O filme “O mau exemplo de Cameron Post” (“The miseducation of Cameron Post“) (2018), de Desiree Akhavan, se passa em 1993, quando a jovem Cameron Post (Chloë Grace Moretz) é flagrada com outra garota no seu baile de formatura. Ela é então enviada pela tia para um centro religioso, chamado Promessa Divina, que afirma “curar” jovens atraídos pelo mesmo sexo. O filme, que foi vencedor do prêmio do júri do Festival de Cinema de Sundance 2018, é baseado no livro homônimo de Emily M. Danforth.
O filme aborda o absurdo – e os efeitos devastadores – da terapia de conversão ou re-orientação, também conhecida como cura gay. O “tratamento” supostamente psiquiátrico, psicológico ou religioso tem como objetivo mudar a orientação sexual ou a identidade de gênero de um indivíduo, tendo a heterossexualidade como “norma”.
Vale ressaltar que, em 1990, a homossexualidade saiu da lista de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS) e, em 1999, o Brasil foi o primeiro membro da ONU a impor medidas de restrição contra a terapia de reorientação sexual. Apesar de nos últimos anos (assim como outros retrocessos) o país conviver com projetos que visam autorizar a absurda, antiética e irreal “cura gay”.
“O Mau Exemplo de Cameron Post” apesar de tratar de um assunto tão doloroso – e de ter momentos devastadores – carrega um tom leve que apresenta, a partir da amizade de Cameron, Jane e Adam, uma saída possível para esses três jovens, longe daqueles que acreditam haver algum defeito a ser curado. A diretora iraniana-estadunidense Desiree Akhavan também dirigiu Appropriate Behaviour (2014).
Outro filme que também aborda a temática, com um tom ainda mais pungente e sombrio, é Boy Erased: uma verdade anulada, de Joel Edgerton.
As duas obras valem para a discussão e para confirmar o absurdo que é não aceitar as pessoas como são – e o mal que essa negação causa a todos os envolvidos!
