Categorias
Críticas

O que as mulheres gritam na pandemia? | Silêncio, de Bruna Carolli

Compartilhe!
Silêncio, de Bruna Carolli

Em três minutos, Bruna Carolli conta a história de muitas mulheres durante esses difíceis meses de pandemia. Mulheres com suas dores e seus medos calados, até que chega a noite. Então, é hora de pensar sobre si, de analisar a vida que se tem, lembrar dos filhos e sentir saudade da mãe. É de noite, quando o resto do mundo se cala, que essa mulher, que representa tantas, resolve falar, mesmo sem interlocutor, sobre os riscos que corre todos os dias: de um vírus, da violência do marido, das dificuldades financeiras. 

As cenas, em close up, nos mostram essa mulher como se pudéssemos tocá-la, como se ela precisasse desse tato tão escasso em seus dias, que quando vem, não agrada, é violento. Os tons de azul e preto são iluminados pelo cigarro, pela luz acesa em outro cômodo ou pela vela da santa, que recebe a prece com a esperança da compaixão pela compreensão de também ser mulher. Mas essa mulher na tela está no escuro – ela e sua solidão. Mesmo assim, ela ainda tem vontade de ser luz. 

Silêncio, que tem direção, roteiro e montagem da brasiliense Bruna Carolli, recebeu o prêmio de Melhor Curta de Arte do Júri Popular no Festival de Curtas de Mulheres no Cinema. Agora, o filme está concorrendo ao Festival Internacional de Malhaar, na Índia, e ao Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, na Espanha.

O curta nasce a partir de depoimentos anônimos de mulheres, reunidos entre março e maio de 2020, sobre suas histórias no cenário atual de pandemia.

Por Lina Távora

É uma cearense que mora em Brasília, jornalista fora da redação, mestre em comunicação/cinema, feminista em construção, mãe com todo o coração e tem no audiovisual uma paixão constante e uma fé no seu impacto para uma mudança positiva na sociedade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *