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Elas no Oscar 2022: Duna | Teste Arte Aberta

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Duna, dirigido e roteirizado por Denis Villeneuve (a produção também teve roteiro de Jon Spaihts e Eric Roth), foi indicado em dez categorias no Oscar 2022: filme, roteiro adaptado, som, efeitos visuais, design de produção, música original, edição, maquiagem, figurino e fotografia. O filme é baseado no romance homônimo escrito por Frank Herbert.

No BAFTA Awards o filme ganhou nas seguintes categorias: fotografia, trilha sonora original, design de produção, efeitos especiais e som. No Critics’ Choice Awards ganhou nas categorias de design de produção, efeitos visuais e trilha sonora original.

O filme lançado em 2021 é apenas a primeira parte da história de Paul Atreides (Timothée Chalamet). Paul é o único filho do duque Leto Atreides (Oscar Isaac) e de Jessica (Rebecca Ferguson), portanto, é treinado para um dia liderar a casa Atreides no lugar de seu pai. Quando o imperador comanda a casa Atreides a governar Arrakis, o duque imediatamente prepara o exército e a família para a mudança.

Arrakis é conhecida pelo imenso deserto, mas também pela especiaria no ar que é passível de ser colhida e se tornou um recurso valioso e desejado – sem a especiaria é impossível fazer viagens interestelares. Com isso, o planeta de Arrakis vira alvo de especulação e os membros da casa Atreides precisam se firmar como governadores, mas também como diplomatas para que a relação com os nativos – os Fremen – não fique pior do que está.

Sinopse geral do filme

De acordo com a percepção do Arte Aberta evitando spoilers

A família Atreides, a pedido do Imperador, é a nova governadora do planeta de Arrakis. O objetivo é proteger e colher a especiaria – um recurso fundamental para todo o universo. Nessa narrativa épica de ficção científica, Paul Atreides precisa entender seu lugar no deserto dos Fremen.

A ótica de gênero, raça e LGBTQIA+/PcD 

Há personagens interessantes no filme, destaco dois: Dra. Liet Kynes (Sharon Duncan-Brewster) e Duncan Idaho (Jason Momoa). O destaque vai para eles por serem atores não brancos que possuem uma importância significativa na narrativa do filme e que possuem elementos que não estão necessariamente orbitando no personagem de Paul Atreides.

Não há representação LGBTQIA+ ou de pessoas com deficiência. A narrativa de ficção científica do filme foca em temas como colonização, meio ambiente, religião e poder imperialista. Entretanto, foca na figura de uma única pessoa predestinada a salvar a todos, “o escolhido”, o que dificulta enxergar os personagens como completos e bem construídos, já que tudo leva ao caminho seguido por Paul.

Jessica, por exemplo, é uma mãe que parece sofrer para equilibrar a maternidade com as Bene Gesserit – instituição religiosa composta por mulheres que servem de videntes e utilizam a voz como mecanismo de manipulação. É possível entender que Jessica não seguiu o que as Bene Gesserit a instruíram: ter apenas filhas e não ensinar Paul o caminho da voz. Isso mostra desobediência frente à religião, e também a força de vontade de Jessica em fazer do filho o escolhido.

Representatividade (gênero, raça e LGBTQIA+/PcD) na ficha técnica: Direção e Roteiro*

Baseado no F-Rated

A direção é de Denis Villeneuve que, segundo o site NNDB, é hétero, além de ser branco. Villeneuve divide o roteiro com Jon Spaihts e Eric Roth, que também são homens cis, brancos e héteros.

Dessa forma, a ficha técnica principal (direção e roteiro) é 100% composta por homens brancos cis héteros e sem deficiência.

Representatividade (gênero, raça e LGBTQIA+/PcD) no elenco principal*

Créditos iniciais/finais

Nos créditos finais temos 17 nomes: Timotheé Chalamet, Rebecca Ferguson, Oscar Isaac, Josh Brolin, Stellan Skarsgård, Dave Bautista, Sharon Duncan-Brewster, Stephen McKinley Henderson, Zendaya, Chang Chen, Charlotte Rampling, Jason Momoa, Javier Bardem, David Dastmalchian, Babs Olusanmokun, Golda Rosheuvel e Roger Yuan. 

Temos, portanto, apenas 29,41% de mulheres no elenco principal (Rebecca Ferguson, Sharon Duncan-Brewster, Zendaya, Charlotte Rampling e Golda Rosheuvel). Como somente a atriz Golda Rosheuvel declarou abertamente sua orientação sexual, temos apenas 5,88% de pessoas LGBTQIA+. Quanto à raça, temos 47,05% de atores não brancos no elenco: dois pardos (Stephen McKinley Henderson e Zendaya), três pretos (Sharon Duncan-Brewster, Babs Olusanmokun e Golda Rosheuvel), dois amarelos (Chang Chen e Roger Yuan) e um indígena (Jason Momoa).

É importante mencionar que, apesar da diversidade de atores e atrizes não brancos, os personagens não têm destaque na narrativa ou aparecem muito pouco. Chani (Zendaya), por exemplo, aparece diversas vezes em sonho para Paul Atreides e troca algumas poucas palavras com ele já no final do filme.

duna zendaya

Shadout Mapes (Golda Rosheuvel) é contratada para ser governanta no novo lar dos Atreides em Arrakis, mas logo é morta pelo exército inimigo.

Análise da Representação das Mulheres

Bechdel-Wallace

As mulheres têm nome? Se falam por mais de 60 segundos sobre outro assunto que não seja homens? 

Aprovado. 

O filme é aprovado por pouquíssimos diálogos entre Jessica e outras personagens. Jessica é a personagem feminina com mais tempo de diálogo, entretanto, a maioria é entre ela e Paul ou sobre Paul.

Mako-Mori 

Tem mulher? Tem arco dramático próprio? O arco dramático é apoiado na narrativa do homem? O arco dramático é apoiado na narrativa de um par romântico? 

Aprovado. 

A aprovação se deu apenas por conta da personagem Jessica. Por ter ido contra as orientações das Bene Gesserit sobre ter um filho e não filhas e ainda ter ensinado e treinado Paul no caminho, Jessica é confrontada por suas escolhas. Ela guarda segredos da família e possui muitos mistérios.

Apesar de seu arco dramático estar vinculado à preparação do “escolhido”, todas as escolhas e estratégias foram dela. Seu arco dramático está vinculado ao de Paul porque ela construiu sua história assim deliberadamente, com protagonismo e de forma ativa. Ela não é dependente do filho, pelo contrário. Sem ela, Paul não seria capaz de se tornar um vidente e, tampouco, ter sobrevivido ao ataque à casa Atreides, uma vez que a reverenda Mohiam (Charlotte Rampling) solicitou que Jessica não seja morta e, por extensão de ligação sanguínea, o filho dela.

Tauriel 

Houve mulher(es) com atividade profissional definida? Quão competentes são as mulheres em sua atividade profissional (1 a 5 , sendo  1 – muito incompetente e 5 – muito competente) Houve reconhecimento dessa competência?

Aprovado. Nota 4.

Duas mulheres contribuíram diretamente para a aprovação nesse teste: Jessica e Dra. Liet Kynes. Jessica demonstra constantemente sua habilidade na voz e, como treinou um homem no caminho, a reverenda Mohiam reconhece a experiência e eficácia do treinamento de Paul. Além de ser temida pelo exército de Harkonnen e reconhecida por Stilgar (Javier Bardem) como guerreira e mulher sobrenatural.

A Dra. Liet Kynes é reconhecida como ecologista com mais de 20 anos de experiência. É uma Fremen que conhece muito bem o deserto e é indicada pelo imperador para servir de juíza de transição durante a ambientação da casa Atreides em Arrakis. Ela é uma cientista e possui um laboratório com plantas e outros tipos de pesquisa – principalmente relacionadas à extração de água do deserto. 

A aprovação com nota 4 se deu pela possível morte da Dra. Liet Kynes, uma vez que é reconhecida como grande especialista do deserto – inclusive Paul a vê como uma mulher que consegue transitar em dois mundos diferentes – e mesmo assim não consegue escapar de ser golpeada pelo exército inimigo.

Representação dos Personagens

Como é a representação das personagens mulheres (escala de -1 a 3), sendo -1, estereótipos negativos;  0, não tem; 1, personagem de apoio ou com estereótipos; 2, personagens secundários ou com poucos estereótipos; 3, muito bem representada e personagem principal sem estereótipos

2 – Personagens secundários ou com poucos estereótipos.

Apesar de termos personagens mulheres interessantes, elas ainda são secundárias e possuem poucos diálogos. Entretanto, possuem poucos estereótipos, pois temos cientistas e guerreiras; e também mulheres focadas em sobrevivência, inteligentes e que nos deixam curiosas para saber mais nos próximos filmes.

Análise da Representação de Raça

Mako Mori

Tem personagem não branco? Tem arco dramático próprio? O arco dramático é apoiado na narrativa de um par romântico? 

Reprovado. 

Temos oito personagens não brancos, porém nenhum deles apresenta arco dramático próprio. Todos eles se apoiam, em alguma medida, na trajetória de Paul Atreides. O que é uma pena, pois temos personagens interessantes com objetivos próprios, mas que não são aprofundados.

Representação dos Personagens

Como é a representação dos personagens não brancos (escala de -1 a 3), sendo  -1, estereótipos negativos;  0, não tem; 1, personagem de apoio ou com estereótipos; 2, personagens secundários ou com poucos estereótipos; 3, muito bem representado e personagem principal sem estereótipos

2 – Personagens secundários ou com poucos estereótipos.

Apesar de personagens secundários, é possível observar objetivos e personalidades que se afastam de estereótipos ligados à raça. 

Análise da Representação LGBTQIA+

Mako Mori

Tem personagem LGBTQIA+? Tem arco dramático próprio? O arco dramático é apoiado na narrativa de um par romântico? 

Reprovado. 

Não há nenhum personagem LGBTQIA+ na narrativa.

Representação dos Personagens

Como é a representação dos personagens LGBTQIA+  (escala de -1 a 3), sendo -1, estereótipos negativos;  0, não tem; 1, personagem de apoio ou com estereótipos; 2, personagens secundários ou com poucos estereótipos; 3, muito bem representado e personagem principal sem estereótipos)

0 – Não tem.

Análise da Representação PcD (Pessoas com Deficiência)

Mako-Mori

Tem personagem PcD? Tem arco dramático próprio? O arco dramático é apoiado na narrativa de um par romântico? 

Reprovado.

Não há pessoas com deficiência no elenco principal. Há um membro do exército de Harkonnen que é surdo, mas é um personagem completamente secundário e apenas serve para dificultar o momento do sequestro de Jessica e Paul, já que ela não poderá usar a voz com ele.

Representação dos Personagens 

Como é a representação dos personagens PcD (escala de -1 a 3), sendo -1, estereótipos negativos;  0, não tem; 1, personagem de apoio ou com estereótipos; 2, personagens secundários ou com poucos estereótipos; 3, muito bem representado e personagem principal sem estereótipos)

0 – Não tem.

Resumo do Teste Arte Aberta

Representatividade

Representatividade (gênero, raça e LGBTQIA+/PcD) na ficha técnica (Direção e roteiro)

Representatividade (gênero, raça e LGBTQIA+/PcD) no elenco principal (Atores e atrizes)

Representação

Estrelas Arte Aberta: 1,3

Por Risla Miranda

Brilha os olhos quando fala de direitos humanos e se vê um dia programando games. Discutir numa mesa de bar acompanhada de uma cerveja bem lupulada é o paraíso. Criatividade vai desde meme a criar estratégias de ação de projetos. Curtindo o rolê de contar histórias através de dados.

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