Em tempos de isolamento social é muito importante não descuidar da nossa saúde mental. Uma estratégia muito utilizada para passar o tempo e controlar a ansiedade tem sido assistir a obras audiovisuais nas plataformas de streaming. Afinal, nada melhor do que entrar em outras realidades e acompanhar outras histórias para se afastar um pouquinho do noticiário e das informações tão tristes que temos recebido diariamente.
Ainda assim, não é qualquer obra que atinge o resultado esperado. É possível procurar um filme para se distrair de um problema e acabar assistindo algo tenso, que traz à tona outros tantos sentimentos negativos. Ainda mais em um momento tão delicado emocionalmente, em que é compreensível estar mais sensível.
Pensando nisso, o Arte Aberta preparou uma lista com algumas opções de filmes para serem maratonados na quarentena. Isso não significa que todos eles sejam 100% felizes e sem nenhuma dificuldade. Afinal, a vida também não é assim. É possível passar por adversidades e contar histórias de superação, de amizade e de empatia. Levando tudo isso em conta, tentamos organizar uma lista variada, com obras majoritariamente leves, que sejam boas opções para distrair, ensinar e/ou fazer refletir.
Sendo assim, as indicações abaixo englobam comédias, dramas, romances, estilo sessão da tarde e muito mais. Todos de diretoras mulheres e com protagonistas femininas! Então avalie o que está precisando hoje, o que vai te fazer bem, e comece a maratona. Esperamos que sejam bons entretenimentos para você e que em breve possamos sair dessa situação mais fortes do que antes.
Mãe e muito mais (Diretora: Cindy Chupack)
Uma boa escolha para quem está procurando filmes sobre amizade. Carol, Gillian e Helen se aproximaram por causa de seus filhos e estão na vida uma da outra há décadas. Estiveram juntas em aniversários, formaturas, viagens e enterros. Agora se reúnem para mais uma data especial: o dia das mães. A diferença é que, com seus filhos crescidos e independentes, elas se sentem preteridas por eles.
Esquecidas em uma data tão especial, elas resolvem fazer uma viagem para Nova York para confrontar seus filhos e exigir que as tratem com mais consideração. Cada uma segue uma jornada diferente com seu filho, precisando trabalhar aspectos diversos de suas relações. O que não muda é que estão sempre apoiando uma à outra.
E apesar da maternidade ser uma questão importante no filme, seu maior destaque é a relação entre as três. Imagine uma viagem de melhores amigas para Nova York, passando por aventuras, baladas e descobertas!
A procura pelos filhos acaba se tornando uma procura por elas mesmas e pode ter resultados muito interessantes. Sem falar, é claro, no elenco maravilhoso que protagoniza o filme! Angela Bassett, Patricia Arquette e Felicity Huffman: que trio!
O outro pai (Diretora: Gabriela Tagliavini)
Este filme tem como protagonistas quatro irmãs muito diferentes, que vivem afastadas e precisam se reencontrar em ocasião do falecimento da mãe. Na leitura do testamento, elas descobrem algo surpreendente. A mãe preparou uma pequena aventura para que elas tenham que passar mais tempo juntas e assim poderem se conhecer um pouco melhor e aprender a respeitar uma à outra.
O filme é espanhol, então se procura obras em outros idiomas para variar um pouquinho do inglês, pode ser uma boa pedida. E por falar em cinema espanhol, você conhece Rossy de Palma, musa de vários filmes de Almodóvar? Pode encontrá-la em O outro pai.
Além dela, uma das irmãs do filme é vivida pela atriz Blanca Suaréz, a protagonista da série Las Chicas del Cable (As telefonistas), e outra é vivida por Belén Cuesta, que atuou na quarta temporada de La casa de papel. Caso sinta saudade das personagens, pode revê-las neste filme.
Viver duas vezes (Diretora: Maria Ripoli)
O filme também é espanhol e apesar de ser majoritariamente uma comédia, trabalha temas delicados e possui cenas tristes, especialmente para famílias que se identifiquem com a situação vivida.
Emilio é um professor universitário de matemática aposentado e sofre ao ser diagnosticado com Alzheimer. Acostumado a ser independente e afastado da família, ele vê tudo mudar quando passa a depender dos cuidados da filha. Entretanto, essas mudanças têm alguns pontos positivos, e uma família anteriormente fragmentada tem a oportunidade de se aproximar.
Especial destaque para a relação entre Emilio e sua neta, Blanca, uma menina sagaz e muito esperta. E para a filha de Emilio, Julia, que se vê sobrecarregada e sem saber direito como agir. Ela é uma mulher forte, chefe de família, que tem dificuldades para se relacionar tanto com a filha quanto com o pai, mas que se desdobra para gerenciar toda a situação. As três gerações são encantadoras e funcionam muito bem juntas.
Apesar de tratar de temas tristes, o filme o faz de forma delicada, leve e com muito humor.
Minha história (Diretora: Nadia Hallgren)
No final de 2018, Michelle Obama lançou sua biografia, intitulada Minha história, que bateu recordes de venda. Durante a turnê de lançamento do livro foi realizado um documentário de mesmo nome, disponível agora na Netflix, que mostra os bastidores das viagens para divulgação da obra e alguns momentos únicos em que a ex primeira dama conversa com o público e com sua equipe.
À medida em que fala para públicos imensos, em estágios lotados, Michelle compartilha algumas das histórias presentes no livro e outras tantas reflexões sobre seu período na Casa Branca, sobre os anos que o antecederam e sobre seus projetos para o futuro. É interessante perceber que Barack Obama, apesar de obviamente estar presente em algumas histórias e momentos, não é o centro das conversas nem do filme.
Acompanhamos a trajetória e os pensamentos de Michelle. Tanto sobre seu relacionamento e sobre a força para manter sua individualidade em meio ao intenso processo de ser companheira de um dos homens mais poderosos do mundo (o que, convenhamos, não deve ser fácil), quanto sobre questões individuais, como sonhos, projetos, medos, opiniões sobre política, raça, maternidade e muito mais.
Em paralelo ao lançamento do livro, ela se reúne com jovens estudantes das mais diversas idades para conversar sobre empoderamento. São ótimas oportunidades para conhecer um pouco as histórias dessas crianças e adolescentes e ouvir suas perguntas e posicionamentos. Como a mãe de Michelle fala:
“Michelle e Barack Obama não são especiais. Tem milhões de Michelles e Baracks Obama pelo mundo”.
Ela sabe disso e tenta aproveitar a posição que alcançou e as plataformas que tem em mãos para conversar com esses tantos outros jovens e ter algum tipo de impacto.
Caso goste de documentário e se interesse por saber um pouquinho mais sobre a trajetória dos Obama, com um foco especial na ex Primeira Dama, essa é uma ótima opção. Cabe destacar que não é necessário ter lido o livro para assistir ao documentário, são obras completamente independentes, contando apenas com algumas menções a trechos da biografia.
A livraria (Diretora: Isabel Coixet)
O filme é baseado no livro The bookshop, de Penelope Fitzgerald. A história se passa na Inglaterra, em 1959, quando uma viúva decide abrir uma livraria na pequena cidade litorânea em que vive. Florence Green desafia todos que a aconselham a desistir do plano, e persevera para criar um espaço acolhedor e dedicado à literatura.
Apesar de angariar poderosos inimigos contrariados com seu negócio e contando com a ajuda apenas de uma criança inteligente e esforçada como ajudante, Florence cuida com carinho de sua livraria. No processo, faz amizade com um estranho morador local, que nunca sai de sua casa e que odeia pessoas na mesma intensidade em que ama livros.
Um bom filme para quem gosta de obras mais intimistas, com ritmo lento e belos cenários. A livraria concorreu ao Goya (importante premiação do cinema espanhol) em 11 categorias, tendo sido premiado por Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado.
Meu eterno talvez (Diretora: Nahnatchka Khan)
Essa comédia romântica traz ingredientes clássicos: melhores amigos de infância que cresceram unidos, se conhecendo profundamente e que precisaram se afastar. Tornaram a se reencontrar apenas anos depois, quando ambos possuem vidas completamente diferentes e precisam relembrar quem são e o quanto se importam um com o outro.
Sasha e Marcus são vizinhos desde sempre e passaram a infância e a adolescência juntos em San Francisco. Afastados durante mais de uma década, eles voltam a se reencontrar quando Sasha, uma chef de gastronomia famosa e muito bem sucedida, retorna à sua cidade natal para abrir um restaurante. Eles então encaram uma situação de extrema familiaridade mesclada com as diferenças desenvolvidas ao longo do tempo. São antigos melhores amigos que precisam se conhecer novamente e decidir como se sentem em relação ao outro.
É um filme leve, que fala sobre amizade, romance e ambição profissional. Além de se re-encontrarem, Sasha e Marcus precisam olhar para si mesmos e encarar o que construíram ao longo dos anos. Uma boa pedida para o combo sofá e pipoca.
O plano imperfeito (Diretora: Claire Scanlon)
Mais uma comédia romântica com cara de Sessão da Tarde (que eu, particularmente, adoro). Charlie e Harper trabalham como assistentes para pessoas que não conhecem a palavra “limite”. Seus chefes são autoritários e implacáveis, fazendo com que ambos vivam no escritório, sem tempo livre, sem boas noites de sono e sem o devido reconhecimento.
Para conseguir um pouco de folga, eles decidem bancar os cupidos e controlam toda a situação para fazer com que seus chefes se apaixonem. Claro que nem tudo sai como o esperado, especialmente em relação a eles próprios.
A obra é agradável e divertida, boa para se distrair e acompanhar um romance juvenil. Ótima também para matar as saudades da Lucy Liu!
Um senhor estagiário (Diretora: Nancy Meyers)
Ben Whittaker está aposentado, mas ainda sente muita vontade de se manter ativo. Por isso, se inscreve em um processo seletivo para estagiários seniores e vai trabalhar em uma empresa descolada de venda de roupas pela internet. Lá, ele trabalha diretamente com a fundadora da marca, Jules Ostin, e ambos têm a oportunidade de aprender um com o outro.
É uma bonita história de amizade e de respeito entre as diferentes gerações. Um filme leve, divertido e com grande elenco (com Robert De Niro e Anne Hathaway nos papéis principais).
Batalhas (Diretora: Katarina Launing)
Se você curte filmes de dança, tem opção para você também! Amalie vive na Noruega com o pai em uma área nobre, uma casa enorme e com uma situação financeira bem confortável. Ela estuda balé em uma prestigiada academia de dança e ocupa seus dias velejando, planejando festas e aproveitando a piscina com os amigos.
De um dia para o outro, sua vida vira de cabeça para baixo quando o pai perde todo o dinheiro e a família tem que desocupar a casa em que vive. A contra gosto, ela se muda para um bairro da periferia e tem que adaptar toda a sua rotina. Decidida a não abandonar os treinos de balé, ela procura um estúdio de dança nas redondezas.
Lá conhece um grupo de jovens que treina hip hop e participa de batalhas de dança. Eles apresentam a Amelie uma nova maneira de pensar e encarar a dança. Encantada com o que descobre, mas ainda apegada à vida anterior, ela tenta manter os dois “mundos”, mas tem dificuldade em mantê-los separados um do outro.
Uma resposta em “Para ficar legal na quarentena: “feel good movies” dirigidos por mulheres”
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