragmática, que ama escrever e está tentando trilhar seu caminho no mundo profissional.

Grávida de forma inesperada (para dizer o mínimo), Jane recorre à sua mãe e à sua avó para entender as mudanças que estão ocorrendo em sua vida e para tomar decisões importantes. Tão diferentes, mas sempre unânimes em seu amor, elas protagonizam muitas cenas lindas, que fazem chorar até o mais duro espectador. Juntas em todos os momentos importantes, as três aprendem muito umas com as outras e apresentam a mais linda história de amor do seriado.

Isso sem falar na própria jornada de Jane como mãe, que aprende e nos ensina tanto. As diversas temporadas perpassam a gravidez, o parto, os primeiros meses, cada aprendizado da criança, a ida para a escola, a penosa competitividade entre mães, a importância de uma rede de apoio, diagnósticos assustadores e a reorganização frente a uma nova realidade, dentre muitos e muitos assuntos trabalhados a partir da maternidade.

Elena e Gabi – Diário de uma futura presidente

Elena torna-se a primeira presidente latina dos Estados Unidos, uma conquista e tanto. Sua mãe envia para a Casa Branca o diário que ela escrevia nos tempos da escola, o que permite à presidente relembrar seus tempos de menina e todas as escolhas e caminhos que a levaram até ali.

Aos 12 anos, Elena lidava com a morte do pai e com uma nova fase no colégio, desafiadora e assustadora, mas também cheia de oportunidades. Durante todo esse processo, teve ao seu lado a figura da mãe, Gabi, uma advogada talentosa e dedicada, que serve de exemplo profissional e ético para a filha.

Viúva há pouco tempo, Gabi sofre com a saudade do marido, mas tenta se mostrar forte diante dos filhos. Ela é uma mãe presente, carinhosa, que tenta lidar com essa repentina mudança na dinâmica familiar. De repente tem que cuidar de tudo sozinha, desde as conversas sobre sexo e proteção, até os ensinamentos sobre menstruação e tpm. Consolando, dando bronca, colocando de castigo e incentivando os sonhos e paixões dos dois filhos.

Como boa parte dos pré-adolescentes, Elena não enxerga muito o lado da mãe. Imersa em seus próprios problemas e sentimentos, acredita que a mãe está lá apenas para ajudá-la e satisfazê-la. Nesse processo, fica extremamente chateada quando Gabi arranja um namorado e sente ciúmes dessa nova figura que passa a ocupar um espaço em sua família. É necessário um longo processo de adaptação, em que Elena aprende a olhar com mais cuidado para as necessidades dos outros e a não se colocar como centro de tudo, para que a filha perceba que Gabi está finalmente feliz, depois de anos de luto e solidão. Elas então têm a oportunidade de amadurecer e fortalecer sua relação, tornando-se mais próximas e mais amigas.

Anne e Marilla – Anne with an E

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Marilla definitivamente não queria uma filha. Ela e o irmão são dois idosos que decidem adotar um menino órfão para ajudá-los a cuidar de Green Gables (sua fazenda na Ilha Príncipe Eduardo, no Canadá). Por uma falha de comunicação, eles recebem uma menina.

A reação inicial é tentar devolvê-la e se ater ao plano inicial, mas a situação se complica quando a menina se desespera sem querer voltar ao orfanato e foge. Com pena, resolvem dar uma chance à jovem Anne Shirley.

Diferente de qualquer pessoa que já tinham conhecido, Anne é sonhadora e fala pelos cotovelos. Se mete nas mais absurdas confusões, gosta de fantasiar e chama atenção por onde passa com seu estranho jeito de falar e sua enorme admiração por quase tudo que encontra. De imediato, Mathew (irmão de Marilla) se afeiçoa à protagonista, mas Marilla demora a se acostumar com o jeito de Anne, tão diferente do seu próprio.

Com broncas aqui e acolá, Marilla tenta incutir na menina noções de religião, de etiqueta e de comportamentos “adequados” a jovens da sua idade. Muitas vezes se frustrando e se exasperando, com o tempo ela passa a se divertir com as aventuras de Anne e as duas desenvolvem uma relação de muito carinho e companheirismo. Anne torna-se, de forma gradual, mas não menos intensa, filha de Marilla.

Os anos passam e uma não consegue mais viver sem a outra. Em determinado momento, Anne sente necessidade de buscar informações sobre suas origens e sobre sua mãe biológica, o que desespera Marilla, que acha que vai perder a filha. É necessário então aprender (na base do erro e do acerto) a delicada arte de “soltar os filhos para não perdê-los”. Marilla percebe que quanto mais prende Anne, mais a filha se ressente e se afasta. Ao negar algo tão importante para ela, acaba por perdê-la aos pouquinhos.

Ela então passa a ajudar a filha nessa investigação e as duas tornam-se ainda mais companheiras. Marilla fica ao lado de Anne para apoiá-la, seja qual for a descoberta. Para comemorarem juntas ou para dar uma palavra de conforto. Marilla e Anne aprendem que precisam respeitar as decisões e as necessidades uma da outra para fortalecerem cada vez mais sua relação.

Alice e Anne – Supermães

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A série Supermães é focada em um grupo de apoio para mulheres que acabaram de ter filhos. O programa começa no momento em que a protagonista vai voltar a trabalhar após o período da licença maternidade. No grupo elas trocam experiências, conselhos e acabam desenvolvendo amizades para além dos encontros semanais.

Apesar do foco inicial da série ser esse período pós parto e a adaptação da vida das mães à rotina com seus bebês, com o passar dos episódios vamos adentrando mais nos universos de cada família, nos problemas conjugais e nas dificuldades e vitórias profissionais. Um grande mérito do seriado é trabalhar a amizade da protagonista Kate com sua amiga de longa data Anne.

Apesar de Anne ter tido um bebê há pouco tempo, o que a fez frequentar o grupo de apoio com Kate, a relação mais interessante é entre ela e sua filha mais velha, Alice. Ao longo das temporadas, Alice passa de criança ao início da adolescência e cada fase se apresenta com muitos desafios para os pais. Rebelde e agressiva em casa, Alice não obedece, dá respostas arrogantes e enfrenta os adultos com frequência, o que deixa os pais muitas vezes sem saber como agir. Mesmo sendo terapeuta e lidando diariamente com problemas de relacionamento e de comportamento, Anne não sabe o que fazer quando se trata de sua própria filha.

Aos poucos, Anne vai descobrindo mentiras contadas por Alice e comportamentos potencialmente perigosos, o que gera desespero e um sentimento de perda de controle. Na tentativa de mudar o rumo das coisas, ela começa a impor limites muito rígidos e trata a filha de forma dura, com um enfoque muito punitivo. Percebe que essa estratégia também traz desvantagens e se sente impotente sem saber como se relacionar com a menina.

Com o tempo (e muitas tentativas frustradas), elas vão encontrando seu caminho. Anne vai entendendo do que a filha precisa e a jovem vai se abrindo para pedir ajuda. É uma dinâmica longe de perfeita, sem fórmula mágica. Mas são justamente os tropeços e o medo de errar que tornam a personagem tão humana e altamente identificável.

Elena, Penelope e Lydia – One day at a time

A família Alvarez é composta por imigrantes cubanos que vivem nos EUA há muitos anos. A avó Lydia é muito ligada às suas origens cubanas e mesmo após décadas vivendo em outro país ainda tem dificuldades com o inglês. Ela se orgulha de sua latinidade e quer sempre demonstrá-la através da dança, da culinária, dos costumes e da forma bem própria (e próxima) que famílias latinas se relacionam. Ela vive com a filha Penélope em um quartinho improvisado no meio da sala, isolado apenas por uma cortina, o que tira a privacidade de todos da casa.

Apesar de se exasperar com a intromissão constante da mãe, Penélope tem nela uma grande companheira para ajudar a cuidar dos dois filhos adolescentes (e posteriormente o companheirismo cresce para além dos filhos, focando em sua própria relação).

Ex veterana de guerra e enfermeira que trabalha o dia inteiro, Penélope tem dificuldade para cuidar de tudo, pagar todas as contas e encontrar um tempo para cuidar de si mesma. A partir dela, a série trabalha questões como ansiedade e a importância de buscar ajuda psicológica/psiquiátrica.

Nesse processo, Lydia participa de forma intensa da rotina dos netos. Alex é seu neto preferido e a relação entre os dois é fácil e sem desafios. Já com a neta Elena é preciso transpor algumas barreiras (inclusive de idioma). Enquanto a avó é conservadora, machista e tem ideias bem ultrapassadas sobre como mulheres e homens devem se comportar, a neta traz para a rotina da família discussões sobre gênero, sexualidade e estereótipos, tentando sempre convencer os demais a se engajarem mais. Uma se exaspera com a outra e tenta impor sua visão de mundo. Com o tempo, Lydia e Elena vão encontrando semelhanças no meio do caminho e aprendem que o respeito é o mais importante.

Kate e Rebecca – This is us

Kate sempre foi mais próxima do pai. Rebecca sempre teve uma relação especial com o filho Randall. Mãe e filha, que passaram por tantas coisas juntas, sempre tiveram uma espécie de estranhamento uma com a outra. Apesar da relação envolver muito amor, muitos momentos divertidos e memórias doces, Kate e Rebecca sempre pareceram ter um bloqueio em sua relação.

Dos três filhos de Rebecca, Kate foi a única que puxou o talento da mãe para a música. Ao invés de uni-las, essa semelhança sempre deixou uma resistência na menina, que desde jovem se comparava com a mãe e ficava insatisfeita com o resultado.

Kate é obesa e tem dificuldade em lidar com a mãe, magra, linda (como ela sempre faz questão de dizer) e talentosa. Ela se ressente com a comparação e se sente em desvantagem. Também não acredita que a mãe possa de fato compreendê-la e se colocar em seu lugar, o que faz com que afaste Rebecca ao longo dos anos.

Rebecca tenta lidar com essa barreira imposta pela filha. Mas à medida que se preocupa com Kate, com sua saúde, seu peso e sua alimentação (e, de forma mais abrangente, com sua felicidade, seu talento e sua música), a filha interpreta todos os comentários como julgamentos, como comprovações de que “perdeu” na comparação. E dessa forma, a distância entre as duas apenas aumenta com o passar dos anos.

Apenas quando Kate experiencia a maternidade, permite se aproximar da sua própria mãe. A pessoa com quem ela sempre teve ressalvas passa a ser sua companheira e confidente. Esse movimento se alinha com o envelhecimento de Rebecca e com a percepção de que elas não têm tempo ilimitado para se aproximar e aproveitar a companhia uma da outra. Passa a ser então uma questão urgente (em questão de tempo e de intensidade) mãe e filha se conhecerem melhor.

Cabe um destaque para a cena linda na quarta temporada em que Kate e Rebecca cantam juntas em um karaokê a música Ironic, de Alanis Morissette. Finalmente essas duas maravilhosas cantando juntas, demonstrando talento e entrosamento (o que, a despeito da letra da música, somos muito gratos e felizes por ter acontecido, mesmo com tanto tempo de “atraso”).

Por Luciana Rodrigues

É formada em Audiovisual e em Letras Português. Uma brasiliense meio cearense, taurina dos pés à cabeça, apaixonada pela UnB, por Jorge Amado e pelo universo infantil. Aprecia o cult e o clichê, gosta de Nelson Pereira dos Santos e também gosta de novela. E, apesar de muitos dizerem o contrário, acha que essa é uma ótima combinação.

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