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Cartas para Elas Podcast

Por que escrever Cartas para Elas?

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Quem escreve cartas, escreve com o coração.

Cartas são subjetivas, envolvem dois sujeitos que se colocam em palavras. Cartas possuem um remetente e um destinatário, viajam o tempo e o espaço, e persistem como uma forma de comunicação afetiva. 

Sêneca, o filósofo estoico, sobre as cartas que recebia de um amigo, escreveu:

“Sempre que suas cartas chegam, imagino que estou com você, e tenho a sensação de que estou prestes a falar a minha resposta, em vez de escrevê-la. Portanto, vamos juntos investigar a natureza de seu problema, como se estivéssemos conversando um com o outro”.

A carta, mesmo com o seu destinatário, é um exercício pessoal de escrita, de análise, de mergulho sobre as questões do outros, mas que nos preparam para quando situações semelhantes nos forem apresentadas, pois fizemos essa prática. Ao falar para o outro, damos conselhos para nós mesmos também.

Para Diana Klinger, no livro “Escritas de si”, a autora coloca que a carta

“torna o escritor ‘presente’ para aquele a quem a envia. Escrever é ‘se mostrar’, se expor. De maneira que a carta, que trabalha para a subjetivação do discurso, constitui ao mesmo tempo uma objetivação da alma. Ela é uma maneira de se oferecer ao olhar do outro: ao mesmo tempo opera uma introspecção e uma abertura ao outro sobre si mesmo” (p. 24). 

Escrever cartas é criar uma autoficção. Imagine agora escrever cartas para personagens ou personalidades do audiovisual. Mulheres – reais ou fictícias – que nos tocam e nos acompanham, ao ponto de sentir como se fossemos amigas. É um ato de colocar essa autoficção em alta voltagem.

O projeto Cartas para Elas, então, rompe a barreira do provável, e se entrega a mundo de possibilidades imaginárias. 

As Cartas para Elas nos levam para temáticas diversas, mas que acompanham muitas mulheres, falamos de relações familiares e amorosas, relacionamento abusivo, tradição e coragem, busca profissional, quebra de tabus geracionais, filosofia, casamento e amor. As cartas, assim, falam sobre as experiência de ser mulher.

Chego a imaginar, inclusive, relação entre algumas dessas mulheres. Como por exemplo, entre Glorinha, personagem do filme brasileiro “Separações”, e Nicole, personagem do filme “História de um casamento“. As duas são casadas com diretores egocêntricos do teatro, mas que tomam cada uma seu rumo sobre ficar ou não na relação.

É possível entender esse projeto também como uma nova forma de escrever críticas audiovisuais, mais íntimas e próximas, num exercício de se colocar sim como sujeito escritor e espectador.

Ao falar com essas mulheres, também trazemos à tona uma questão tão importante ao nosso Coletivo Arte Aberta: a representação e a representatividade das mulheres no audiovisual. E agora, com o podcast, as cartas ganham outros leitores/ouvintes. 

Surgirão outras cartas, a cada vez que uma relação de amizade imaginária se formar. Acompanhe assim essa conversa entre mulheres – e o debate que pode surgir a partir daí.

Por Lina Távora

É uma cearense que mora em Brasília, jornalista fora da redação, mestre em comunicação/cinema, feminista em construção, mãe com todo o coração e tem no audiovisual uma paixão constante e uma fé no seu impacto para uma mudança positiva na sociedade.

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