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Sem namoradinhos este ano | Especial de Natal

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À medida que o Natal aproxima-se, aumenta nossa vontade de entrar no clima de todas as formas possíveis: decoração, músicas, comidas típicas e, para os fãs do audiovisual, filmes temáticos!

Nessa época do ano chovem opções de filmes natalinos em destaque nas plataformas de streaming. E para ajudá-los a escolher algumas obras para ir entrando no clima do Natal, o Arte Aberta listou alguns filmes e séries relacionados com o feriado.

É fácil perceber que a maior parte das opções ofertadas para adultos é centrada em comédias românticas. Muitas delas repetem a velha fórmula da mulher que sofre em ter que ir a mais um Natal sem um namorado para apresentar à família e que, por algum milagre natalino, conhece seu grande amor durante as festividades. A temática não é muito distante de uma problemática da vida real. Quem nunca revirou os olhos ao ser bombardeado na ceia de Natal por tias e avós perguntando como está a vida amorosa e como andam “os namoradinhos”?

Muitas pessoas ainda encaram o relacionamento como um dos principais critérios para avaliação do sucesso na vida de alguém. E essa inspeção torna-se ainda mais evidente quando as famílias têm poucas oportunidades para se encontrarem ao longo do ano, sendo o Natal uma excelente oportunidade para se atualizar sobre as novidades na vida de todos.

Talvez pelo fato dessa dinâmica ser parecida em muitas famílias e essa ser uma questão que incomoda muitas pessoas, a temática seja tão recorrente em filmes natalinos. O efeito, no entanto, não é dos mais positivos. Com tantos filmes focados na procura por um namorado e cujo final feliz equivale a encontrá-lo, é reforçada a ideia de que apenas em um relacionamento a pessoa pode se considerar feliz e realizada.

No sentido contrário, listamos filmes relacionados ao Natal que têm como foco não o envolvimento amoroso, mas as relações entre mulheres, seu empoderamento, sua busca profissional, seu crescimento pessoal, dentre outras temáticas. Claro que em alguns deles existem romances (afinal, ninguém aqui é contra boas histórias de amor), mas esse não é o tema norteador das obras. São histórias de mulheres fortes, inteligentes, independentes, ambiciosas, talentosas e diversas, que vivem o Natal (e todo o restante do ano) sem se resumir ao papel de namoradas.

Natal em 3×4

A série espanhola é dividida em três episódios e narra o encontro de quatro irmãs ao longo de décadas, sempre na noite de Natal. No primeiro episódio, Esther, Adela, Maria e Valentina são crianças. Elas vivem em uma casa isolada, no meio de um bosque e longe de qualquer vizinho. Assustado com as consequências da guerra, o pai quis criar um local seguro onde as filhas pudessem crescer em segurança e longe das influências do mundo. Nesse local afastado, no dia de Natal, um evento muda a vida de todas, preparando as bases para o que acontecerá nos anos seguintes.

Décadas depois, já adultas, com suas próprias famílias, conflitos e traumas, as irmãs se reúnem para a ceia. Elas precisam encontrar uma forma de lidar umas com as outras e com o que esconderam por tanto tempo.

É interessante acompanhar a transformação das protagonistas ao longo de três fases de suas vidas e como cada uma lida com suas questões particulares. Com um bom ritmo, certa dose de humor e um pouco de acidez, a série trata de temas necessários. Mostra uma família em conflito que se sufoca entre tantos segredos e atritos mal resolvidos ao longo dos anos.

De forma não romantizada, a série mostra como essas irmãs são atropeladas pela vida e pelos problemas, como erram umas com as outras e com elas mesmas. Quatro irmãs muito diferentes e nada perfeitas, que muitas vezes não compreendem umas às outras, mas que se unem (da forma que dá) quando alguma delas precisa.

Sonhar e dançar – O Quebra Nozes de chocolate

Difícil pensar no Quebra Nozes sem associá-lo ao Natal. A peça foi composta por Tchaikovski em 1892 e até hoje é escolhida pela maioria das companhias de balé ao redor do mundo para ser apresentada no período natalino.

Há alguns anos, a premiada coreógrafa e atriz Debbie Allen montou uma adaptação dessa obra. No documentário Sonhar e dançar – O Quebra Nozes de chocolate, acompanhamos como funciona a montagem do espetáculo, desde as audições, até os árduos ensaios e finalmente as apresentações.

Através de sua companhia de dança, Debbie Allen Dance Academy (DADA), ela organiza todos os anos, em setembro, as audições para a peça que começará a ser apresentada em dezembro. São meses de trabalho duro, se conectando com jovens de 4 a 18 anos, ensinando não apenas a coreografia e a técnica, mas a beleza da dança e a responsabilidade para com o público e com os colegas.

No filme é possível acompanhar meses de treinamento e assistir a entrevistas com a própria Debbie Allen, com outros professores da escola, com alguns alunos e ex-alunos. Eles falam sobre sua relação com a dança, sua trajetória e sobre suas aspirações para o futuro.

Na DADA, cerca de 75% dos alunos têm bolsa. A intenção de sua fundadora é mostrar que o balé é possível para todos os corpos, todas as raças, todas as culturas e todas as realidades. Por esse motivo, suas salas de aula são repletas de dançarinos negros, latinos e asiáticos, com históricos muito diversificados.

A própria Debbie Allen, como uma jovem negra, teve dificuldade para conseguir o treinamento adequado. Mas conseguiu uma ótima oportunidade através de uma bolsa de estudos que deu uma alavancada em sua experiência. Agora famosa, reconhecida e premiada, ela tenta multiplicar essas oportunidades e tornar o universo do balé mais diverso.

Através do filme, vemos como se produz a magia do espetáculo e o tanto de trabalho que é necessário para criar o mundo do Quebra Nozes e da pequena Clara. Mais do que isso, vemos como, através da DADA, a peça de Natal mais famosa de todos os tempos pode gerar mudanças significativas no mundo artístico e na sociedade como um todo.

Noelle

Noelle Kringle é filha de ninguém mais, ninguém menos do que do Papai Noel. Ela cresceu no Polo Norte acompanhando os preparativos do Natal, a fabricação dos presentes, convivendo com as renas e se interessando e amando cada detalhe.

No entanto, ainda criança, recebeu a notícia de que nunca poderia exercer as atividades de Papai Noel pelo fato de ser menina. Esse cargo estava reservado para seu irmão mais velho, que nunca demonstrou interesse ou aptidão para o posto. Para ela estavam reservadas as ações de apoio, como animar a todos com cartões temáticos e motivar o irmão.

Durante anos ela se contentou com as coisas do jeito que foram impostas, mas uma crise de ansiedade do novo Papai Noel abala tudo. Após a morte do pai, seu irmão sofre com a pressão para garantir um Natal perfeito e resolve abandonar o cargo. Desaparece da noite para o dia, deixando o pequeno povoado desesperado com a possibilidade de não haver Natal.

Noelle então parte em uma viagem para trazer o irmão de volta e, no processo, aprende muito sobre o mundo e sobre si mesma, redescobrindo os significados do Natal.

O filme é bem juvenil e uma boa opção para assistir com toda a família. Narrativa simples, leve e que propõe uma discussão sobre gênero e distribuição de papéis.

Segredos de Natal

https://www.youtube.com/watch?v=9gYqq0jKcGA

A série alemã de 2019 mostra o reencontro de várias gerações de mulheres de uma mesma família no período do Natal. Eva está morrendo e sua filha e suas netas vão ao seu encontro, na casa isolada na beira do mar em que todas cresceram e onde viveram tantas experiências positivas e negativas. 

Com a vulnerabilidade da matriarca, as outras três precisam trabalhar as feridas que ficaram abertas e fechar ciclos repletos de pendências. Segredos antigos revelados por Eva abalam as desavenças, fazendo com que todas tenham que se unir para proteger a família.

Em idas e vindas através dos anos, o espectador acompanha como foi a experiência de cada uma delas naquela casa, durante a infância, adolescência, vida adulta e velhice, sempre perpassando o período do Natal.  Os homens são coadjuvantes ao longo das décadas, estando as mulheres e a casa sempre em evidência. Elas vivem relações extremamente conflituosas, cheias de rancor, abandono e desejo de aceitação.

Com a morte iminente de Eva, elas voltam ao local que marcou a vida de todas, de uma forma ou de outra. Para perdoar e para serem perdoadas, precisam revisitar acontecimentos do passado e assumir suas responsabilidades.

O feitiço do Natal

Abby é fotógrafa e sempre sonhou em ter seu próprio estúdio, onde poderia inovar, experimentar e fazer o tipo de fotografia que a motivou a escolher a profissão. No entanto, atropelada pelas exigências da vida adulta, Abby se encontra trabalhando com fotos 3×4 para documentos. Desmotivada, ela teme estar perdendo o encanto pela fotografia.

Contratada para trabalhar na vila de Natal tirando fotos das crianças no colo do Papai Noel, ela não está nada animada com o feriado. Tudo começa a mudar quando ganha de presente do avô um estranho calendário natalino.

A cada dia uma janela se abre, sempre de forma misteriosa à meia noite (nunca antes), revelando um pequeno objeto. Abby começa a perceber coincidências entre os objetos indicados pelo calendário e o que acontece naqueles dias. Assim, começa a acreditar que o presente é mágico e que, de alguma forma, está guiando seus passos.

Uma parte relevante da história é reservada para a relação entre a protagonista e seu melhor amigo, enquanto eles percebem que o que sentem um pelo outro talvez tenha mudado ao longo dos anos. Apesar disso, o foco do filme definitivamente não é o romance e sim a trajetória de Abby para se firmar como a profissional que deseja ser. É sobre uma jovem com talento e sonhos, que encontra obstáculos pelo caminho e teme se acomodar, sem realizar o que almejou. Com a ajuda do calendário, ela volta a se interessar pelo que acontece ao seu redor, prestando atenção nos detalhes e nas oportunidades que surgem.

É também um filme sobre amizade e companheirismo, muito mais do que sobre amor romântico. Uma obra leve, divertida e com um doce ar de sessão da tarde.

Por Luciana Rodrigues

É formada em Audiovisual e em Letras Português. Uma brasiliense meio cearense, taurina dos pés à cabeça, apaixonada pela UnB, por Jorge Amado e pelo universo infantil. Aprecia o cult e o clichê, gosta de Nelson Pereira dos Santos e também gosta de novela. E, apesar de muitos dizerem o contrário, acha que essa é uma ótima combinação.

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