A pesquisa em andamento analisa 20 filmes de ficção brasilienses, a partir do Cinema da Retomada, 1995, até 2018, com ênfase nos papéis de gênero, a fim de compreender como essas obras retratam as mulheres e os homens. Os resultados do projeto serão divulgados por meios de três artigos acadêmicos e em um site próprio de livre acesso, além de um documento com a pesquisa detalhada.
O estudo é intitulado “Investigação de representatividade das mulheres no cinema brasiliense” e foi contemplado no Edital do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) Audiovisual – n° 16/2018, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Governo do Distrito Federal. Natália Brandino é a idealizadora do projeto. Ela é membro do Coletivo Arte Aberta e da Kocria Audiovisual.
Para Natália Brandino:
“Dentro do esforço social e político para a criação de diretrizes inclusivas e diminuição do desequilíbrio entre gêneros, as obras audiovisuais devem sempre ter um destaque especial, pois não apenas refletem a sociedade, mas principalmente servem como ferramenta para educar e transformar concepções pré-estabelecidas arraigadas culturalmente”.
A análise – representação
A análise foi pensada a partir da aplicação de testes de representação de gênero no audiovisual, a saber: Bechdel, Mako Mori, Tauriel e Barnett. Porém, a pesquisa tomou corpo e desenvolveu-se. Com a orientação da professora Amalia Nebra, foi construído um questionário que contempla 78 perguntas que investigam os papéis e estereótipos de gênero desempenhados nos filmes.
A ideia é desvendar o “recado” do filme. Ele reforça os estereótipos de gênero, ou quebra com essas visões pré-estabelecidas? Quem são esses personagens – sejam mulheres ou homens? Que trabalhos desenvolvem, demonstram emoções, afeto? E por aí seguem as investigações. Cada filme está sendo analisado por, pelo menos, três pesquisadores.
O estudo tem como objetivo, além de analisar as representações dos papéis das mulheres e dos homens nos filmes, criar uma lista de perfis de mulheres brasilienses que se destacam no setor audiovisual, a partir da análise da ficha técnica e do elenco principal das obras selecionadas neste histórico. Assim, o projeto irá oferecer uma análise sobre as representações de gênero no cinema brasiliense e uma base de dados sobre as mulheres que atuam no setor.
Os filmes
A análise concentra-se no histórico de filmes de longa-metragem brasilienses do gênero de ficção, lançados no cinema, entre 1995 e 2018, com objetivo de fazer um recorte atual do cinema brasiliense pela ótica da representação dos papéis das mulheres e dos homens.
Vale ressaltar que nos 23 anos analisados, entre os 20 filmes brasilienses lançados em salas de cinema, apenas um foi dirigido por uma mulher: Um assalto de fé, de Cibele Amaral.
Os filmes em análise são:
2018 | A repartição do tempo | Santiago Dellape |
2018 | O colar de Coralina | Reginaldo Gontijo |
2016 | O outro lado do paraíso | André Ristum |
2016 | Uma loucura de mulher | Marcus Ligocki Júnior |
2015 | Até que a casa caia | Mauro Giuntini |
2015 | Branco sai preto fica | Adirley Queirós |
2015 | O último cine drive-in | Iberê Carvalho |
2014 | Uma dose violenta de qualquer coisa | Gustavo Galvão |
2013 | A última estação | Márcio Curi |
2013 | Cru | Jimi Figueiredo |
2013 | Nove crônicas para um coração aos berros | Gustavo Galvão |
2011 | Simples mortais | Mauro Giuntini |
2011 | Um assalto de fé | Cibele Amaral |
2010 | Federal | Erik de Castro |
2009 | Se nada mais der certo | José Eduardo Belmonte |
2006 | A conspiração do silêncio | Ronaldo Duque |
2005 | As vidas de Maria | Renato Barbieri |
2005 | Filhas do vento | Joel Zito Araújo |
1999 | No coração dos deuses | Geraldo Moraes |
1995 | Louco por cinema | André Luiz Oliveira |
Idealizadora da pesquisa
Natália Brandino é sócia e produtora executiva da empresa Kocria Audiovisual e faz parte do Arte Aberta. A origem desse projeto é o desdobramento da monografia desenvolvida por Natália como parte da pós-graduação em Cinema e Linguagem Audiovisual da Estácio Sá: “A mulher nos filmes nacionais”. Neste estudo, foi analisada a representatividade da mulher nos maiores sucessos de bilheteria de filmes brasileiros no período de 1995 e 2010. Esse mesmo estudo foi selecionado para compor a Revista Filme Cultura nº 63 – Mulheres, câmera e telas.
4 respostas em “Cinema brasiliense: representações de gênero nos filmes de ficção a partir da Retomada”
[…] também estamos envolvidos na pesquisa “Investigação de representatividade das mulheres no cinema brasiliense”, que foi selecionada […]
[…] das análises do Oscar durante esses quatro anos, também estamos desenvolvendo a pesquisa “Investigação de representatividade das mulheres no cinema brasiliense”, que analisa 20 filmes de ficção brasilienses, de 1995 até 2018, com ênfase nos papéis de […]
[…] Pesquisa Cinema Brasiliense: análise da representação e da representatividade de gênero no cinema brasiliense. O estudo já produziu dois artigos e está em fase final de produção de um relatório qualitativo. A pesquisa será divulgada em um site próprio com livre acesso. Responsável: Natalia Brandino […]
Olá!
O texto do projeto/pesquisa Cinema brasiliense: representações de gênero nos filmes de ficção a partir da Retomada foi publicado? Onde tenho acesso?
Grata!