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Elas fora do Oscar | 10 filmes dirigidos por mulheres que poderiam ter entrado no Oscar

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Mais um Oscar chega sem a representação esperada de mulheres – principalmente das mulheres negras. Já falamos aqui sobre as mulheres negras indicadas na história do Oscar.

Neste ano, mais uma vez, não há nenhuma referência a um filme dirigido por mulheres nas categorias principais – Melhor Filme e Melhor Direção. Ao longo da história do Oscar, apenas cinco mulheres foram INDICADAS na categoria de Melhor Direção:

1) Lina Wertmüller, em 1977, por Pasqualino Sete Belezas;

2) Jane Campion, em 1993, por O piano;

3) Sofia Coppola, em 2004, por Encontros e desencontros;

4) Kathryn Bigelow, em 2010, por Guerra ao Terror; e

5) Greta Gerwig, em 2018, por Lady Bird.

Dessas, todas brancas, apenas Kathryn Bigelow foi vencedora – em nove décadas de premiação! Guerra ao Terror recebeu 6 prêmios: Melhor Direção, Filme, Roteiro Original, Mixagem de Som, Montagem e Edição de Som.

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De acordo com The Wrap, na categoria de Melhor Filme, apenas 13 filmes indicados apresentaram mulheres na direção:

1) Filhos do silêncio, de Randa Haines;

2) Tempo de despertar, de Penny Marshall;

3) O príncipe das marés, de Barbra Streisand;

4) O piano, de Jane Campion – também indicado a Melhor Direção;

5) Encontros e desencontros, de Sofia Coppola – também indicado a Melhor Direção;

6) Pequena Miss Sunshine, de Jonathan Dayton e Valerie Faris;

7) Guerra ao terror, de Kathryn Bigelow  – também indicado a Melhor Direção;

8) Educação, de Lone Scherfig;

9) Minhas mães e meu pai, de Lisa Cholodenko;

10) Inverno da alma, de Debra Granik;

11) A hora mais escura, de  Kathryn Bigelow;

12) Selma, de Ava DuVernay; e

13) Lady Bird: a hora de voar, de Greta Gerwig – também indicado a Melhor Direção.

Em 2015, Selma, de Ava DuVernay, foi indicado para a categoria de Melhor Filme, mas a cineasta não foi indicada para Melhor Direção – o que gerou uma grande surpresa e decepção. E mesmo assim, marcou a história como a primeira cineasta negra a ter seu filme indicado naquela categoria. O filme ganhou o Oscar de Melhor Canção Original – Glory.

Selma traz a narrativa de uma das marchas de Martin Luther King Jr. pelos direitos civis dos cidadãos negros nos Estados Unidos durante a década de 1960. Em 2017, o seu 13ª Emenda foi indicado para Melhor Filme Documentário. Ava DuVernay é um exemplo de cineasta recheada de marcos e “primeiras vezes”, mas que não chega perto de receber o reconhecimento merecido. Ainda mais no Oscar.

Uma velha e ultrapassada desculpa, mas que ainda é falada, é que NÃO EXISTEM obras dirigidas por mulheres que mereçam a indicação. Algumas evidências que provam o contrário:

O IndieWire indicou 21 filmes “completamente ignorados” pelo Oscar deste ano. Desses filmes, 5 são dirigidos por mulheres. Sabe o que mais? Todas essas obras têm suas diretoras na função também de roteiristas! Um dado que mostra que a “epidemia da invisibilidade” na indústria audiovisual é principalmente para aquelas funções que determinam a narrativa e o olhar das obras.

  1. Mais uma chance, escrito e dirigido por Tamara Jenkins

Um casal de dramaturgos, em seus 40 e tantos anos, estão numa jornada árdua e frustrada para serem pais – entre muitas tentativas de inseminação e adoção. Com Kathryn Hahn e Paul Giamatti, o filme, original Netflix, é escrito e dirigido por Tamara Jenkins. A diretora também é responsável pelos longas A família Savage (2007) e O outro lado de Beverly Hills (1998); além de ter sido roteirista do filme Juliet, Nua e Crua (2018).

  1. Domando o destino, escrito e dirigido por Chloé Zhao

A frustração e a angústia passam a fazer parte da rotina de Brady quando ele se vê impedido de montar a cavalo após sofrer um grave acidente em um rodeio. Pouco a pouco, o cowboy aprende a domar sua impaciência e a tirar maior proveito dessa experiência, refletindo sobre sua identidade e a cultura local. Chloé Zhao dirigiu também o longa Songs my brothers taught me (2015).

  1. Você nunca esteve realmente aqui, escrito e dirigido por Lynne Ramsay

Um veterano de guerra ganha a vida resgatando mulheres presas em cativeiros, trabalhando como escravas sexuais. Após uma missão mal sucedida em um bordel de Manhattan, a opinião pública se volta contra ele e uma onda de violência se abate na região. Lynne Ramsay é diretora também dos longas O lixo e o sonho (1999), Morvern Callar (2002) e Precisamos falar sobre o Kevin (2011).

  1. Madeline’s Madeline, escrito e dirigido por Josephine Decker

Madeline consegue o papel em uma peça teatral, viverá a protagonista. O problema é que a personagem principal usa um suéter como o de Madeline, tem um gato como o de Madeline e segura uma barra de ferro fumegante ao lado do rosto de sua mãe, como Madeline. Josephine Decker dirigiu Butter on the latch (2013).

  1. Não deixe rastros, escrito e dirigido por Debra Granik

Um pai e sua filha de 13 anos levam uma vida paradisíaca no enorme Forest Park, uma vasta floresta nos arredores de Portland, Oregon, até que um pequeno erro atrapalha suas vidas para sempre. Debra Granik dirigiu os longas Down to the bone (2004) e Inverno da alma (2010).

Podemos adicionar à lista outras opções, também apontadas pela Variety, como esquecidas pela Academia:

  1. Poderia me perdoar?, de Marielle Heller

Passando por problemas financeiros, a jornalista Lee Israel decide forjar e vender cartas de personalidades já falecidas. Quando as primeiras suspeitas começam, para não parar de lucrar, ela modifica o esquema e passa a roubar os textos originais de arquivos e bibliotecas. Baseado em uma história real. Marielle Heller dirigiu também o longa O diário de uma adolescente (2015).

  1. O peso do passado, de Karyn Kusama

Erin Bell (Nicole Kidman) é uma detetive da polícia que aceita participar de um plano arriscado, infiltrando-se entre bandidos para obter informações. A estratégia dá errado, gerando uma tragédia que marca a sua vida para sempre. Anos mais tarde, ela re-encontra pistas da gangue de antigamente e volta a perseguir os responsáveis por seu drama pessoal. Karyn Kusama dirigiu também os longas Boa de briga (2000), Aeon Flux (2005), Garota infernal (2009) e O convite (2015).

  1. Suprema, de Mimi Leder

A história de Ruth Bader Ginsburg (Felicity Jones), uma juíza da Suprema Corte americana. Ginsberg foi nomeada para o Supremo Tribunal em 1993 pelo presidente Bill Clinton, sendo a segunda juiza mulher, depois de Sandra Day O’Connor. Mimi Leder também dirigiu os longas O pacificador (1997), Impacto profundo (1998), Corrente do bem (2000) e Jogo entre ladrões (2009).

  1. Duas rainhas, de Josie Rourke

Mary (Saoirse Ronan), ainda criança, foi prometida ao filho mais velho do rei Henrique II, Francis, e então foi levada para a França. Mas logo Francis morre e Mary volta para a Escócia, na tentativa de derrubar sua prima Elizabeth I (Margot Robbie), a Rainha da Inglaterra. Duas rainhas é o primeiro longa de Josie Rourke na direção.

Para fechar 10 opções, além destes filmes, em artigo para Variety, a pesquisadora Martha M. Lauzen, cita também:

  1. Zama, de Lucrecia Martel

Zama, um oficial da coroa Espanhola, nascido na América do Sul, aguarda por uma carta do rei outorgando-lhe a transferência da cidade em que se encontra estagnado para um lugar melhor. Sua situação é delicada. Ele deve garantir que nada ofusque sua transferência. Zama é forçado a aceitar, submisso, cada tarefa a ele encomendada pelos sucessivos governadores que vão e que vêm enquanto é deixado para trás. Lucrecia Martel dirigiu ainda O pântano (2001), A menina santa (2004), A mulher sem cabeça (2008).

Por Lina Távora

É uma cearense que mora em Brasília, jornalista fora da redação, mestre em comunicação/cinema, feminista em construção, mãe com todo o coração e tem no audiovisual uma paixão constante e uma fé no seu impacto para uma mudança positiva na sociedade.

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