A cada início de episódio, mães se reúnem em um grupo pré-escolar (requisito para entrar nas melhores escolas do Canadá). Conduzidas por Val Szalinsky (Sarah McVie) para debater as “maravilhas” da maternidade, as mães do grupo mostram-se, desde o início, muito mais complexas do que a única camada esperada culturalmente da mulher ao se tornar mãe. Ali as mulheres/mães não abandonam ou colocam nas sombras os seus interesses e as suas esquisitices pessoais.
O grupo de “Mamães e Eu” é o que conecta as personagens desse seriado. Após cada encontro, elas seguem a sua vida, mostrando aos espectadores diferentes camadas e jeitos de ser mulher e de ser mãe.
Temos como protagonistas, em diferentes temporadas, além de Val, Kate Foster (Catherine Reitman), Anne Carlson (Dani Kind), Frankie Coyne (Juno Rinaldi), Jenny Matthews (Jessalyn Wanlim) e Sloane Mitchell (Enuka Okuma). Dentre elas, mais tempo de tela é reservado às interações entre as amigas de longas datas Kate e Anne.
No início da série, assistimos Kate voltando ao trabalho após a licença maternidade de seu primeiro filho. Ela é relações públicas de uma grande empresa. Há anos, vem subindo os degraus na empresa e não está interessada em abrir mão de suas ambições agora que é mãe. A história de Kate é a da luta pela possibilidade de uma mãe trabalhadora não ser punida por valorizar a sua carreira!
Já Anne assume o animus em sua casa. O animus, para a psicologia junguiana, é a energia masculina interna. Quando a natureza do nosso animus está saudável, ela ajuda a mulher a realizar coisas, pois é uma energia agressiva, característica muitas vezes suprimida culturalmente da mulher contemporânea. Essa agressividade e força de ação é tão forte em Anne que, às vezes, perde o equilíbrio. Ela, porém, continua, assim como as outras mães do seriado, fazendo malabarismos e dando o seu melhor em ser quem ela é e ainda ser mãe e profissional.
A série é super engraçada, mas também mergulhamos em altos e baixos com essas mães que obviamente não dão conta de ter TUDO. Afinal, isso é um conto de fadas contado apenas para deixar as mulheres culpadas ou exaustas – ou os dois.
Uma outra mãe, Frankie, nos mostra com franqueza a depressão pós-parto. Em uma das reuniões do grupo ela fala que pode estar com uma gotinha de depressão pós-parto. O eufemismo da “gotinha” tenta esconder a real gravidade do problema e na verdade apresenta o estigma de estar com problemas de saúde mental. Frankie chega a falar que imagina-se passar por um acidente e ficar em coma para ter umas férias.
Catherine Reitman, que interpreta Kate Foster, é a criadora do seriado. Reitman formou uma equipe de roteiristas mulheres para a série. Ela também determinou que cada nova temporada de Supermães tenha pelo menos um episódio dirigido por uma diretora em ascensão. A série canadende estreou em 2017 e está disponível na Netflix Brasil.
Mães ou não, vale a pena assistir à série pelas mulheres protagonistas, pela comédia e pelos dramas e situações esquisitas que uma hora ou outra vivenciamos.