Escrevo para mulheres, não só para aquelas personagens destinatárias das cartas. Escrevo para mulheres que podem se identificar com algumas das situações apresentadas. Escrevo e penso naquela personagem como uma amiga, e converso sem amarras, como se eu pudesse receber um retorno logo em seguida. Escrevo e assim espero abrir um diálogo sobre o audiovisual e suas representações. Escrevo Cartas para Elas.
O projeto Cartas para Elas começou a partir de uma grande vontade de conversar com Rosa, personagem interpretada por Maria Ribeiro no filme brasileiro Como nossos pais, dirigido por Laís Bodanzky. O filme e a carta são de 2017. O filme, que traz representação e representatividade das mulheres no cinema brasileiro tão fortes, impactou e gerou em mim essa vontade de construir uma nova possibilidade de crítica audiovisual.
Não queria falar objetivamente, assumi então uma subjetividade tão intensa quanto irreal. Dessa forma, posso entrar na ficção, fazer correlações entre personagens, apontar elogios e críticas a essas mulheres/amigas. Com as cartas, caminho ao lado da jornada de cada uma dessas mulheres. Trago elas não só para a minha vida, mas para a de quem quiser acompanhar essas missivas.
Lá em 2017, porém, as cartas não tinham frequência nem periodicidade. Na verdade, não entendia ainda esses textos como um projeto. Tudo porém foi se fortalecendo. As cartas trazendo cada vez mais intersecções entre interesses que já me acompanhavam há muito tempo, como audiovisual, feminismo, mulheres protagonistas e realizadoras, arquétipos femininos, filosofia e cinema de intimidade.
E por falar em intimidade, é isso que as cartas possibilitam: uma relação de intimidade com as personagens e suas obras. Pois escrever cartas, é escrever com afetividade, mas sem abandonar um estilo de escrita. Escrever cartas é uma possibilidade de diálogo, porém, construída na solidão, assim, aproxima-se também da escrita de um diário.
O Cartas para Elas então solidifica-se como um projeto, com os seus textos publicados no portal do Coletivo Arte Aberta, e ganha uma outra camada quando torna-se também um Podcast. É importante ressaltar, que isso tudo é pensado e construído dentro do Coletivo Arte Aberta, sendo assim uma construção conjunta.
Aqui, começamos a segunda temporada do Podcast Cartas para Elas. A ideia é trazer o debate mais próximo da publicação das cartas. Agora, a leitura das cartas precederão os episódios dos debates. As conversas continuam sendo guiadas por mim, Lina Távora, e pelo Rafael Maximiniano, que também apresenta o Podcast Tia Berta.
Sejam também destinatários compartilhados dessas cartas para personagens mulheres do audiovisual! Acompanhem o projeto Cartas para Elas.
