De 15/09 a 15/10 é comemorado o mês da herança hispânica/latina (#LatinxHeritageMonth). Esse período é destinado a celebrar, reconhecer e divulgar as histórias, os trabalhos e as contribuições culturais e artísticas de cidadãos latinos e de ascendência latina.
Sabe por que essas datas foram escolhidas? A data de início (15/09) marca o aniversário de independência de cinco países: Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua. E é seguida pela independência do México em 16/09 e do Chile em 18/09. Inicialmente, a data comemorativa era de apenas uma semana, quando foi inaugurada em 1968, mas 20 anos depois foi prolongada para um mês.
De acordo com o Censo nacional, em 01/07/2019, 60,6 milhões de pessoas se identificaram como latinas ou hispânicas nos Estados Unidos, totalizando 18,5% da população total e se estabelecendo como o maior grupo étnico/racial minoritário do país.
Obviamente não existe época restrita para difundir informação sobre as diversas realizações e os talentos latino-americanos. Mas em tempos de intolerância, em que muitos defendem muros, torna-se ainda mais importante ter datas comemorativas e ações organizadas.
Pensando nisso, o Arte Aberta aproveita o mês da herança hispânica/latina para indicar duas obras audiovisuais cujas temáticas principais giram em torno das experiências de comunidades latinas nos Estados Unidos, lançando luz sobre algumas questões que essas comunidades costumam vivenciar.
In the Heights
Para os fãs de musicais e de Lin-Manuel Miranda (Hamilton), essa é uma super dica! O filme In the Heights (Em um bairro de Nova York) foi adaptado do musical da Broadway de mesmo nome. Essa foi a estreia de Lin-Manuel nos musicais e seus primeiros rascunhos foram escritos na década de 1990 quando o compositor ainda estava na faculdade. O filme foi dirigido por Jon M. Chu e roteirizado por Quiara Alegría Hudes.
A história se passa em Washington Heights, um bairro latino de Nova York onde o próprio compositor cresceu. O protagonista Usnavi é um jovem órfão, dono de uma bodega, que luta para juntar dinheiro suficiente para voltar para a República Dominicana. O bairro, no entanto, está passando por um processo de gentrificação. As famílias latinas estão tendo muita dificuldade para acompanhar os elevados preços de aluguel e cada vez mais negócios locais e tradicionais fecham, sendo substituídos por estabelecimentos e marcas grandes, modernas e caras. Pouco a pouco, o bairro vai mudando, os moradores latinos vão sendo obrigados a vender suas lojas e a mudar para outros locais da cidade.
Tentando resistir, Usnavi e seus amigos lutam dia após dia para pagar as contas e não deixar seus sonhos morrerem. A comunidade de Washington Heights é bem diversa e cheia de talentos. Além de Usnavi, conhecemos várias figuras do bairro, que é composto por pessoas de diferentes nacionalidades, em um carnaval de bandeiras e costumes e uma linda representação da sensação de latinidade e de orgulho que une a todos.
Lin-Manuel Miranda, ainda na faculdade, entendeu que se quisesse ver personagens parecidos com ele, deveria ele próprio escrevê-los. Propositalmente fugiu das histórias de violência e de gangues que costumam marcar a representação de latinos no audiovisual. E focou em retratar a comunidade que ele conhecia, com donos de bodegas, taxistas, manicures, radialistas e costureiras, repletos de sonhos e talentos, tentando conseguir oportunidades para melhorar de vida.
De forma leve e com vários números musicais incríveis e divertidos (e muito bem coreografados), a obra critica o processo de gentrificação e a tentativa de apagamento cultural cada vez mais comum nos bairros americanos tradicionalmente não-brancos. Aborda ainda o racismo, a forma como as pessoas sem documentação são tratadas nos EUA e a ideia do sonho americano a partir da experiência dos imigrantes latino-americanos.
Gentefied
Para quem prefere seriados, Gentefied aborda alguns temas parecidos, mas em uma história que se passa em Los Angeles e com foco em comida.
Em Boyle Heights, um bairro tipicamente latino de LA, Pop e seus netos tentam manter o restaurante de tacos da família. O bairro vem sofrendo mudanças nos últimos anos e o patriarca é pressionado com as constantes altas do aluguel a fechar o local.
Usando a criatividade e bolando estratégias para atrair mais clientes, a família se questiona sobre o quanto é bom mudar e até que ponto estão dispostos a comprometer suas tradições e características latinas para serem aceitos em um país que tenta, de muitas formas diferentes, padronizá-los e expulsá-los.
Os três netos de Pop são muito diferentes e representam a complexidade de uma geração que cresceu completamente inserida na cultura estadunidense, mas que em casa e em seus bairros foram criados por pais, avós e toda uma comunidade latina. Enquanto alguns deles estão confortáveis em manter as tradições mexicanas, outros não se sentem latinos nem americanos o suficiente e se sentem perdidos entre duas culturas. Nesse processo, todos estão tentando se entender e se esforçando para fazer o restaurante da família prosperar.
A 1ª temporada teve 10 episódios, dos quais seis foram dirigidos por mulheres e nove foram roteirizados por mulheres. A 2ª temporada já está sendo produzida.
Ainda estamos extremamente longe de ter um audiovisual representativo (de forma geral, mas aqui falando especificamente dos Estados Unidos). Apesar de, como dito anteriormente, se tratar de cerca de 18,5% da população total do país, ainda é muito comum encontrar obras sem nenhum personagem latino ou reservá-los ao elenco coadjuvante. Além dos frequentes estereótipos relacionados à criminalidade, à violência e à sensualidade exacerbada.
Mês da herança latina: mais dicas!
On my block Diário de uma futura presidente One day at a time
O Arte Aberta listou algumas obras que, mesmo que não girem em torno da latinidade como tema principal, trazem personagens e elencos latinos (sejam imigrantes ou seus descendentes). Muito mais do que simplesmente dizer no roteiro que um determinado personagem é latino, é importante que o público se acostume a ver rostos, corpos e nomes latinos, ouvir os idiomas e dialetos, ter contato com suas culturas e costumes tão variados. E é importante que isso seja associado a muitas histórias diferentes, combatendo os riscos das narrativas únicas e dos estereótipos.
Então confira os personagens que destacamos e escolha algumas histórias para conhecer!
- On my block (Ruby, abuela Marisol, César, Oscar, Olivia e Jasmin)
- Diário de uma futura presidente (Gabriela, Elena, Bobby e Camila)
- One day at a time (Lydia, Penélope, Elena e Alex)
- Jane, the virgin (Alba, Xiomara, Jane, Rogelio)
- Ugly Betty (Betty, Hilda, Justin e Ignacio)
- The Fosters e Good trouble (Mariana, Jesus, Gael e Jazmin)
- Pose (Blanca, Angel, Lulu e Papi)
- Orange is the new black (Dayanara, Gloria, Flaca, Maritza, Aleida, Blanca e Maria)
- Eu nunca (Fabiola)
- Trilha sonora (Margot, Dante, Anette e De’Andra)
- How to get away with murder (Laurel)
- Brooklyn nine-nine (Amy e Rosa)
- Generation (Ana e Greta)
- Jane, the virgin
Ugly Betty Good Trouble Pose Orange is the new black Eu nunca - Trilha sonora
- How to get away with murder
- Brooklyn nine-nine
Uma resposta em “Mês da herança latina: In the Heights e Gentefied”
[…] Laura no filme Logan). Nessa nova leitura das obras, Amir Wilson, Ruth Wilson, James McAvoy, Lin-Manuel Miranda, Andrew Scott, Anne-Marie Duff, Simone Kirby, Helen McCrory e muitos outros dão vida aos humanos e […]