Em 2016, Manohla Dargis, crítica de cinema do New York Times, sugeriu, em artigo sobre o festival de Sundance daquele ano, a criação do teste DuVernay como forma de refletir sobre a diversidade racial no festival. Também foi uma forma de protesto pelo fato do filme Selma: Uma Luta Pela Igualdade, da diretora Ava DuVernay, ter sido indicado somente nas categorias melhor filme e melhor canção no Oscar de 2015 (sendo premiado na última categoria com a canção original “Glory”).
O que o teste questiona
Para passar no teste DuVernay, o filme deve possuir personagens afro-americanas ou outras minorias raciais que tenham uma existência plenamente realizada em vez de aparecer apenas em apoio a histórias de brancos.
Outros cineastas acrescentam mais métricas ao teste:
1. Personagens complexas:
As histórias que passarem no teste devem apresentar pelo menos dois personagens não-brancos que não devem estar em um relacionamento romântico. Esses personagens devem ter vidas complexas em vez de existir apenas em relação aos personagens brancos.
2. Nomes:
Os personagens não-brancos devem ter nomes.
3. Diálogos:
Os personagens não-brancos devem possuir falas e suas conversas não devem ser sobre apoiar um personagem branco.
Filmes aprovados no Teste DuVernay
O artigo de Masterclass separou 4 filmes que passam no teste com as respectivas análises:
1. Pantera Negra (2018): Vários dos filmes dos Vingadores não passam no Teste DuVernay, mas Pantera Negra, um dos sucessos de maior bilheteria de todos os tempos, apresenta vários personagens negros fortes com vidas e relacionamentos ricos e variados.
2. Parasita (2019): Centra-se em uma família coreana que tenta lentamente assumir a vida de seus ricos empregadores.
3. Selma (2014): Se passa em 1965 e acompanha o ativismo de várias figuras-chave do movimento pelos direitos civis da época, incluindo as marchas históricas de Selma a Montgomery.
4. A Cor Púrpura (1985): Com roteiro baseado no romance de Alice Walker, A Cor Púrpura retrata a vida complexa e íntima de uma jovem negra que cresceu no início do século XX, além de apresentar vários amigos e familiares com suas próprias vidas plenamente realizadas.
Tribeca News, trouxe ainda uma lista com 5 filmes dirigidos por mulheres que passam no teste Bechdel e DuVernay. São eles: Filhas do Pó (1991), dirigido por Julie Dash, Amores divididos (1997), dirigido por Kasi Lemmons, Middle of Nowhere (2012), dirigido por Ava DuVernay, Pariah (2011), dirigido por Dee Rees e Garotas (2014), dirigido por Céline Sciamma.
Ava DuVernay
Ava DuVernay é uma diretora, roteirista, produtora e distribuidora negra estadunidense com histórico de romper as barreiras da representatividade. No Festival Sundance de Cinema, foi a primeira mulher afro-americana a ganhar o prêmio de melhor direção com oseu segundo longa Middle of Nowhere (2012). No Globo de Ouro, foi a primeira diretora negra a ser nomeada com seu filme Selma (2014). Também com Selma, foi a primeira diretora negra a ter um filme indicado a melhor filme no Oscar.
No seu currículo, há uma diversidade de obras produzidas, escritas e dirigidas, com curtas, videoclipes, filmes e séries para TV, longas de ficção e documentários. Na direção, destaque para as obras de ficção I Will Follow (2010), Middle of Nowhere (2012), Selma (2014) e Uma Dobra do Tempo (2018). Ela também dirigiu o documentário A 13ª Emenda (2016), o videoclipe Jay-Z feat. Beyoncé: Family Feud (2017) e os quatro primeiros episódios da série Olhos que Condenam (2019).
